15 de outubro de 2024

Guaxe faz ninhos na ponta dos galhos para se proteger de predadores

As fêmeas são responsáveis pela construção da colônia, onde existe uma hierarquia. A plumagem do guaxe é quase totalmente negra. A íris é azul. O bico é longo, reto e amarelo.
Ricardo Custódio/TG
Em uma palmeira de macaúba isolada em um pasto na zona rural do município de Conchal, no interior de São Paulo, a equipe do Terra da Gente flagrou um “condomínio” de ninhos, construído pelo guaxe (Cacicus haemorrhous).
“Desde que comprei a propriedade há sete anos eles aparecem aqui. Na época do inverno, fica tudo parado, quando começa a primavera, já tem movimentação, eles aparecem para fazer tudo novamente”, explica o produtor rural Anderson Vicensotti.
Produtor rural Anderson que recebe a visita dos guaxes todo ano
Ricardo Custódio/TG
Essas “sacolinhas” penduradas são construídas estrategicamente na ponta dos galhos para proteger os filhotes. “É uma forma para aumentar a segurança do ninho. Nesses locais, fica mais difícil o acesso de alguns predadores, como por exemplo, as cobras. Outra estratégia para garantir proteção é a construção da colônia, são vários ninhos na mesma árvore”, explica o biólogo do Terra da Gente Luciano Lima.
Hierarquia na disposição dos ninhos
Os ninhos ficam praticamente por um “fio”, mas quando são novos resistem a ventos e chuvas; balançam, mas não caem.
São construídos somente pelas fêmeas, que tecem cuidadosamente com gravetos e vegetais essas “bolsinhas”, que variam entre 40 a 70 centímetros de comprimento.
Ninhos da espécie ficam pendurados
Ricardo Custódio/TG
Existe uma hierarquia no grupo, as fêmeas dominantes constroem os ninhos em galhos bem protegidos, enquanto as mais novas fazem em locais mais vulneráveis. Essas construções geralmente são feitas em palmeiras que ficam localizadas próximas as matas, na beira de rios ou em árvores altas no meio das florestas, onde a fêmea bota de dois a três ovos por vez.
A “mamãe” guaxe tem mais uma estratégia curiosa para enganar os predadores, ela constrói diversas estruturas na árvore, mas coloca os ovos somente em uma.
Arquitetos e cantores
Os nomes populares se multiplicam Brasil afora: guaxe, guaxo, japim-guaxe, japim-do-mato, ou até japim-de-costas-vermelhas, justamente por causa de um detalhe rubro marcante nas penas.
O macho é maior que a fêmea, mas não existe diferença de cor na plumagem, que é predominantemente preta. A espécie de olhos azuis é de uma família bem restrita pelo mundo, a icteridae que tem uma característica marcante, são aves com o bico longo, reto e ponta afiada.
Macaúba isolada onde guaxes constroem ninhos toda primavera em conchal
Ricardo Custódio/TG
O guaxe é uma espécie poligínica, ou seja, o macho tem várias fêmeas, por isso, ele está sempre por perto para proteger o território, enquanto, as parceiras constroem os ninhos.
O casal trabalha cantando o dia inteiro, a vocalização é alta, rouca, intercalada por assobios. “É uma algazarra principalmente de manhã, bem cedinho e no fim de tarde. Vale a pena parar um pouquinho para observar, às vezes saio de casa só para vim ver”, diz o agricultor Sérgio Rossi que mora na zona urbana, mas costuma passar perto da propriedade rural onde estão os ninhos sempre para contemplar.
Agricultor Sergio Rossi que sempre passa para admirar os ninhos
Ricardo Custódio/TG
Seja pelo canto, ou pela delicadeza na construção dessas “bolsinhas”, o guaxe não passa despercebido em Conchal, está sempre chamando a atenção quando chega a primavera. “É a coisa mais linda, uma dádiva da natureza”, completa Rossi.
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