16 de outubro de 2024

Jovem de 28 anos é atacada por motorista de aplicativo e pula do carro em movimento para fugir de abuso na Zona Leste de SP

Tentativa de abuso aconteceu na madrugada de segunda-feira (14). Por meio de nota, a 99 Táxi disse lamentar profundamente o ocorrido e que, assim que soube do caso, bloqueou o motorista da plataforma. Jovem de 28 anos denuncia motorista de aplicativo por abuso durante viagem
Uma jovem de 28 anos foi vítima de uma tentativa de estupro na última segunda-feira (14), ao fazer uma viagem de aplicativo entre Bragança Paulista, no interior de SP, e São Matheus, na Zona Leste da São Paulo.
Segundo a jovem, ela viajava com uma amiga quando, ao deixar a primeira passageira em Guaianases, o motorista da 99 Táxi começou a fazer investidas abusivas e elogios a ela, solicitando que fosse para o banco da frente do carro (veja vídeo acima).
“Nós deixamos minha amiga na casa dela e, assim que ela entrou no prédio e que ele saiu com o carro, o motorista falou pra mim ir pro banco da frente do carro. E eu falei não vou pro banco da frente. Ele olhou pra trás e falou quero ver seu rosto. Então, aí eu já estava cismada, já tava com medo”, contou a vítima.
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Áudios gravados pela própria vítima flagraram a investida do motorista: “Você gosta de homem mais maduro ou mais jovem? Você tem que se valorizar. É um pedaço de mau caminho”, disse ele para a passageira.
Quando eles estavam no bairro de Cidade Tiradentes, o motorista desviou o caminho para uma rua deserta e cheia de árvores.
Jovem narra tentativa de abuso de motorista da 99 Táxi na Zona Leste de São Paulo.
Reprodução/TV Globo
O nome da rua é Buritizinho e a vítima afirma que quando percebeu que o motorista tinha desviado o trajeto, pulou do carro ainda em movimento e fugiu.
“Eu sabia que ele ia fazer alguma coisa. Sentia que ele ia fazer alguma coisa e já tava bem desesperada. Em algum momento ele olha pra trás e coloca a mão na minha perna. Quando ele fez isso eu já abri o carro e pulei”, contou a moça.
A jovem caiu em um barranco e ficou toda machucada. Mesmo ferida, ela fugiu do lugar e conseguiu buscar ajuda em um condomínio na região.
Imagens da câmera de segurança do local mostram ela chegando na rua toda machucada e sendo acolhida por um morador local.
“Eu chego no prédio começo a chacoalhar o portão pedindo por ajuda por socorro. Esse morador foi um anjo na minha vida, ele me coloca pra dentro do prédio”, afirmou.
Jovem mostra ferimentos após pular de carro em movimento dirigido por motorista da 99.
Reprodução/TV Globo
De longe, a amiga acompanhava tudo angustiada e tentando ajudar a colega, que reportava tudo dentro do carro por meio de mensagem de celular.
“Acordei meu pai desesperada e ele começo tentar a chamar o Uber pra ir até ela. Eu vi na localização que ela estava a 13 minutos longe de mim”, contou a amiga.
O que diz a 99 Táxi
Nota da 99 sobre a tentativa de abuso do motorista contra a jovem.
Reprodução/TV Globo
Por meio de nota, a 99 Táxi disse lamentar profundamente o ocorrido. Afirmou também que assim que soube do caso bloqueou o motorista da plataforma.
A empresa informou que uma equipe especializada entrou em contato com a passageira oferecendo acolhimento, auxílio com despesas médicas e apoio psicológico.
Esse é o segundo caso de abuso dentro de um carro de aplicativo na capital, em menos de um mês.
No dia 16 de setembro uma jovem de 17 anos foi estuprada – na Zona Sul de São Paulo. O motorista de aplicativo foi preso.
Mensagens da vítima da Zona Leste trocada com a amiga na segunda-feira (14).
Reprodução/TV Globo
Investigação do Ministério Público
Após esse caso, o Ministério Público de São Paulo abriu nesta quarta-feira (2) um inquérito civil público para investigar as empresas Uber e 99 por condutas criminosas praticadas por motoristas que prestam serviço através das duas plataformas.
Segundo boletim de ocorrência registrado na 1ª Delegacia De Defesa da Mulher (DDM), no Centro de SP, a vítima de 17 anos narrou que o motorista pulou para o banco de trás para estuprá-la.
A vereadora Silvia Ferraro, da Bancada Feminista do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo, acionou a promotoria e pediu que a UBER e a 99 sejam investigadas sobre as normas e políticas que estão sendo conduzidas para frear esse tipo de comportamento de seus colaboradores.
Motorista por aplicativo é preso suspeito de estuprar passageira de 17 anos dentro do carro
O intuito do inquérito, segundo a Promotoria, é verificar a necessidade de adequação das condutas das empresas para assegurar a segurança dos consumidores, sobretudo mulheres, crianças e adolescentes e idosos.
Ao instalar o inquérito contra a Uber, por exemplo, o promotor Marcelo Orlando Mendes, da Promotoria de Defesa do Consumidor, deu prazo de 15 dias para que as empresas apresentem em 15 dias “quais são os mecanismos de segurança adotados em sua plataforma a fim de salvaguardar os direitos de seus usuários, elucidando suas funções de forma pormenorizada”, além de publicizar nos autos relatórios de denúncias registradas em sua plataforma, referentes a condutas praticadas pelos motoristas parceiros.
As empresas também devem informar se as funcionalidades de gravações de vídeos e áudios estão disponíveis a toda a frota que presta serviços às suas plataformas. Caso negativo, devem esclarecer o percentual em que referida funcionalidade é disponibilizada, detalhando os critérios adotados para sua disponibilização.
“Matérias jornalísticas veiculadas nos anos de 2020[2], 2021[3], 2022[4], 2023[5] e 2024[6], demonstram que o episódio noticiado nestes autos não se restringe à empresa 99 Táxi e não se trata de acontecimento isolado, mas sim de práticas reiteradas, perpetradas por motoristas cadastrados nas plataformas de aplicativos de viagem, – neste caso, na plataforma da UBER, fato este que demonstra, por si só, a falha na prestação de serviço”, disse promotor.
Uber e 99
Divulgação
Em nota, a Uber informou que “segurança é uma prioridade para a Uber e inúmeras ferramentas atuam antes, durante e depois das viagens para torná-las mais tranquilas. Evitar que algo aconteça sempre é uma prioridade para empresa, que também investe em iniciativas de produção e distribuição de conteúdo para conscientização de motoristas parceiros, baseada no Código da Comunidade Uber, em parceria com organizações como o MeToo Brasil e o Instituto Promundo”.
“No entanto, a Uber entende que a violência de gênero é um problema social complexo e sistêmico que demanda ação conjunta de toda a sociedade. Por isso, a empresa possui, desde 2018, um compromisso público de enfrentamento à violência contra a mulher, que se materializa em uma série de parcerias com especialistas e autoridades no assunto para colaborar na construção de projetos e iniciativas para enfrentar essa realidade no aplicativo e na sociedade como um todo.”
O comunicado também cita que a empresa “possui diversas parcerias de enfrentamento à violência de gênero e apoio às mulheres vítimas de violência doméstica com o Ministério das Mulheres do Governo Federal, Conselho Nacional de Justiça, Instituto Maria da Penha, Ministério Público da Bahia e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre outras”.
O g1 também procurou a 99 que disse, também por meio de nota, que “se une à indignação e repúdio à cultura do estupro que acomete o país e reforça que possui uma política de tolerância zero sobre qualquer forma de violência sexual”.
“A empresa trabalha incansavelmente para identificá-los e coibí-los. Segurança é prioridade para a 99, que investe continuamente em prevenção por meio de ferramentas que possam apoiar uma mobilidade urbana cada vez mais segura para todas as mulheres, passageiras e motoristas. A plataforma conta com mais de 50 funcionalidades de segurança. Entre elas estão um botão de emergência que permite ligar diretamente para a polícia, gravação de áudio, câmera de segurança e compartilhamento de rota com contatos de confiança”, afirmou.
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Maksim Goncharenok/Pexels
“O aplicativo utiliza ainda inteligências artificiais que identificam passageiras em situação de maior vulnerabilidade, como viagens à noite e originadas em bares e casas noturnas, e direciona a chamada para motoristas mulheres ou condutores mais bem avaliados. Devido a todas essas iniciativas, 99,9% das corridas na plataforma são concluídas sem incidentes”, declarou.
A vereadora Silvia Ferraro, autora do pedido de investigação, disse que a intenção é justamente que as empresas se esforcem mais no atendimento das demandas de segurança dos passageiros mais vulneráveis a crimes dessa natureza.
“É uma vitória das mulheres que a justiça esteja se movendo para responsabilizar as empresas de transporte por aplicativo por tantos casos de violência sexual contra mulheres. Esperamos que isso traga mais segurança para elas assim como valorize os motoristas que têm uma postura correta no seu trabalho”, disse.
Silvia Ferraro, vereadora da Bancada Feminista do PSOL na Câmara Municipal de SP
Reprodução EPTV
Crime contra a adolescente
O motorista de transporte por aplicativo da 99 foi preso em flagrante pela polícia por suspeita de estupra a passageira de 17 anos dentro do carro dele na Zona Sul de São Paulo.
O condutor do veículo foi capturado pelos investigadores após a denúncia feita na delegacia. A reportagem tenta localizar a defesa do homem para comentar o assunto. E também procura a empresa de transporte por aplicativo para a qual ele trabalha para ter um posicionamento.
Segundo o registro policial, a vítima pediu um carro por aplicativo de celular para ir até o trabalho, onde é jovem aprendiz, por causa da chuva. No caminho, o motorista começou uma conversa que intimidou a estudante.
Durante o trajeto, o homem parou o carro numa rua vazia atrás de um caminhão, pegou a mochila da jovem, a jogou no banco da frente. Depois, de acordo com o boletim de ocorrência, ele pulou para o banco traseiro, onde a estuprou.
De acordo com o que adolescente contou à mãe, o motorista a tratava “como se ela fosse sua ficante”. Depois, ela foi deixada por ele no local onde trabalha, e “começou a chorar”. Colegas de trabalho souberam o que aconteceu a orientaram a procurar um serviço médico.
O registro policial foi encaminhado depois para a 6ª DDM, em Santo Amaro, delegacia responsável por dar continuidade às investigações.

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