21 de outubro de 2024

A luta de uma filha para soltar a mãe, presa por abuso sexual cometido pelo ex-namorado dela

Antônia Edilene foi presa nove anos depois da sua filha ter sido abusada, mas não teve participação no crime. A luta de uma filha para libertar a mãe inocente, vítima de uma injustiça cruel
Uma mulher estava reunida com os cinco filhos na antevéspera de Natal de 2021 em Fortaleza quando, de repente, foi presa sem nem saber o porquê. Antônia Edilene foi chamada a descer até a portaria do condomínio onde mora. Lá, lhe entregaram uma carta que, na verdade, era um mandado de prisão.
Edilene não sabia que estava sendo processada por um acontecimento ocorrido em 2012. Uma das filhas dela, que preferiu não se identificar, sofreu abuso sexual de um namorado dela, quando tinha apenas 12 anos E revelou quem à época, decidiu não contar para a mãe.
Edilene prestou depoimento e foi liberada. Apenas o abusador foi denunciado naquele momento. No entanto, em 2015 foi feito um acréscimo à denúncia, que incluía Edilene como acusada de omissão. No entanto, ela mudou de endereço tempos antes.
O processo, então, seguiu sem que Edilene fosse ouvida novamente. E em 23 de dezembro de 2021, ela foi presa quando estava em casa com os filhos.
A filha passou a lutar para que ela fosse solta. Ela buscou a Defensoria Pública do estado do Ceará. E lá, ouviu a sugestão de que procurasse o Projeto Inocência, organização internacional que atua para libertar da prisão vítimas de erros de Justiça. E as duas entidades passaram a trabalhar juntas.
A primeira ação da Defensoria e do Projeto foi procurar por novas testemunhas do abuso da filha. Uma delas, o pai, já era separado na época e foi quem contou dos abusos a Edilene. Que, ao saber, desabafou com uma vizinha.
A procura de provas encontrou várias testemunhas. Uma delas foi decisiva para o caso.
À época, ao saber do abuso que a filha sofreu, Edilene foi ao bar do então namorado e, transtornada, quase chegou às vias de fato com o abusador. Um homem que estava no local a conteve.
Este homem, Joselânio Rodrigues, nunca havia sido ouvido no processo. Mas a Defensoria e o Projeto Inocência o encontraram e conseguiram ouvir o que ele viu.
“Ela estava batendo nele e estava ficando mais agressiva e tal, e nós chegamos até a porta, conversamos com os dois, e ela saiu”, disse a testemunha.
“Era perceptível que ela estava muito nervosa e que parecia ser uma coisa séria, claro, né”.
O depoimento fez com que o Projeto Inocência pedisse um novo julgamento. E Edilene saiu da cadeia no último mês de agosto, depois de 2 anos e 7 meses presa. Em 30 de setembro, os 14 desembargadores do Tribunal de Justiça reverteram por unanimidade a condenação de Edilene, que agora é inocente.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Ceará disse que, citada em 2015, Edilene apresentou resposta à acusação por meio da Defensoria Pública que indicou testemunhas. E que nenhuma testemunha apresentada foi negada pelo tribunal.
O abusador da filha de Edilene foi preso em 2022, no Rio de Janeiro. E Edilene conseguiu um emprego de auxiliar administrativa na própria Defensoria Pública do Ceará.
Veja a reportagem completa no vídeo acima.
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