18 de outubro de 2024

Seis dias após temporal, Enel diz ter restabelecido energia para quase todos os afetados pela chuva da última sexta na Grande SP

Segundo a empresa, 36 mil clientes ainda estão sem energia. Mas o número é muito próximo da normalidade da operação diária da concessionária. Anúncio acontece horas antes de vencer o prazo dado tanto pela Aneel quanto pela Justiça, para que a luz fosse restabelecida em todas as cidades. Presidente da Enel em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (17)
TV Globo
Após seis de apagão em São Paulo, a empresa Enel Distribuição SP anunciou nesta quinta-feira (17) que normalizou a distribuição de energia para quase todas as residências da Grande São Paulo que haviam sido alvo do temporal da semana passada.
Em coletiva de imprensa nesta manhã, o presidente da Enel Distribuição SP, Guilherme Lencastre, a região ainda tem cerca de 36 mil clientes sem energia. Mas o número é muito próximo da operação normal da companhia, em dias sem eventos extremos.
“Neste momento estamos com 36 mil clientes sem energia, isso significa uma operação muito próxima da normalidade do nosso negócio. Nós temos 8,2 milhões de clientes. Numa operação normal oscila entre esse patamar 36 ou pouco mais. Continuamos nossa força de tarefa mobilizada, atuando em campo. É possível que tenham casos de clientes mais antigos e esses são os prioritários que vamos estabelecer agora”, afirmou o executivo.
Lencastre corrigiu a informação dos clientes impactados pelo temporal de sexta (11) mais de 3,1 milhões de clientes ficaram sem energia, 1 milhão de clientes a mais do que a previsão que ele mesmo tinha dado no sábado (12).
Segundo o executivo, parte deles tiveram a energia restabelecida nas primeiras 24 horas.
“Podemos neste momento afirmar que este foi o maior evento da registrado com níveis de rajadas de vento da história da Região Metropolitana de SP. Apuramos que o número de clientes interrompidos na verdade são 3,1 milhões de clientes, entre 19h e 23h59 do dia 11. A curva de recuperação foi melhor do que a do ano passado. Tivemos uma mobilização maior e mais rápida. Durante as primeiras 24h tivemos uma recuperação aproximadamente de 79%. Ano passado foi de 58%”, disse.
O anúncio aconteceu horas antes de vencer o prazo dado tanto pelo Ministério das Minas e Energia quanto pela Justiça, para que a luz fosse restabelecida em todas as cidades.
Na segunda-feira (14), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o ministério estipularam o limite de três dias para que a concessionária resolvesse os problemas mais graves na Grande SP.
Em liminar obtida pela Defensoria do Estado na terça (15), a Justiça de São Paulo também deu prazo de 24 horas para a Enel restabelecer a energia elétrica para os clientes afetados pelo temporal de sexta-feira (11).
Na decisão liminar, da qual cabe recurso, o juiz previu multa de R$ 100 mil por hora em caso de descumprimento.
Até o fim da tarde de quarta-feira (16), 74 mil clientes ainda estavam sem luz na Grande SP. A empresa havia afirmado que desse total, cerca de 2,3 mil se referem a ocorrências registradas na sexta (11)e no sábado (12), após o evento climático.
Vista do terminal de ônibus de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, que segue sem energia na madrugada de segunda-feira
LEANDRO CHEMALLE/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Decisão da Justiça
A decisão do juiz Fabio de Souza Pimenta, da 32ª Vara Cível da capital, é da noite de terça-feira (15). O prazo começa a ser contado a partir da intimação do representante legal da empresa. O g1 entrou em contato com a Enel e aguarda retorno. Na quarta, a decisão foi encaminhada para publicação no Diário Oficial da Justiça e publicada na edição desta quinta-feira (17).
“É inadmissível, neste momento processual, que haja não só a repetição da referida situação numa das maiores cidades da América Latina, mas também o seu agravamento conforme depreende-se da notória e incontroversa demora da requerida no tocante ao restabelecimento do fornecimento integral dos serviços de energia elétrica a toda população e da precariedade do atendimento desta pelos canais de informação (a ponto da requerida ter informado pela imprensa não haver prazo para a normalização dessa situação)”, apontou o magistrado.
A liminar foi concedida no âmbito de um processo movido pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e pela Defensoria Pública do Estado por conta do apagão de novembro de 2023, que também aconteceu após um temporal.
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Equipes da concessionária ENEL realizam reparos e troca de postes para restabelecer o fornecimento de energia elétrica na Avenida Santo Amaro, zona sul de São Paulo, na noite de terça (15)
LEANDRO CHEMALLE/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
“O mínimo que seria esperado (…) é que o preparo da requerida para o enfrentamento de situações análogas fosse maior e que os danos fossem minimizados ou mesmo restritos àqueles diretamente provocados pelo referido evento climático”, disse o juiz.
Na decisão, Pimenta destacou a “incapacidade operacional” da Enel para restabelecer o fornecimento de energia elétrica e justificou a necessidade de adotar medida “com maior poder de coerção” contra a empresa.
“A situação requer, sem dúvida, a adoção de medida com maior poder de coerção, não só pela verossimilhança dos fatos que ora se repetem com pleno conhecimento público, mas também pela evidência da incapacidade operacional da requerida a propiciar ainda maior risco de danos irreparáveis de ordem social e econômica junto à população.”
Apesar da concessão da liminar, o juiz negou um pedido para que a Enel indenize todos os consumidores pelos danos materiais causados pela falta de energia elétrica – acima de R$ 350 por dia – mesmo que não sejam apresentados comprovantes dos prejuízos.
“Além de ser juridicamente questionável o reconhecimento de responsabilidade civil por danos materiais sem a devida e concreta comprovação do prejuízo, é certo que eventual medida nesse sentido seria praticamente irreversível em caso de revogação”, explicou o magistrado.
Nesta quinta, o presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, vai conceder uma entrevista coletiva às 8h. Segundo a companhia, ele vai atualizar sobre o fornecimento de energia elétrica na capital e na Grande São Paulo.

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