19 de outubro de 2024

Apagão em SP: quase 100 horas após temporal, mais de 150 mil imóveis ainda estão sem luz

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo calcula que as perdas do setor com o apagão já passam de R$ 1,65 bilhão. 158 mil imóveis ainda estão sem energia em São Paulo
Quase 100 horas depois do temporal que atingiu São Paulo, mais de 150 mil imóveis ainda estão sem luz.
O futebol ainda é só na parte da quadra que sobrou, depois da chuvarada com ventania. Um dos muitos sinais de que a vida ainda não voltou ao normal.
Comida e medicamentos que precisam de refrigeração — como a insulina da Sara — que estão estragando.
“Já tive que jogar duas canetinhas fora já, porque não tinha como manter”, diz Sara Jaqueline Silva do Vale, assistente administrativa.
Em uma rua, na zona sul de São Paulo, os moradores estão sem luz desde o temporal de sexta-feira (11). E só nesta terça-feira (15) as equipes da prefeitura foram retirar a árvore que caiu sobre o muro de uma escola levando a fiação elétrica junto.
No condomínio onde mora a enfermeira Sebastiana Ferreira, de 73 anos, os moradores estão também sem água, porque as bombas não funcionam quando falta luz. Ela precisa pegar água na entrada do prédio.
Sebastiana: Minhas panelas estão todas sujas
Repórter: E a senhora mora no último andar?
Sebastiana: Último andar. Eu tenho que subiu 60 degraus.
São quatro lances de escada, no escuro.
“Todo dia eu subo e sento no sofá porque a canseira é grande”, conta Sebastiana.
Apagão SP: quase 100 horas após temporal, mais de 150 mil imóveis ainda estão sem luz
Reprodução/TV Globo
Com o braço quebrado, o motoboy Jean Nobre Oliveira está sem trabalhar. E não sabe como vai comprar a alimentação especial para o filho, com autismo.
“Não é qualquer tipo de alimento que ele come. Tem que jogar coisa no lixo. Metade foi ontem, hoje vai ter que ir outra”, relata.
Prejuízos também para as empresas. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo calcula que as perdas do setor com o apagão já passam de R$ 1, 65 bilhão.
A Prefeitura de São Paulo entrou com uma ação civil pública no Tribunal de Justiça para que a Enel — a Companhia de Energia Elétrica — restabeleça imediatamente a luz nos locais atingidos, sob pena de multa diária de R$ 200 mil.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se reuniu com prefeitos de 16 cidades atingidas pelo apagão e com o ministro do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, relator de processos ligados à Enel.
Tarcísio defendeu uma intervenção na empresa, que opera sob concessão do governo federal.
“A intervenção é fundamental. Por que a empresa não fez o que deveria? Porque ela não queria gastar dinheiro. Por que ela não mobilizou o efetivo que era necessário para restabelecer a energia? Porque ela não quer gastar dinheiro. Esse papel o interventor pode fazer porque o interventor pode determinar que essas despesas sejam feitas”, afirma o governador de São Paulo.
O Ministério Público de São Paulo elaborou um parecer técnico a partir de vistorias feitas no início do ano. Concluiu que a rede da Enel apresenta irregularidades que implicam falhas no sistema. E que a empresa deixou de realizar investimentos de R$ 602 milhões planejados nos últimos três anos.
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo calcula que as perdas do setor com o apagão já passam de R$ 1, 65 bilhão
Reprodução/TV Globo
O diretor de operações da Enel, Darcio Dias, disse que a empresa está trabalhando de forma ininterrupta para restabelecer o fornecimento de energia e que vem aumentando investimentos.
“A Enel desde que chegou aqui em São Paulo aumentou em 50% o valor investido nas redes de distribuição. No período de 2018 até 2023 foram 8,3 bilhões investidos. E agora de 2024 até 2026 serão mais 6,2 bilhões. São obras estruturantes prevendo mais digitalização da rede, tornar a rede mais resiliente do ponto de vista de reconfiguração automática e também torná-la mais forte”, diz.
O diretor-geral da Aneel disse nesta terça=feira (15) que a diretoria colegiada da agência está avaliando a eventual recomendação de caducidade do contrato de concessão da Enel ao Ministério de Minas e Energia.
Já a Prefeitura de São Paulo informou que está aguardando a atuação da Enel para remover 49 árvores que caíram.
Apagão SP: quase 100 horas após temporal, mais de 150 mil imóveis ainda estão sem luz
Reprodução/TV Globo
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