1 de janeiro de 2025

Acusados pela morte do congolês Moïse Kabagambe vão ser julgados por um júri popular

Moïse foi espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, em janeiro de 2022. Três agressores estão presos preventivamente desde o crime. Moïse Kabagambe
Arquivo pessoal
A Justiça decidiu que os acusados pela morte de Moïse Kabagambe vão ser julgados por um júri popular.
Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Alexander Luz da Silva vão responder por homicídio doloso triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima).
O julgamento ainda não tem data marcada. Os três acusados também tiveram a prisão preventiva mantida.
“Mantenho a prisão preventiva dos acusados, pois permanecem inalterados os motivos ensejadores da prisão, além da necessidade de resguardar a integridade física e psicológica das testemunhas, que ainda poderão prestar declarações na sessão plenária”, decidiu a juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal do Rio.
Moïse Kabagambe nasceu no Congo, na África, e trabalhava por diárias em um quiosque perto do Posto 8, na Barra da Tijuca. Ele foi espancado até a morte, no dia 24 de janeiro de 2022. O crime foi todo registrado por uma câmera de segurança. Nas imagens, é possível ver Moise sofrendo uma série de agressões.
No ano passado, testemunhas da morte deram seus relatos sobre o crime durante a primeira audiência de instrução e julgamento, na 1ª Vara Criminal da capital, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
Os pais e um dos irmãos de Moïse em um evento, um ano depois de sua morte
Alba Valéria Mendonça/g1 Rio
Os presos pelo caso são:
Fábio Pirineus da Silva, o Belo, que segundo a polícia, confessou que deu pauladas no congolês.
Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, que admitiu ter participado das agressões, mas disse que “ninguém queria tirar a vida dele”;
Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota, que segundo a polícia aparece no registro das agressões imobilizando Moïse no chão.
Vídeo mostra momento em que homens se juntam para agredir congolês na Barra
Na saída da audiência do ano passado, a mãe e o irmão de Moise falaram sobre a luta por justiça.
“Queremos que a justiça seja feita e que eles paguem pelo que fizeram. Ninguém merece tirar a vida de uma pessoa só por causa de uma cerveja. Moise nunca foi de brigar. Todo mundo que conviveu com ele sabe como ele era”, comentou o irmão.
A família do congolês disse que ele tinha ido ao quiosque cobrar um pagamento atrasado.
“É muito difícil, hoje estava muito a dor”, comentou Lavy Ivone, mãe de Moise.
Crime registrado por câmera
O crime foi todo registrado por uma câmera de segurança. O congolês Moïse Kabagambe aparece de bermuda vermelha discutindo com um homem em um quiosque, na Barra da Tijuca, no dia 24 de janeiro de 2022. Outras duas pessoas chegam e ele é jogado no chão.
Nesse momento, começa a sessão de espancamento. Moïse tenta se defender, mas outro homem aparece com um pedaço de pau. Ele golpeia o congolês pelo menos 15 vezes. Minutos depois, Moïse é imobilizado e leva pelo menos outras 12 pancadas.
Em vídeo, homem assume que participou das agressões que mataram congolês
Um quarto homem surge, pega um pedaço de pau e atinge o rapaz outras quatro vezes. Moïse chega a ser amarrado, mesmo sem esboçar qualquer reação.
Quando os agressores percebem que o congolês está desacordado, tentam socorrê-lo. Outras pessoas também aparecem para prestar socorro, mas não ele já está morto.
O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) indicou que a causa da morte foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente.
O documento diz ainda que os pulmões de Moïse tinham áreas hemorrágicas de contusão e também vestígios de broncoaspiração de sangue.

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