1 de abril de 2025

40 membros de facção foram presos desde o início de ataques a operadoras de internet no Ceará


Comando Vermelho exige parte do faturamento de empresas para ‘autorizar’ a oferta de serviços em bairros de Fortaleza. Governo criou operação para identificar e prender os envolvidos nos ataques coordenados. Cinco empresas fecharam as portas após prejuízos com os ataques criminosos. Chega a 40 o número de presos por ataques a provedores de internet no Ceará
Pelo menos 40 pessoas foram presas desde fevereiro por suspeita de envolvimento nos ataques a provedoras de internet do Ceará, conforme balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública do Ceará na quinta-feira (27). Quatro prisões ocorreram em fevereiro e outras 36 foram resultados de três fases da Operação Strike, montada pelas forças de segurança especialmente para combater esse tipo de crime.
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Além das prisões, veículos, diversos aparelhos celulares, armas e munições também foram apreendidos.
Prisões de envolvidos nos ataques a empresas de internet
21 de fevereiro: quatro traficantes foram presos por crimes como tráfico de droga e homicídio; à época das prisões, eles não eram investigados pelos ataques às empresas, mas a polícia apontou o envolvimento deles após investigações.
1ª fase da operação Strike, 12 de março: 17 membros de facção foram presos pela série de ataques a empresas;
2ª fase da operação Strike, 14 de março: 7 foram capturados e empresas ilegais comandadas por facção criminosa são fechadas;
25 de março: um guarda municipal de Fortaleza e três comparsas foram presos suspeitos de envolvimento nos crimes.
3ª fase da operação Strike, 27 de março: 8 foram detidos na cidade de Caridade, a mais afetadas pelos ataques.
Criminosos destroem veículos e atacam provedoras de internet que recusam pagar ‘taxa’ a facção criminosa no Ceará
TV Verdes Mares/Reprodução
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💡 Contexto: Os ataques coordenados pelo Comando Vermelho contra os provedores de internet no Ceará têm ocorrido desde fevereiro. Eles exigem dinheiro de operadoras de internet para permitir a oferta do serviço e promovem ações de retaliação contra as provedoras que recusam pagar a “taxa”.
Entre os ataques estão incêndios a carros das empresas, tiros disparados contra a fachada, vandalismo na sede das provedoras e rompimento de cabos de fibra óptica. A cidade mais afetada foi Caridade, onde 90% dos clientes estão sem internet desde fevereiro.
Qual a reação do Governo?
Elmano anuncia criação de grupo para investigar ataques contra provedoras de internet
Após a escalada de ataques, o governador Elmano de Freitas anunciou em 8 de março a criação de um grupo especial para investigar atos criminosos realizados contra empresas provedoras de internet.
Já a ‘Operação Strike’ iniciou no dia 12 de março e, até agora, rendeu 40 prisões. A ação tem objetivo de identificar, investigar e prender suspeitos de ataques e ameaças a provedores de internet e a funcionários das empresas para criar um comércio ilegal de provedores.
As prisões mais recentes ocorreram na cidade de Caridade, interior do estado, quando oito envolvidos foram capturados. Na ocasião, aparelhos celulares e outros eletrônicos também foram apreendidos e serão periciados pelos departamentos de inteligência da polícia.
“A investigação teve início a partir do recebimento de relatório encaminhado pela Polícia Militar. Segundo o documento, teria sido identificado que a facção criminosa passou a exigir às empresas pagamentos mensais no valor de R$ 20,00 por cliente, sob pena de represálias. Após a negativa dos empresários em atender à exigência, atos de vandalismo e depredação foram registrados, incluindo a destruição de caixas de transmissão, antenas e redes de fibra ótica.”, detalhou o Ministério Público.
O que aconteceu com as empresas afetadas?
Desde fevereiro, os provedores de internet do Ceará estão sendo alvos de uma série de ataques promovidos por uma facção criminosa, que está cobrando das empresas parte do valor dos serviços prestados.
Reprodução
Cinco empresas provedoras de internet no Ceará já encerraram ou ainda devem encerrar as atividades após a série de ataques de uma facção criminosa, segundo a Associação dos Provedores Do Ceará.
Uma das empresas é a provedora de internet ‘GPX Telecom’, de Caucaia. Por meio de nota, a empresa disse que “em menos de 20 minutos, atos de vandalismo devastaram tudo o que construímos com tanto esforço e comprometimento, levando-nos a tomar a difícil decisão de encerrar nossas operações”.
Empresa comunica encerramento após ataques.
Reprodução/Redes Sociais
“É com um profundo sentimento de tristeza que anunciamos o encerramento de nossas atividades. Ao longo de nove anos, desde 2016, tivemos a honra de servir com dedicação e alegria os Bairros Parque Soledade, São Gerardo e Ponte Rio Ceará. Infelizmente, em meros 20 minutos, atos de vandalismo devastaram tudo o que construímos com tanto esforço e comprometimento, levando-nos a tomar a difícil decisão de encerrar nossas operações.
Esse triste episódio evidencia a fragilidade da segurança em que vivemos nos nossos dias atuais, onde o trabalho árduo de anos pode ser destruído em questão de minutos. Sempre priorizamos a qualidade e a legalidade em nossos serviços, e somos imensamente gratos pela confiança que vocês depositaram em nós ao longo dessa jornada.
Esperamos por justiça diante dessa situação alarmante que afeta a todos nós. Agradecemos, sinceramente, a cada um de vocês pelo apoio e pela compreensão.”
Cronologia dos ataques no Ceará
28 de março: terceira fase da operação contra o grupo criminoso prende oito pessoas, totalizando 40 prisões de envolvidos nos ataques coordenados.
20 de março: membros da facção criminosa incendeiam carro de operadora em Fortaleza.
11 de março: criminosos jogaram pedras contra um veículo da empresa Brisanet na cidade de Caucaia.
10 de março: a fachada da empresa Acnet, na cidade de Caucaia, foi alvo de vários tiros.
10 de março: membros de facção destruíram fiação de uma empresa de internet em Caucaia.
9 de março: um dia após o governador anunciar combate a esse tipo de crime, uma empresa foi atacada na madrugada no Bairro Sítios Novos, em Caucaia.
8 de março: o governador do Ceará, Elmano de Freitas, anuncia criação de grupo para combater a facção que ataca as provedoras de internet no estado.
7 de março: criminosos destruíram várias fiações de uma operadora na cidade de Caridade; 90% dos clientes do município ficaram sem internet.
6 de março: um carro de serviço da Brisanet foi completamente destruído pelas chamas no Conjunto Metropolitano, em Caucaia.
27 de fevereiro: no distrito do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, onde está localizado o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), criminosos invadiram e vandalizaram uma empresa.
22 de fevereiro: no Bairro Jacarecanga, em Fortaleza, dois veículos da empresa Brisanet foram destruídos em incêndio.
Arte mostra mapa com locais que ficaram sem internet após ataques de facções no Ceará
Arte/g1
O que se sabe sobre os ataques de facção
Empresas de internet no Ceará têm sido atacadas por membros da facção criminosa Comando Vermelho. Desde fevereiro, Fortaleza e outros três municípios foram impactados após cinco empresas passarem por danos que as impediram de fornecer a conexão normal de internet para parte dos clientes.
1. Como foram os ataques?
O estado registrou, pelo menos, nove ataques, como corte de cabos de internet, incêndio de veículos e tiros contra as sedes das empresas, desde 22 de fevereiro.
2. Onde ocorreram os ataques?
Fortaleza, Caucaia, Caridade e São Gonçalo do Amarante foram municípios que registraram as ações criminosas. Na capital cearense, os bairros afetados foram Pirambu e Jacarecanga.
3. Quantas pessoas foram afetadas?
Nem as empresas de internet, nem a Polícia Civil informaram um número de pessoas afetadas com os ataques. Em Caridade, cidade de 22,5 mil habitantes no Norte do Ceará, a queda na conexão chegou a atingir 90% dos clientes.
4. Quem são os responsáveis?
Os ataques estão associadas à facção criminosa de origem carioca, Comando Vermelho.
5. Qual a motivação para os ataques?
O objetivo é forçar as empresas a repassarem à facção parte da mensalidade paga pelos clientes pelo serviço de internet. As ações são direcionadas àquelas que não obedecem aos criminosos, segundo o titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, delegado Alisson Gomes.
6. Quais ações tomadas pelo Governo do Ceará?
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, anunciou a criação de um grupo especial para investigar atos criminosos realizados contra empresas provedoras de internet. Até este momento, 40 pessoas foram presas.
Operação Strike: ações das Forças de Segurança de combate a crimes contra provedores de internet já resultaram em 40 capturas
Divulgação
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