A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou: a mpox não é a ‘nova Covid’. Partículas do vírus da mpox vistas em microscópio eletrônico.
NIAID
A mpox recebeu o mais alto nível de alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) na última semana. Depois disso, muitas dúvidas surgiram sobre a doença que era chamada de varíola dos macacos.
Como por exemplo: será que ela vai ser a próxima Covid?
A resposta é ❌ Não.
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou: a mpox não é a “nova Covid”.
Isso acontece porque as autoridades de saúde já sabem como controlar sua disseminação. Além disso, também já temos vacinas e testes de diagnóstico.
O MPXV, o vírus que causa a doença, foi identificado pela primeira vez em 1958. De lá para cá, muito já se sabe sobre ele.
Sabemos, por exemplo, que existem dois grandes tipos do MPXV: o clado 1 e o clado 2. De forma geral, o clado 1 é considerado mais grave e mortal que o clado 2 nas populações afetadas.
⚠️ Mas no Brasil, até o momento, nenhum caso do Clado 1b (o subclado que originou esse novo surto) foi identificado.
“A mpox não é a nova Covid. Seja o clado 1 da mpox, que originou a epidemia atual na África central e oriental, ou o clado 2, que originou a epidemia de 2022 no mundo”, disse Hans Kluge, diretor europeu da OMS.
Embora esta seja a primeira vez desde a pandemia de Covid-19 que uma doença recebe uma classificação tão alta de alerta pela OMS, na prática, a medida visa apenas facilitar a coordenação internacional para lidar com a mpox e, consequentemente, evitar o aumento do número de casos.
Ele possibilita, por exemplo, desbloquear financiamentos para colaboração no compartilhamento de vacinas, tratamentos e testes de diagnóstico.
Mas o alerta não indica que a doença se transformará em uma pandemia. A microcefalia causada pelo Zika Vírus também foi declarada uma emergência, mas a doença nunca atingiu a classificação de pandemia.
O termo pandemia é diferente e só se aplica quando há transmissão sustentada do surto em vários continentes – o que não está acontecendo com a mpox.
Desde 2007, quando a OMS começou a responder a ameaças globais à saúde, foram emitidas oito declarações de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII).
“No Brasil, ainda não há um decreto equivalente [para a mpox], o que significa que a situação não se configura como uma emergência no território nacional. No entanto, isso não significa que não possa evoluir”, explica ao g1 a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.
“Embora o aumento esteja atualmente restrito à República Democrática do Congo e não haja uma epidemia em toda a África, o crescimento dos casos justifica o uso do instrumento de emergência conforme o regulamento sanitário internacional”, acrescenta.
O vírus da mpox possui dois tipos clássicos, com diferentes níveis de gravidade.
Ana Moscatelli/Arte g1
A região registrou, desde o começo do ano, mais de 17 mil casos suspeitos e confirmados e 517 mortes, segundo os últimos dados divulgados pelo Africa CDC em 9 de agosto.
Só na República Democrática do Congo (RDC) são 16.789 casos. Destes, 14.151 são suspeitos e 2.638 confirmados. O país concentra também quase todo o total de mortes no continente este ano: 511.
Agora um fato é certo, erradicar a doença vai ser algo bem difícil.
Isso acontece porque ela não pode ser erradicada da mesma forma que a varíola humana foi, por exemplo.
A varíola humana (chamada de smallpox, em inglês) foi erradicada porque o ser humano era o único hospedeiro do seu vírus (variola virus), e ao cortar a cadeia de transmissão entre as pessoas, a doença foi eliminada.
A erradicação da varíola humana foi um marco na saúde pública mundial. Por causa de uma campanha global intensa, ela foi erradicada em 1979, e as campanhas de vacinação foram encerradas em 1980 pela OMS.
No caso da mpox, o cenário é diferente. Apesar do nome antigo “varíola dos macacos”, os macacos são apenas hospedeiros acidentais da doença.
Na verdade, os hospedeiros naturais do vírus da mpox na África são roedores.
“Isso significa que, mesmo que a mpox seja erradicada entre os humanos, o vírus pode continuar circulando entre os animais, tornando a erradicação muito mais complicada”, completa o virologista Flávio Guimarães da Fonseca.
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