24 de setembro de 2024

A Semana da Arte Moderna de 1922 e o Enem 2024: professor dá dicas de conteúdo sobre o evento

Segundo o professor de literatura Rômulo Arantes, do Colégio Equação Certa, o inicio da modernidade no Brasil é um dos temas mais relevantes para a prova de história em Ciências Humanas no Enem. Ingresso Universitário: Professor dá dicas de Literatura para o Enem 2024
A Semana de Arte Moderna, evento organizado por um grupo de intelectuais paulistas e artistas por ocasião do Centenário da Independência em 1922, é considerada um marco na história do Brasil. Segundo o professor de literatura Rômulo Arantes, esse conteúdo sempre está presente nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
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“O conteúdo é o modernismo brasileiro. ‘Professor, o que foi o modernismo brasileiro?’ Foi uma escola literária, um conjunto organizado de produções literárias de uma determinada época. A vibe do evento era inovação. E para inovar os caras olharam pra trás e falaram: quatro séculos de erros. Três séculos copiando Portugal e um século copiando a França”, explicou o professor.
“Então, a Semana da Arte Moderna foi um protesto. Começou em 1922, mas não deu certo. Continuou em 1930, e também não deu certo, a Modernidade só chegou mesmo em 1945 quando os autores olharam e perceberam que era preciso harmonizar, equilíbrio entre forma e conteúdo. E aí se atinge a modernidade”, finaliza o professor Rômulo.
Influenciados pelo fim da Primeira Guerra Mundial e pelas vanguardas europeias, os organizadores da Semana da Arte Moderna propunham o rompimento com a arte acadêmica e o compromisso com a independência cultural. Também lutavam pela valorização de uma arte “mais brasileira”.
Apesar de ter provocado irritação e algazarra no público presente por suas visões, a Semana conseguiu revelar novos grupos, artistas e publicações, tornando a arte moderna uma realidade cultural no Brasil.
Anita Malfatti
O quadro ‘A Estudante’ faz parte do acervo do MASP
Reprodução/Instagram
A pintora paulista Anita Malfatti, que também era desenhista, gravadora, ilustradora e professora, é uma das mais relevantes artistas brasileiras, com papel determinante na introdução da estética modernista no país.
Sua relevância pode ser aferida pelo destaque concedido a ela na programação da Semana de Arte Moderna: Anita foi a artista com maior representação individual na exposição, com 12 telas a óleo e oito peças entre gravuras e desenhos.
Di Cavalcanti
Amigos (Boêmios)
Di Cavalcanti
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti, destacou-se nas artes plásticas por retratar figuras populares da cultura brasileira, como as favelas, o samba e o carnaval.
Na Semana de Arte Moderna, além de apresentar onze telas no hall do Teatro Municipal, o pintor carioca foi responsável por ilustrar as capas do programa do evento e do catálogo da exposição de artes visuais.
Uma de suas obras exibidas foi ‘Amigos (Boêmios)’, 1921, que atualmente faz parte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
John Graz
Paisagem da Espanha
John Graz
O pintor suíço-americano John Graz foi outro dos artistas convidados a expor na Semana de Arte Moderna. Entre as obras escolhidas para fazer parte da exposição estava a tela ‘Retrato do Desembargador Gabriel Gonçalves Gomide’, de 1917. O quadro faz parte do acervo do MASP, em São Paulo.
Graz também exibiu a obra ‘Paisagem da Espanha’, pintada em 1920. O quadro está em exibição na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Vicente do Rego Monteiro
O Artesão
Vicente do Rego Monteiro
O pintor e escultor pernambucano Vicente do Rego Monteiro também participou da mostra. Suas obras eram fortemente inspiradas pela cultura indígena e marcadas pela simplificação.
Ao todo, o artista exibiu oito trabalhos no Teatro Municipal. Um deles, intitulado ‘Retrato de Ronald de Carvalho’, de 1921, pode ser visitado atualmente no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.
Mário de Andrade
Foto oficial do grupo da Semana de Arte Moderna: Mário de Andrade, de terno escuro e óculos, está à esquerda
Reprodução Casa Mário de Andrade
Um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade foi um grande poeta, romancista e crítico de literatura e arte. O escritor leu alguns de seus poemas no palco do Theatro Municipal de São Paulo ao longo dos três dias de apresentações, mas foi criticado pela imprensa paulista e vaiado em diversas ocasiões pelo conteúdo vanguardista das obras.
Isso aconteceu durante o segundo dia de apresentações, quando Mário de Andrade recitou o poema Ode ao Burguês, que faz parte do seu livro Paulicéia Desvairada. A antologia de contos foi publicada em 1922 e é reconhecida por muitos como a primeira obra realmente de vanguarda do movimento modernista.
O poema escolhido para ser apresentado no Teatro Municipal desagradou pois atacava a burguesia e, dessa forma, muitos dos presentes na plateia.
Também no segundo dia do evento, Mário realizou uma conferência, que mais tarde viraria livro, publicado como ensaio intitulado “A Escrava que Não é Isaura”. Em sua fala, o escritor defendeu a modernidade no Brasil, sugerindo um olhar que mire as raízes da cultura popular brasileira.
Todas as obras de Mário de Andrade se tornaram domínio público em 2014, o que significa que os livros que contém o poema e a conferência apresentados no Theatro Municipal podem ser baixados gratuitamente pelo Google Livros e outras ferramentas online.
Graça Aranha
Teatro Municipal de São Paulo em 1911: mais de dez anos após inauguração, local foi o palco da Semana de 1922
Divulgação/Theatro Municipal de São Paulo
Mais conhecido por seu papel na diplomacia brasileira, Graça Aranha também teve um papel significativo no movimento modernista e na Semana de 22. Além de organizador e financiador, ele ficou encarregado de proferir o discurso inicial intitulado “A emoção estética na arte moderna”.
Parte da palestra está disponível para leitura na página do autor no site da Academia Brasileira de Letras (ABL), que Aranha ajudou a fundar em 1897.
Graça Aranha iniciou seu discurso elogiando os jovens e ousados artistas modernos, mas dedicou-se em grande parte a academia, assim suas regras e moldes para a arte. “O que se pode afirmar para condená-la é que ela suscita o estilo acadêmico, constrange a livre inspiração, refreia o jovem e árdego talento que deixa de ser independente para se vasar no molde da Academia”, diz um trecho da apresentação.
Manuel Bandeira
O poeta pernambucano Manuel Bandeira não participou da Semana de Arte Moderna de 1922, mas seu poema “Os Sapos” foi lido no segundo dia de evento. Os versos foram declamados por Ronald de Carvalho, em meio às vaias da plateia.
O poema de 1918 carrega métrica regular e preocupação com a sonoridade, em uma espécie de paródia da poesia parnasiana. O objetivo era criticar o apego do formato à métrica, o que causou indignação do público.
É possível ler o poema na coletânea ‘Melhores poemas: Manuel Bandeira’, publicada pela Global Editora em 2020. Ele também está disponível no site do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo (USP).
Heitor Villa-Lobos
Villa-Lobos fundou a Academia Brasileira de Música em 1945
Divulgação/Academia Brasileira de Música
O compositor carioca Heitor Villa-Lobos foi a principal figura da música na Semana de 1922. Ele já era um dos mais importantes compositores brasileiros à época do evento e exibiu sua obra em dois dias de apresentações.
Mas foi o terceiro dia de apresentações no Theatro Municipal que entrou para a história. Antes mesmo de começar sua apresentação, o maestro causou uma das maiores polêmicas da Semana ao subir no palco com um pé calçado com um sapato e outro com chinelo. Sua atitude foi classificada por muitos como desrespeitosa e rendeu vaias e críticas da plateia, mas depois descobriu-se que o compositor sofria com um calo, o que o impediu de vestir o calçado.
Entre as obras do compositor apresentadas estiveram “Segunda Sonata”, “Danças Africanas”, “Valsa Mística”, “Cascavel”, “Terceiro Quarteto”, entre outras.
Todas as peças podem ser escutadas em aplicativos de streaming como o Spotify e também no Youtube.
Há ainda a possibilidade de desfrutar das obras do compositor no espaço Ouvillas, localizado dentro do Parque Villa Lobos na cidade de São Paulo. Ali os visitantes podem descansar em bancos e espreguiçadeiras enquanto ouvem as músicas tocadas em pequenas caixas de som.
Guiomar Novaes
Retrato da pianista Guiomar Novaes
Reprodução/Instituto Piano Brasileiro
As apresentações musicais da Semana de Arte também foram compostas por Guiomar Novaes. A paulista é considerada por muitos como a maior pianista brasileira.
Guiomar participou do primeiro dia de apresentações. O desejo dos modernistas era que ela tocasse as paródias que Erik Satie fez das obras de Chopin, mas ela se recusou. Por fim, ela apresentou sucessos de Debussy, Blanchet e Villa-Lobos. É possível ouvir gravações da pianista tocando essas obras no Spotify, Deezer, Apple Music e YouTube.
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Cronograma do Enem 2024
Divulgação dos locais de prova: data a ser marcada
Aplicação do Enem: 3 e 10/11/2024
Divulgação do gabarito: 20/11/2024
Divulgação do resultado: 13/1/2025
Enem 2023
🖊️ Para que serve o Enem? Ele é uma das principais portas de entrada para a educação superior no Brasil, utilizado por instituições públicas e privadas como critério de seleção, além de ser um requisito para programas governamentais de auxílio estudantil. Não há como se inscrever no Sisu, no Prouni e no Fies sem ter feito o Enem.
O Enem é aplicado em dois domingos e divide o conteúdo por áreas do conhecimento, além de ter uma redação. Neste ano, o exame está previsto para os dias 5 e 12 de novembro.
Dia 3 de novembro:
🗺️ Ciências Humanas e suas Tecnologias: 45 questões de múltipla escolha de geografia, história, filosofia e sociologia.
📚 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: 40 questões de múltipla escolha de português e literatura e mais 5 de língua estrangeira (inglês ou espanhol).
✍️ Redação dissertativa-argumentativa: texto tem que ser escrito com base em uma situação-problema apresentada. Veja redações nota mil.
Dia 10 de novembro:
🔢 Matemática e suas Tecnologias: 45 questões de múltipla escolha.
🧪 Ciências da Natureza e suas Tecnologias: 45 questões de múltipla escolha de biologia, química e física.
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