18 de outubro de 2024

Mãe de menina morta em acidente de avião da VoePass consegue na Justiça tirar do ar perfis falso criados com dados delas

Adriana Ibba, mãe de Liz Ibba dos Santos, de 3 anos, afirma que as contas nas redes sociais eram usadas para golpes financeiros e propagandas de jogos de azar. Adriana é mãe de Liz, 3 anos, que morreu em acidente aéreo da VoePass
Arquivo pessoal
Em meio ao luto, a jornalista Adriana Ibba, mãe da menina Liz Ibba dos Santos, de 3 anos, que morreu após a queda do avião da VoePass em Vinhedo (SP), batalha para tirar do ar perfis falsos nas redes sociais criados a partir de informações dela e da filha.
Adriana mora em Cascavel, no oeste do Paraná, cidade de onde partiu o avião envolvido no acidente aéreo de 9 de agosto e que matou a filha dela, o pai da menina, Rafael Fernando dos Santos, e outras 60 pessoas.
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Ela acionou a Justiça e conseguiu decisão liminar (provisória) determinando a derrubada de pelo menos 62 contas falsas criadas após o acidente.
“É muito complicado, porque diante de tudo tão novo que a gente tem que aprender a partir de agora a lidar, ter que lidar também com essa questão do uso do nome da minha filha, de imagens da minha filha. […] Ter que ter forças para lidar com situações que não precisavam estar acontecendo, com situações totalmente desnecessárias”, afirmou Adriana.
A mãe de Liz relata que algumas das páginas pedem doações e outras têm utilizado o engajamento para compartilhar jogos de azar.
“Tem conta de treze, quinze mil seguidores e, a partir do engajamento que se ganha com a imagem da minha filha, essas contas começam a veicular, por exemplo, anúncios de jogos online e especificamente também contas que utilizam do acidente até agora pedindo arrecadação de dinheiro”, contou Adriana ao g1.
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Da descoberta dos perfis à ação que derrubou conta errada
Adriana conta que logo após o acidente aéreo passou a identificar diversas contas falsas com imagens dela e da filha, algumas inclusive pedindo doações em dinheiro para supostos trâmites de translado e enterro.
Amigos e familiares foram monitorando os perfis e os denunciando, mas mesmo assim as páginas permaneciam no ar. Então, ela moveu uma ação na Justiça para pedir a remoção imediata dos perfis e a responsabilização das redes sociais pela falta de controle sobre o conteúdo publicado.
Em decisão liminar, a Justiça atendeu ao pedido e determinou a retirada imediata do ar dos perfis, sob risco de multa. Como o processo tramita em segredo de Justiça, o valor não foi informado.
TikTok e Meta – donas de empresas como Instagram, Facebook e WhatsApp – foram intimadas a retirar do ar os 62 perfis descritos na ação.
A advogada Ana Luiza Amarante atua na defesa de Adriana e informou que o TikTok cumpriu integralmente o pedido.
Porém, a Meta, de acordo com a advogada, derrubou a conta particular que Adriana tinha criado para a filha Liz e ainda mantém ativos alguns perfis falsos citados no processo.
“Nosso pedido será para que o Facebook não só cumpra a decisão, derrube as contas faltantes, mas também devolva o perfil [particular de Liz]. A partir dessa liminar, o juiz arbitra multa diária, enquanto o Facebook não cumpre, ela vai se acumulando com o passar dos dias”, afirmou a advogada.
O g1 contatou a Meta sobre a situação, mas não obteve resposta até a última atualização desta publicação.
Denúncia de contas falsas e cuidados nas redes sociais
Para o jornalista e advogado Ney Queiroz Azevedo, especialista em Direito Digital e Negócios, a criação de perfis falsos nas redes sociais é algo criminoso.
“Não são simplesmente golpistas, enganadores, mas são efetivamente criminosos, da pior espécie, porque se utilizam de tragédias e principalmente da boa-fé das pessoas”, afirmou o especialista.
O advogado afirma que a prevenção precisa começar através da educação e da busca das pessoas por informações de qualidade. De acordo com ele, uma dica para evitar cair em golpes ou perfis falsos é sempre estar atento e saber que golpistas se utilizam da boa-fé das pessoas.
Além disso, ele explica que, mesmo confiando em determinados perfis, ao envolver pedidos de dinheiro e informações pessoais, a pessoa sempre deve buscar outras redes sociais ou pessoas ligadas ao perfil para checar a veracidade.
Adriana sabe que o caminho ainda é árduo, uma vez que após a ação judicial outros perfis falsos, utilizando fotos dela e da filha, já foram identificados. Mas ela não perde a esperança de que em algum momento possa viver o luto e faz um pedido:
“Se você ver imagens, contas, utilizando de fotos de vídeos da Liz, a gente está falando de uma criança de três anos e dez meses, ela é menor, eu não autorizei o uso dessas imagens. Por respeito à memória da minha filha, eu faço apelo por favor, denuncie”, pediu a mãe.
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