29 de dezembro de 2024

Acusados de matar suspeito de roubo e plantar arma para justificar ação, PMs viram réus por homicídio e fraude processual


Caso aconteceu em fevereiro de 2023, na Zona Sul da São Paulo, e resultou na morte de Luiz Fernando Alves de Jesus, de 20 anos. Após a execução, a perícia encontrou um simulacro de arma de fogo com o suspeito. Contudo, na delegacia, os agentes entregaram uma pistola supostamente apreendida na ação. Acusados de matar um suspeito de roubo e plantar arma para justificar a ação, PMs da Rota viram réus por homicídio e fraude processual
Dois policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) viraram réus na Justiça por homicídio por matarem um suspeito de roubo em fevereiro de 2023, na Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo.
Além da execução, um deles também é acusado de fraude processual e omissão de socorro.
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Na data, cinco agentes patrulhavam a região das avenidas Cecília Lottenberg e Professor Alceu Maynard Araújo quando viram que um casal estava sendo vítima de roubo.
Como mostrado pelas câmeras corporais dos PMs, às quais a TV Globo teve acesso, Richard Wellyngton Vetere e Filipi Rufino de Andrade apenas abaixam a janela do carro e já atiram contra os suspeitos. Um desses tiros atinge, de raspão, uma mulher que caminhava na rua.
PMs da Rota viram réus por homicídio após matarem suspeito de roubo em São Paulo
Reprodução/TV Globo
Luiz Fernando Alves de Jesus, um dos dois suspeitos envolvidos na tentativa de roubo, sai correndo, mas logo é baleado nas costas e cai no chão. Mesmo com o homem já deitado, Richard atira novamente contra ele.
No vídeo, não é possível ver Luiz Fernando armado, mas, mesmo assim, o agente diz: “Está armado, está armado, hein? 248, desarmei, desarmei” (veja vídeo acima).
Após a ação, os policiais da Rota apresentaram uma pistola .40 na delegacia e afirmaram pertencer ao homem morto.
Contudo, o laudo policial citado na denúncia do Ministério Público que desencadeou o processo aponta que o suspeito não carregava uma arma de fogo, apenas um simulacro encontrado em sua calça pela perícia após ele já estar morto.
Para o MP, a entrega da arma foi uma tentativa de legitimar o homicídio. “Tudo indica que ele praticou aquele assalto com uma arma de brinquedo e não com uma arma real que teria aparecido depois”, afirma a defensora pública Andrea Haddad.
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As câmeras corporais ainda captaram o momento em que os médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegam ao local. Ao tentarem atender Luiz Fernando, eles são impedidos pelos policiais, que os direcionam para a mulher que foi baleada de raspão.
“Esse aqui é bandido, ó, a vítima, ali, é uma pessoa que estava passando”, diz Richard.
A mãe de Luiz Fernando, Sandra de Jesus, diz estar indignada. “Eu entendi que não foi uma ação policial, foi uma execução”, afirma.

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