22 de outubro de 2024

À Globonews, Boulos explica carta só no 2º turno e diz que direita soube passar mensagem a autônomos: ‘hipócrita, mas sedutora’

Candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo foi entrevistado na tarde desta terça-feira (22). Deputado federal criticou Ricardo Nunes (MDB) e disse que seu governo é fraco, o que, segundo ele, abre margem para a criação de milícias na cidade. Estúdio i: Guilherme Boulos (PSOL) responde sobre carta ao povo de São Paulo
Em entrevista à GloboNews na tarde desta terça-feira (22), o candidato à prefeitura Guilherme Boulos (PSOL) explicou o motivo de ter buscado um diálogo mais direto com os moradores de periferia — por meio da “Carta ao povo de São Paulo — apenas na reta final da eleição e afirmou que a extrema-direita soube passar uma mensagem mais “sedutora” aos trabalhadores autônomos da capital.
O deputado federal afirmou que o lançamento do texto tem relação direta com os ataques sofridos por ele longo da campanha: “O primeiro turno foi um negócio violento muito duro, uma campanha cheia de mentiras, fui vítima de um laudo falso de uso de drogas a 48 horas da eleição no primeiro turno”.
“As pessoas têm um receio. ‘Será que o Boulos dá conta?’. O que eu quis dizer com essa carta é dar segurança para esse eleitor que quer mudança na cidade de São Paulo, porque me preparei para governar, juntei um time de especialistas, trouxe a Marta Suplicy [PT], fui conhecer soluções internacionais”, completou.
Na carta publicada em suas redes sociais nesta segunda-feira (21), o candidato afirma que, se eleito, fará um governo de diálogo. O gesto é similar ao que fez o presidente Lula em 2002, quando publicou a “Carta ao povo brasileiro” durante a campanha de sua primeira vitória numa eleição presidencial.
O objetivo é suavizar a imagem de Boulos, que liderou o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e é visto como um radical de esquerda por parte do eleitorado.
O texto também é uma forma de aceno a moradores da periferia e trabalhadores autônomos que se identificaram mais com o discurso de Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno.
“A extrema-direita, muitas vezes, soube passar uma mensagem hipócrita, porque não está preocupada de verdade com essas pessoas, mas soube passar uma mensagem mais sedutora”, afirmou Boulos.
“Não disse que a esquerda deixou de falar com a periferia, deixamos de falar com tanta gente que também batalha e que buscou encontrar a sua própria forma de ganhar a vida, ou seja, com esses trabalhadores”, disse.
PCC infiltrado na prefeitura
Guilherme Boulos citou, ainda, a possibilidade de a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) estar infiltrada na capital por meio da prestação de serviços e obras para a Prefeitura de São Paulo.
O candidato mencionou reportagem publicada nesta terça (22) pelo jornal “O Globo” que fala sobre uma investigação da Polícia Federal em relação à denúncia.
“É uma denúncia que eu tenho feito continuamente nos debates através do ex-cunhado do Marcola, comandante maior do PCC, que é chefe de gabinete da secretaria de Obras”, afirmou.
“Já tinham sido feitas as denúncias e até operação policial com prisões de donos de duas grandes empresas de ônibus da cidade de São Paulo que receberam quase R$ 1 bilhão de subsídio da prefeitura, do nosso dinheiro, por ligação com o crime organizado”, continuou.
O deputado aproveitou o tema para criticar Ricardo Nunes (MDB) e disse que seu governo é fraco, o que, segundo ele, abriria margem para a criação de milícias na cidade, por exemplo.
“Às vezes, as pessoas olham para o Ricardo Nunes e falam que ele é meio inofensivo, não faz mal, não fede, não cheira, só que elas deixam de entender o seguinte: um governo fraco é o que abre espaço para os verdadeiros vilões tomarem conta. No Rio de Janeiro, foi quando a milícia foi tomando conta do botijão de gás, depois passou para extorquir comerciante, cobrar taxa de segurança de morador, e por aí vai”, afirmou.
“O risco que a gente tá vivendo em São Paulo. [O crime organizado] já controla um transporte, já entraram nas obras, já montaram milícia dentro da GCM na Cracolândia. O risco que a gente tá correndo é muito grande, é isso que eu quis alertar também nessa carta”, disse Boulos.
Guilherme Boulos (PSOL)
Reprodução

Mais Notícias