17 de outubro de 2024

Ao SP2, Boulos admite que precisa se aproximar de trabalhadores autônomos, como motoristas por app, e promete isenção de rodízio à categoria

Candidato do PSOL foi o primeiro a ser sabatinado neste segundo turno e disse que vai priorizar oferecer moradia a quem mora na rua, e não a sem-teto, que moram em imóveis ocupados. Ricardo Nunes (MDB) será entrevistado nesta quarta (16). Guilherme Boulos (PSOL) é entrevistado no SP2; veja íntegra
O candidato Guilherme Boulos (PSOL), que disputa o comando da capital paulista no segundo turno, foi entrevistado pelo SP2 nesta terça-feira (15) e fez um aceno para os profissionais autônomos, um eleitorado que se identificava mais com Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno.
Boulos foi sabatinado pelo jornalista José Roberto Burnier. A entrevista teve a duração de 15 minutos e foi transmitida ao vivo no SP2, com exibição também no g1 e no Globoplay.
2º turno: confira a íntegra da entrevista de Guilherme Boulos ao SP2
Ele minimizou o fato de ter perdido em algumas regiões periféricas vencidas pelo presidente Lula (PT) em 2022, mas admitiu que precisa se aproximar dos “trabalhadores das periferias da cidade, que às vezes não são aqueles mais pobres”.
SP2: Guilherme Boulos (PSOL) responde sobre perder no 1º turno em regiões das periferias
“Você [Burnier] tem razão, eu acho que nós [do PSOL] não falamos de uma maneira mais direta com trabalhadores das periferias da cidade, que às vezes não são aqueles mais pobres, aqueles que estão com fome, aqueles que estão na rua.”
E emendou: “Eu acho que essas pessoas sabem do nosso compromisso com eles, mas tem trabalhadores e talvez muitos estejam nos assistindo, que construíram sua vida e seguiram seu caminho para prosperar do seu jeito, trabalhando por conta própria. Por exemplo, o motorista de Uber, por exemplo, o motoboy, por exemplo, a mulher que abriu um salão de beleza na periferia e muitas vezes, nós deixamos de falar com essas pessoas”.
Candidato Guilherme Boulos (PSOL) e o apresentador Roberto Burnier no estúdio do SP2 em São Paulo
Reprodução/TV Globo
Sobre o tema, o candidato apresentou propostas de oferta de crédito para mulheres empreendedoras, liberação de publicidade para taxistas, isenção de rodízio para motoristas de aplicativo e bases de descanso para entregadores de comida.
Ao ser questionado quem será priorizado, se as pessoas que estão morando nas ruas da cidade ou os sem-teto, que moram em imóveis ocupados, Boulos afirmou que “vai ter prioridade quem mais precisa, quem está na rua”.
“Nós temos 80.000 pessoas morando nas ruas de São Paulo. Nesta gestão do Ricardo Nunes, mais que dobrou. Tem coisas que, independente da sua posição política partidária, você pode ser de esquerda, de direita, agora tem questões que são de humanidade. Não aceitar que tenha mulheres, crianças, pessoas idosas vivendo na rua na cidade mais rica do Brasil para mim é uma questão de humanidade.”
SP2: Guilherme Boulos (PSOL) responde sobre prioridade na fila da moradia
E complementou: “E de honra, você sabe da minha trajetória, mais de 20 anos lutando ao lado dos sem-teto. Eu conheço essas pessoas não por estatística. Convivi com isso. Eu vou resolver o problema da população de rua na cidade de São Paulo. Para mim esta, é uma missão, mais do que um compromisso de campanha”.
O deputado apontou também que, mais importante do que o apoio de Lula em sua campanha, é poder contar com recursos do governo federal durante seu mandato em caso de vitória nas eleições. Ele destacou que o presidente já se comprometeu, por exemplo, a ajudar a implementar o Poupatempo da Saúde, uma de suas principais propostas.
Apagão
SP2: Guilherme Boulos (PSOL) responde sobre Enel e apagão em SP
Ao comentar uma fala de Lula sobre renovação de contrato com a Enel no Brasil, Boulos eximiu a responsabilidade do governo federal e disse que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é quem teria atribuição para um possível pedido de revogação de contrato com a empresa de energia.
“Se a Enel fizesse a lição de casa, ela podia até merecer renovação da concessão, não fez. A Enel é uma empresa horrorosa. A concessão, até para que a gente deixar claro, porque isso virou batalha eleitoral: quem é responsável pela caducidade, ou seja, por revogar o contrato da Enel, não é o presidente Lula. É a Aneel, uma agência reguladora, só ela pode definir a caducidade. E o presidente da Aneel foi indicado pelo Jair Bolsonaro aliado do Ricardo Nunes.”
Boulos disse que conversou com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para que haja mais firmeza na cobrança de providências em relação ao apagão em São Paulo. Apontou também que há milhares de árvores pendentes de poda na capital e, por isso, culpabilizou a gestão Nunes sobre as consequências do apagão.
“Agora é importante sobre esse tema do apagão, para além da nossa solidariedade e da ação que a gente já está tendo na Justiça para que a Enel tenha que indenizar todas as pessoas que tiveram prejuízos nesses dias, pequenos comerciantes, moradores…”
Considerações finais
SP2: Guilherme Boulos (PSOL) faz suas considerações finais
Em sua mensagem final, Guilherme Boulos lembrou do apoio de Tabata Amaral (PSB), de Datena (PSDB), e até citou os apoiadores de Pablo Marçal (PRTB) ao dizer que esses eleitores “votaram pela mudança”. Confira a íntegra:
“Eu sei que muitos de vocês que estão acompanhando esta eleição querem a mudança e votaram no primeiro turno pela mudança, mesmo votando na Tabata, que me apoiou, no Datena, que me apoiou ou no Pablo Marçal. Votaram pela mudança. O que eu quero dialogar com vocês é que não fiquem inseguros. Eu sei que muitos falam: ‘Poxa, será que o Boulos vai dar conta?’ E ouvem do meu adversário essa coisa de ‘radical, extremista’, e as pessoas ficam inseguras. O que eu quero dizer para você é que não precisa ter insegurança. Eu me preparei. Eu chamei a Marta Suplicy, que foi uma grande prefeita, para ser minha vice. Eu juntei um time espetacular. Fui conhecer soluções internacionais, o que está dando certo, o que funciona. Nós vamos manter o que precisa, nós vamos mudar, vamos dialogar com todo mundo. Agora, o que está em jogo neste segundo turno, é isso: quem quer deixar como está, está com meu adversário. Quem quer mudar é 50 no dia 27”.
Nunes
Nesta quarta (16), será a vez do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, ser sabatinado. A ordem das entrevistas foi definida em reunião com representantes dos partidos. As íntegras das entrevistas ficarão disponíveis no Globoplay.
No primeiro turno, Nunes teve 29,48% dos votos válidos e Boulos, 29,07%. A diferença de votos entre os dois foi de 25 mil votos.
Pesquisa Datafolha divulgada em 10 de outubro, a primeira após o fim do primeiro turno em São Paulo, mostra Nunes com 55% das intenções de voto e Boulos, com 33%.

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