17 de outubro de 2024

Enel executou menos de 1% das podas de árvores em contato com a fiação elétrica em 2024 na cidade de SP, diz sistema da Prefeitura

240 mil pedidos de poda de árvores em contato com a fiação elétrica foram cadastrados neste ano, mas apenas 1.730 constam como podas realizadas, 0,7% do total. Empresa nega e diz que executou mais de 160 mil podas até agora. Dados de poda de árvores que deveriam ser executadas pela Enel em São Paulo, segundo o sistema da prefeitura
Reprodução/TV Globo
Dados obtidos pelo Bom Dia SP, da TV Globo, mostram que a concessionária Enel Distribuição SP, responsável pelo fornecimento de energia na Grande SP, cumpriu menos de 1% das podas de árvores que a própria empresa se comprometeu ao longo do ano de 2024 na capital paulista.
Os números são de um acordo firmado entre a empresa e a Prefeitura de São Paulo, em junho de 2022, onde a companhia se comprometeu a fazer a poda das árvores na cidade que estão em contato com a fiação elétrica.
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O termo foi assinado pelo ex-presidente da Enel em SP, Max Xavier – que deixou a concessionária em maio de 2024 – e o secretário de Subprefeituras da gestão Ricardo Nunes (MDB), Alexandre Modonezi.
Pelo sistema da prefeitura, 240 mil pedidos de poda de árvores em contato com a fiação elétrica foram cadastrados no sistema mantido pelas duas partes.
Desse total, apenas 1.730 podas foram feitas. O número significa apenas 0,7% do total de podas cadastradas.
No ano de 2023, o sistema conjunto entre Enel e Prefeitura de SP registra 248 mil podas de árvores cadastradas, mas apenas 7.053 realizadas pela empresa. Total de apenas 2,8% dos pedidos realizados.
O termo foi assinado pelo ex-presidente da Enel em SP, Max Xavier, e o secretário de Subprefeituras da gestão Ricardo Nunes (MDB), Alexandre Modonezi.
Montagem/g1/Divulgação
Enel nega números
Em entrevista ao telejornal, o diretor de operações da Enel SP – Darcio Dias – disse que os números obtidos pela reportagem diferem dos que a Enel tem, mas não soube dizer quantos foram os serviços executados pela empresa no período.
“A gente não entende de onde de fato vieram esses números. No ano de 2023, em toda a área de concessão, a Enel executou mais de 320 mil podas. Grande parte na cidade de São Paulo e por solicitação dos cidadãos de SP”, afirmou.
“No ano de 2024, até o momento, foram executadas 438 mil podas executadas. Dessas, 160 mil podas no município de São Paulo. A gente tem um convênio, como você bem apresentou, prevê que a gente faça uma solicitação anual das podas que pretendemos realizar. E o que a gente passa são todas as árvores que a gente tem mapeadas e que tem contato com a nossa rede”, completou.
Darcio Dias reconheceu que a empresa, entretanto, que não realizou todas as podas que foram previstas para 2024 na capital paulista.
“Neste momento a gente realizou 160 mil podas no município de São Paulo nesse universo de 230 mil árvores”, declarou. E a gente segue fazendo. Até dezembro a gente vai seguir fazendo e vamos nos aproximar muito de completar 100% do universo que foi solicitado como autorização”, afirmou o diretor da Enel SP ao Bom Dia SP.
Vale lembrar que a Enel é responsável apenas pelas podas de árvores que estão em contato com a fiação elétrica. As demais são de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo.
Fila de 14 mil pedidos na gestão Nunes
Segundo reportagem publicada nesta semana pelo g1, a capital paulista tem uma fila de 13,9 mil pedidos de poda ou remoção de árvores pendentes. No total, 46,7 mil solicitações foram registradas pelo telefone ou aplicativo do serviço 156, o canal oficial de atendimento da Prefeitura de São Paulo.
Os dados abertos são do 1° semestre deste ano e estão disponíveis na plataforma da administração municipal.
A queda de árvores foi um dos principais fatores que levou ao apagão em São Paulo. Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, desde a noite de sexta-feira (11) foram registradas 386 ocorrências de queda de árvores e galhos.
Mapa de pedidos de poda de árvores pendentes em São Paulo
Arquivo pessoal, Arte/g1 e Abraão Cruz/TV Globo
Até esta segunda-feira (14), somente 40% das remoções foram resolvidas. Nunes responsabilizou a Enel pelos milhares de paulistanos sem luz. (Leia mais abaixo)
Os distritos com maior número de solicitações de poda ou remoção de árvores pendentes estão localizados principalmente na periferia. Confira os bairros com maior fila de espera:
Itaquera: 572
Pirituba: 476
Cidade Líder: 416
Perdizes: 400
Lapa: 394
Vila Curuçá: 379
São Domingos: 347
Jardim São Luis: 342
Jaraguá: 337
Itaim Paulista: 331
Segundo os dados do serviço 156 da prefeitura, a Zona Leste é a região com maior número de pedidos abertos, com 4.254 — o equivalente a 30,8%.
Em segunda lugar, está a Zona Norte (25,2%) e, em seguida, a Zona Sul (25,2%) — uma das mais afetadas pelo apagão. Já a Zona Oeste concentra 15,8% das solicitações pendentes, e o Centro, apenas 2,1%.
Em agenda nesta segunda, Nunes disse que 6.000 ordens de serviço estão paradas na cidade por dependerem da Enel para fazer a poda ou a remoção de árvores.
“Quando você tem eventos de aproximadamente 100 km/h, independente da questão de poda ou não, essa árvore está suscetível a queda ou qualquer outro equipamento […] quando essa árvore está em contato com a energia elétrica, é necessário fazer o desligamento da energia para fazer aquele trabalho”, explicou.
Entretanto, no total, há 13,9 mil pedidos de poda de árvores pendentes em toda a capital. Procurada, a gestão municipal não explicou ao g1 o motivo pelo qual as outras 7,9 mil solicitações não foram atendidas até agora.
“O trabalho de zeladoria continua na cidade e já são, até início de outubro deste ano, 132.809 árvores retiradas e podadas (incluindo sábado, domingo e feriados). A Prefeitura ainda aguarda o desligamento de energia por parte da Enel para promover ação de podas em 75 árvores na cidade”, informou a prefeitura.
Responsabilidade da Enel
Supermercado sem energia por volta das 10h40 no apagão elétrico em Boa Vista
Valéria Oliveira/g1
Após o temporal que deixou mais de 2,1 milhões de imóveis sem energia elétrica na capital e região metropolitana, Nunes responsabilizou a concessionária Enel pelo caos na capital.
“Essas questões [da falta da energia] foram ocasionadas por problemas em 17 estações da Enel, que, inclusive, não ficam na cidade de São Paulo. Foram atingidos aqueles linhões por onde passam a energia que não ficam na cidade”, afirmou o prefeito.
Sobre as árvores 386 que caíram na capital durante o temporal, o emedebista disse que eram “árvores sádias” e que vieram abaixo em razão dos fortes ventos que atingiram a capital.
“Quando você tem ventos de 89 km por hora, você vai observar que são árvores sadias que foram acometidas por essa queda por conta dos fortes ventos. O que a gente precisa ter é o que a gente tem hoje: um plano de contingência. Equipe preparada. Nós temos a nossa equipe, reforçamos a equipe dos bombeiros com a operação delegado, equipamentos e carros. Foi feito no último ano mais de 600 mil cortes e podas de árvores. É continuar dando a manutenção para que a gente possa minimizar”, declarou Nunes.
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Força-tarefa
O ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira afirmou que concessionárias do país farão uma força-tarefa para que a concessionária Enel consiga restabelecer a energia elétrica. Pelo menos 338 mil imóveis permanecem no escuro até às 18h30 desta segunda-feira (14).
A afirmação ocorreu durante entrevista coletiva na sede da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, em São Paulo (SP).
“Somados às distribuidoras CPFL, Enel, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light, Energisa, que estão aqui hoje, nós estamos ampliando de 1.400 [funcionários da Enel] para 2.900 profissionais, além de mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes, fora os caminhões de própria Enel, e mais de 50 equipamentos”, afirmou.
Durante a coletiva, o ministro criticou o fato de a Enel não dar previsão de restabelecimento de energia para os moradores. Silveira disse que a empresa “beirou a burrice” ao se modernizar e reduzir sua mão de obra e fez duras críticas ao prefeito o acusando de divulgar fake news em relação ao contrato com a Enel e cobrou por mais planejamento urbano.
“Quando a Enel disse que não tinha previsão de entrega dos serviços à população, eu disse que ela cometeu um grave erro de comunicação, um grave erro de seu compromisso contratual com a sociedade de São Paulo de não dar uma previsão objetiva. Eu disse pra ela [Enel] que ela tem os próximos três dias pra resolver os problemas de maior volume.”
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