Museu Emílio Goeldi, em Belém, guarda a essência da floresta e é referência em pesquisa; veja curiosidades. Museu Goeldi, em Belém.
Divulgação
O parque zoobotânico considerado o mais antigo do Brasil, o Museu Emilio Goeldi, completa 129 anos nesta quinta-feira (15), em Belém. O espaço, fundado em 1866, traz muitas conexões com a sociedade ao longo do tempo.
Em homenagem ao Museu Goeldi, o g1 Pará preparou uma lista com as curiosidades mais inusitadas do espaço, que incluem a flora, os animais e a estrutura física do local. Confira:
Curiosidades do 1º Parque Zoobotânico do Brasil
➡️ Jacaré Gigante viveu mais de 70 anos
Jacaré do Museu Emilio Goeldi.
Museu Emilio Goeldi
Uma das atrações mais procuradas pelo público era Alcino, animal da espécie Jacaré-Açú, considerada a maior espécie de jacaré da Amazônia.
Oriundo da ilha do Marajó, Alcino era um dos animais mais antigos do Parque, com idade estimada em mais de 70 anos, o máximo que esses animais costumam viver. Infelizmente, Alcino faleceu em 2021.
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Antônio Messias Costa, veterinário do Parque Zoobotânico, explica que o gigante idoso morreu subitamente.
Por mais que todos torcessem pela longa vida do animal e o submetessem a uma rotina de cuidados reforçados, incluindo fornecimento de frangos e eventualmente carne enriquecida com sais minerais (adequada a um réptil da idade de Alcino), o falecimento do animal não surpreendeu os tratadores.
A imunidade do animal estava comprometida pela idade e ele já havia passado por vários procedimentos médicos ao longo dos últimos anos.
“A necrópsia foi conclusiva: septicemia, provavelmente por bactéria de natureza hemorrágica”, explica Messias. O animal tinha os pulmões e outros órgãos comprometidos por uma infecção.
➡️Primeiro Parque Zoobotânico do Brasil
Imagem de 1901 do Museu Emilio Goeldi.
assessoria
O Museu Goeldi foi o segundo museu de história natural criado no Brasil. Fundado em 1866 na cidade de Belém, onde mantém seu campus de pesquisa e o primeiro Parque Zoobotânico do país.
A instituição é um centro pioneiro nos estudos científicos dos sistemas naturais e socioculturais da Amazônia, bem como na divulgação de conhecimento, organização e manutenção de acervos de referência mundial relacionados à região. Investiga a floresta amazônica, aglutinando dados das Ciências Humanas, Biológicas, Sociais e da Terra.
O MPEG também conta com uma estação científica localizada na floresta nacional de Caxiuanã, no Marajó, que funciona como um laboratório avançado sobre o funcionamento das florestas tropicais. O museu ainda coordena o Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal, em Cuiabá.
➡️ Ossada da baleia de animal que morreu no Marajó
Uma curadoria dos biólogos Horácio Higuchi e Renata Emim resultou em uma exposição de esqueletos e peças ósseas de cinco espécies de baleias que viviam na Costa Norte do Brasil: a baleia-fin e a baleia-azul, baleia-jubarte, baleia-minke-antártica e a cachalote.
Renata Emin, presidente do Instituto Bicho D’água e pesquisadora colaboradora do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Coordenação de Zoologia do Museu Goeldi, explica que mesmo sendo raro ver baleias na Costa Norte por conta dos muitos quilômetros de águas rasas elas aparecem sim na região.
“Das 85 espécies que fazem parte do grupo dos Cetáceos, onde estão as baleias, já foram registradas na zona costeira amazônica 27 espécies. Isso é um número bastante expressivo e temos que nos orgulhar dessa biodiversidade!”, diz.
O acervo em exposição inclui ossos da baleia-jubarte – resgate ocorrido em fevereiro de 2019, em um manguezal no município de Soure, no Marajó (PA). O resgate das outras espécies de baleias, que vieram a óbito após o encalhe, começou na década de 1990 em diferentes localidades do Pará: Soure (1990 e 2019), Bragança (2006), Curuçá (2007) e Quatipuru (2010).
➡️ Museu investe na chamada “Fauna Livre”
Arara
Museu Emilio Goeldi
O Parque Zoobotânico do Museu Goeldi é considerado um dos maiores espaços verdes de Belém. Segundo o historiador do local, Nelson Sanjad, o espaço serve como refúgio natural de muitos animais, como as aves e os animais que chegam no parque, e, por esse motivo, o museu investe na manutenção das chamadas “Faunas Livres”.
“O espaço tem espécies de lagartos, cutias, tatus, pacas, macacos, entre outros, que fizeram do Parque a sua casa e por isso o Museu investe muito nas faunas livres para que o local continue servindo de lar para esses animais”, pontua.
Coincidentemente, o Parque fica localizado bem no centro da capital paraense, o que o torna um ponto de parada e partida de muitos animais, principalmente aves, que estão em seus percursos naturais.
➡️ Animais silvestres foram resgatados do tráfico
Museu Emilio Goeldi
Museu Emilio Goeldi
O historiador explica que boa parte dos animais silvestres que vivem no Parque Zoobotânico foram vítimas do tráfico de animais. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) realiza o resgate desses animais e encaminha, em alguns casos, ao Parque Zoobotânico, onde recebem todos os cuidados necessários.
“Muitos animais chegam machucados e com um nível alto de estresse. Alguns chegam a se mutilar, outros entram em depressão, e todos esses casos precisam de atenção de especialistas. Tem visitantes que reclamam de ver os animais presos, mas eles estão ali por um motivo”, afirma Nelson Sanjad.
➡️ Parque foi plantado por botânicos e pesquisadores
O Parque Zoobotânico foi plantado por pesquisadores, o que o torna diferente de outras áreas verdes, que costumam se tratar de áreas naturais cercadas, conforme explica Sanjad.
“O Bosque Rodrigues Alves é um fragmento Florestal que foi cercado ali na década de 1880, e consertado. Então, até hoje é Mata Nativa. A área toda do Parque foi implantada ao longo desse tempo todo por diversos botânicos que iam a campo, traziam plantas vivas e introduziam lá. Isso faz com que o parque seja uma área altamente diversa nos seus 540 mil metros quadrados, com mais de 500 espécies de plantas”, explica.
➡️ Temperatura dentro do parque é mais fria
O historiador Nelson Sanjad explica que o parque consegue manter a temperatura das ruas que estão localizadas no entorno do espaço, a depender do dia.
“A temperatura do lado de fora dos muros pode chegar até 2ºC a menos do que a temperatura registrada na cidade. Dentro do parque, essa diminuição de temperatura pode chegar a 5ºC”.
O Museu também atua como um importante instrumento para amenizar o calor no entorno da área, o que leva à discussão sobre a importância de investir nesse tipo de espaço.
➡️ Acervo animal muda com passar do tempo
O pesquisador afirma que as atrações do Parque Zoobotânico vão mudando e se adaptando conforme o passar do tempo e as necessidades dos pesquisadores, reforçando a ideia de que o espaço não se trata de um “cárcere”, como muitos acreditam.
“Em décadas passadas, haviam tanques de peixes de pirarucu, por exemplo, do laboratório de etiologia, e isso hoje não existe mais. É um ambiente que não fica congelado no tempo”.
➡️ Casas foram desapropriadas para dar mais espaço ao parque
Acervo Museu Emilio Goeldi
Museu Emilio Goeldi
O local onde hoje é conhecido como o Museu Emilio Goeldi nem sempre foi repleto de flora e fauna. No fim do século XIX, o parque foi criado em um pequeno terreno, chamado de Rocinha, onde ficava a casa de Bento José da Silva Santos. Esse terreno ia das avenidas Magalhães Barata até a Gentil, como explica o historiador Nelson.
“Ao longo dos anos, o Governo do Estado foi desapropriando outros lotes e outras casas das adjacências e o parque, então, foi crescendo. Ele primeiro cresceu na direção da travessa Nove de Janeiro, depois cresceu na direção da Castelo o último lote desapropriado foi o do lado da Oficina do Castelo, no ano de 1943”.
➡️ Árvore centenária é a mais alta do parque
Museu Emilio Goeldi
Museu Emilio Goeldi
Conhecida como a “rainha das matas” e “árvore da vida”, a samaumeira do Museu Goeldi tem quase 130 anos e foi o primeiro exemplar da espécie, plantada em 1896.
A árvore resiste ao tempo e, com cuidados especiais, é um dos atrativos que mais encantam o público do Parque Zoobotânico.
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