Artista é velado neste domingo (12) no CTG Sentinela da Querência, em Erechim. Ele morreu aos 82 anos, após uma luta de duas décadas contra o câncer. Morre Gildinho, um dos maiores nomes da música gaúcha
Fãs, colegas e familiares de Nésio Alves Corrêa, o Gildinho, se despedem do artista neste domingo (12), no CTG Sentinela da Querência, em Erechim, Norte do RS. O artista foi referência da música tradicionalista gaúcha e é reconhecido por fundar o grupo Os Monarcas.
Gildinho faleceu na tarde de sábado (11), aos 82 anos, após uma luta de duas décadas contra o câncer – um tumor que começou na tireoide.
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O velório do artista começou às 9h e segue até às 17h. O sepultamento ocorre em seguida, no cemitério municipal de Erechim.
Entre os familiares presentes na despedida está a neta Valentina Corrêa. Ela afirma que a música representava a vida dele e que, quando esteve internado pela doença, relembrava os momentos da carreira.
Velório de Nésio Alves Corrêa, o Gildinho, em Erechim
Cristiano Junkherr/RBS TV
“A música representava tanto para o meu avô que nos últimos momentos da vida dele, ainda quando estava no hospital, ele recordava dos momentos de música de toda a história que ele viveu, que a vida dele toda era à base da música. A música foi a grande paixão da vida dele”, afirma.
No mesmo local da despedida, o aniversário de 82 anos de Gildinho chegou a reunir mais de 1 mil pessoas. Ele foi um dos fundadores do centro de tradições e completaria 83 anos em 18 de janeiro, segundo a filha Sandra Márcia Borges Corrêa.
“Como filha, é um dia de profunda tristeza, mas de muito orgulho e felicidade, de ver também como a comunidade erechinense tá reconhecendo esse trabalho dele”, diz. Então, a história dele está muito ligada a esse lugar [o CTG]. Ele comemorou no passado os 82 anos dele aqui, numa festa para mais de 1 mil pessoas, que foi bem emblemática”, complementa.
Mesmo lutando contra o câncer ao longo dos 20 anos, Gildinho esteve nos palcos com a banda que havia fundado em 1972. No dia 20 de novembro, no entanto, ele foi internado no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, com sangramentos e dores ósseas. Durante a internação, os médicos descobriram também um tumor na próstata.
O baterista da banda Vanclei da Rocha afirmou que o artista costumava dar oportunidades a novos talentos e que agia com humildade.
“Aprendi uma coisa com o Gildinho, que é dar uma oportunidade para novos talentos. Ele sempre fez isso, ele sempre ajudou novos talentos, inclusive tem o projeto Os Monarcas e Os Novos Talentos. Ele é um cara muito simples, muito simples. Bonachão, amigo de todo mundo, dava atenção para todo mundo”, diz.
Velório de Gildinho, fundador do grupo ‘Os Monarcas’, em Erechim
Cristiano Junkherr/RBS TV
Entre os novos talentos está o vocalista Ivan Vargas, que entrou no grupo musical há cinco anos. Ele garante que a banda vai continuar, já que era uma vontade do fundador.
“Nós vamos manter o legado da história do grupo Os Monarcas, como a gente já vem mantendo, desde os mais antigos até os mais novos, e sou eu junto com os meus colegas. A história continua, o legado está mais firme ainda agora. Nós somos um compromisso maior de Os Monarcas”.
O artista regionalista João Luiz Corrêa diz que teve Gildinho como referência na composição musical e que foi incentivado a preservar a gaita nos palcos. No fim de 2024, Corrêa foi homenageado com uma estátua em Soledade, no Norte do RS, e diz que deve ao músico parte da distinção.
“Eu disse, pena que ele estava doente e já não pôde ir, mas eu disse pra ele ‘essa estátua metade é do senhor’. É difícil, é isso. Eu peço às pessoas que sempre tiveram carinho por ele, que o melhor pagamento, eu acho, hoje, de cada um, é ouvir as músicas dele, eternizar ele para sempre”, diz.
Fã foi pedida em casamento no show do grupo
Leovane Dere, de Foz do Iguaçu, se despediu de Gildinho, fundador do grupo ‘Os Monarcas’
Cristiano Junkherr/RBS TV
Há nove anos, Darci João da Silva pediu em casamento Leovane Dere em uma apresentação do grupo Os Monarcas. Eles são de Foz do Iguaçu, no Paraná, e se conheceram, inclusive, em um show deles.
Hoje, o casal representa o grupo com um fã clube em uma rede social que reúne mais de 41 mil membros.
Eles estavam de férias visitando a Região das Missões, no Noroeste do RS. Na volta para casa, receberam a notícia da morte do cantor.
“A gente está representando cada um dos fãs, de todo o Brasil. A gente recebeu muita mensagem. Estamos representando cada um dos fãs de tão longe, porque é muito amor e muito carinho por ele. Ele sempre reconheceu a gente como fã, sempre deu atenção e carinho pra cada um dos fãs, sempre. Tipo assim, aquela coisa de a gente chegar nos bailes e ele te enxergar”, revela Leovane.
Gildinho
Divulgação/Os Monarcas
Memória
Sob a liderança, do “taura da moda antiga” Os Monarcas gravaram 50 discos e receberam dez de ouro, tendo sido premiado nacionalmente, com o extinto “Prêmio Sharp” e quatro vezes com o Prêmio Açorianos. Gildinho também foi patrono da Semana Farroupilha, recebeu o Troféu Guri, do Grupo RBS e a Medalha do Mérito Farroupilha da Assembleia Legislativa.
Thomas Machado e Gildinho, do grupo Os Monarcas, se apresentam em Erechim
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