15 de outubro de 2024

Menino Davi, que teve braço reimplantado após acidente de ônibus, tem alta médica no Rio: ‘Um dia de cada vez’, diz mãe

A ação rápida do motoboy que encontrou o braço do garoto possibilitou cirurgia. Cirurgião que fez procedimento em Davi, de 8 anos, afirma que demora ‘poderia colocar criança em risco’. Menino Davi tem alta no Rio
Reprodução/TV Globo
O menino Davi Geovane Guimarães, de 8 anos, que teve o braço reimplantado após um acidente de ônibus na Zona Norte do Rio, teve alta médica nesta segunda-feira (14).
Davi tinha perdido o membro depois de um ônibus da linha 476 tombar em São Cristóvão, no início do mês passado. O bracinho foi encontrado pelo motoboy Diego Mendes, que minutos antes tinha socorrido o garoto para o hospital e voltou para o local para procurar a cachorrinha da família.
Mais de um mês depois, o look que Davi escolheu para voltar para casa foi uma blusa de time e um boné de super herói. A primeira coisa que ele quer fazer é brincar com a Pandora, a cachorrinha que ele pediu que o motoboy buscasse.
“Se tem uma coisa que eu aprendi, é que é um dia de cada vez. A felicidade não cabe no coração, é uma gratidão para o resto da vida”, diz a mãe Aparecida.
Davi vai precisar de mais uma cirurgia para recuperar os movimentos da mão e vai fazer terapia por um longo período.
Rapidez de motoboy possibilitou cirurgia, diz médico
O mototaxista Diego Mendes, que salvou o menino Davi após um acidente de ônibus
Reprodução/TV Globo
O cirurgião plástico que reimplantou o braço destaca que a rapidez com que o mototaxista Diego Mendes encontrou o membro e o levou para o hospital foi crucial para a possibilidade da cirurgia, que durou cinco horas.
“Se tivesse demorado um pouquinho mais, demorado um pouquinho mais, infelizmente, seria inviável. Uma cirurgia dessa poderia colocar a criança em risco”, afirma o médico Rudolf Nunes Köbig.
A cirurgia também contou com dois ortopedistas e foi considerada um sucesso, segundo boletim médico divulgado pelo Hospital Quinta D’Or.
O principal desafio era reconstituir os vasos sanguíneos. Os médicos usaram um microscópio que aumenta em até 40 vezes a área afetada.
O cirurgião plástico Rudolf Nunes Köbig
Reprodução/TV Globo
“Em termos de membro superior, ele tem um ombro preservado. A gente vai restabelecer a movimentação do cotovelo. E uma coisa mais crítica seria a recuperação dos movimentos da mão, porque ele depende da capacidade de regeneração dos nervos”, explica o médico.
“Eu pensei nas minhas filhas. Eu vi aquela criança no meio da confusão e na hora eu só pensei: ‘Eu tenho que salvar essa criança!’ Depois, única coisa que passou pela minha cabeça era voltar para levar o bracinho dele, porque eu sabia que tinha uma chance de implantar o bracinho dele de volta”, destacou Diego.
Força-tarefa para socorrer vítimas
Pessoas que estavam nas imediações do tombamento montaram uma força-tarefa para socorrer os feridos. Jovens da Assembleia de Deus de São Cristóvão, Ministério de Madureira, que faziam um encontro em uma igreja ao lado do acidente, ajudaram a salvar as vítimas.
O autônomo Samuel Oliveira da Silva lembrou que foi ele que retirou o braço do menino de dentro do ônibus.
Davi Giovanni Guimarães, de 8 anos, que teve braço decepado em acidente de ônibus
Arquivo pessoal
“(Quando) O acidente aconteceu eu estava saindo. O pessoal gritando, e vi o ônibus caído. E quando eu cheguei lá eu vi o Davizinho ali (do lado de fora do ônibus). Aquela cena me chocou muito, de ver ele sem o bracinho. Foi quando eu entrei no ônibus, e a gente achou o braço dele”, lembrou.
A comerciante Patrícia Santos de Brito foi a responsável por guardar o membro da criança até que ele fosse encaminhado para o hospital. Ela conta que não foi um ato heroico, e sim empatia.
Ônibus tomba em descida de viaduto e deixa um morto e 25 feridos na Zona Norte do Rio
Josué Luz / TV Globo
“A gente pegou o saco de gelo, colocamos dentro e entregamos o braço do Davi para os bombeiros. Não foi heroico. É o ser humano querer ajudar o outro. Eu acho que a gente tem que ter mais empatia pelo próximo. As pessoas estão muito agressivas, as pessoas têm que ajudar o próximo”, conta Patrícia.

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