25 de dezembro de 2024

7 em cada 10 escolas privadas de SP pretendem enrijecer regras para uso de celular, com ou sem diretriz do Congresso, aponta pesquisa


Segundo o levantamento, 16% dos colégios particulares do estado já proíbem totalmente o uso de aparelhos e redes sociais dentro do ambiente estudantil. Uso de celular no ambiente escolar é discutido no Congresso Nacional
Reprodução/TV Globo
No estado de São Paulo, 70% dos colégios particulares pretendem aumentar as restrições ao uso de aparelhos celulares dentro do ambiente escolar, ainda que não haja uma legislação específica sobre o tema, segundo uma pesquisa da empresa Meire Fernandes, voltada para gestão e soluções de Educação.
Segundo as escolas, o uso desregrado de celular entre os estudantes provoca falta de atenção durante as aulas (66%), reclamação de professores (61%) e falta de interação “olho no olho” durante os momentos de lazer (49%).
As instituições ainda mencionam o aumento de problemas de saúde mental (84%) e o estímulo à prática de cyberbullying entre crianças e jovens (66%).
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De acordo com a pesquisa, 16% das instituições particulares afirmam já proibir totalmente o uso do celular no ambiente escolar e apenas 6% permitem o uso irrestrito dos aparelhos. A maioria, 78% delas, impõe algum tipo de restrição, seja por faixa etária ou estabelecendo momentos de uso liberado.
Cerca de duas em cada cinco escolas apontam que os alunos cumprem as regras impostas para uso de celulares, e os resultados são satisfatórios.
Para 53% das escolas, a solução para os problemas causados pelo uso excessivo de aparelhos e redes sociais é investir em programas de prevenção e conscientização. Somente 23% veem a restrição total como uma boa saída.
“Precisamos aprofundar o debate dos prós e contras da restrição. Vivemos, nesse momento, um problema cultural do uso do celular e não é apenas uma simples proibição que vai levar o sucesso às escolas – acreditamos que as instituições precisam ensinar para seus alunos e famílias o uso responsável do celular e das tecnologias que já fazem parte tanto da vida dos professores como dos alunos também”, afirma o neuroeducador Fernando Lino, consultado pelos pesquisadores.
“Não existe como fugir dessa realidade. A tecnologia (e os celulares) já fazem parte da construção da identidade dessa geração”, completou.
O levantamento foi realizado entre 17 e 28 de outubro, de forma presencial e online, com representantes de escolas particulares de dez estados brasileiros. No território paulista, foram questionadas 95 instituições privadas.
Discussão no Congresso Nacional
Celular proibido nas escolas?
Em setembro, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que estava preparando um projeto de lei (PL) com o objetivo de proibir o uso de celulares em escolas públicas e privadas do Brasil. Contudo, a pasta desistiu de apresentar uma proposta própria e optou por “aproveitar” projetos sobre o tema que já tramitavam na Câmara dos Deputados.
O PL 104/2015, por exemplo, prevê a proibição do uso de celular dentro de sala, no recreio e também nos intervalos entre as aulas para todas as etapas da educação básica. Nesse caso, o uso seria permitido apenas para fins estritamente pedagógicos ou didáticos, conforme orientação do professor, e por questões de acessibilidade, inclusão e saúde.
O texto, de autoria do deputado Alceu Moreira (MDB-RS), tramita na Câmara desde 2015. Nesta quarta-feira (30), ele foi aprovado pela Comissão de Educação da Casa. Com isso, o projeto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sendo, posteriormente, debatido no plenário e enviado ao Senado.

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