Menino, de 17 anos, foi encontrado perdido por outras duas estudantes da escola a aproximadamente um quilômetro da unidade de ensino em Itanhaém (SP). Caso foi registrado como abandono de incapaz. Adolescente, de 17 anos, com autismo e cegueira ‘escapa’ de escola, em Itanhaém (SP), e é achado perdido por duas estudantes
Arquivo Pessoal
Uma mãe, de 42 anos, passou por momentos de desespero ao receber ligações e mensagens de duas adolescentes informando que o filho dela, de 17, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), cegueira em um dos olhos e não verbal – não se comunica com a fala – havia escapado da escola em Itanhaém, no litoral de São Paulo. Em nota, a Secretaria Estadual da Educação, disse apurar o caso (veja abaixo).
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Ao g1, neste sábado (16), a autônoma Paula Maria Cruz contou que, horas antes do filho ‘escapar’ da escola, sem que ninguém percebesse, ela conversou por telefone com a diretora da Escola Estadual Professor Jon Teodoresco, no bairro Mosteiro, para reforçar como seria o esquema da saída do estudante, que voltaria para casa em uma van municipal.
No entanto, no final do dia, foi surpreendida com duas adolescentes que a avisaram que o filho estava perdido na rua. “Falaram que estavam perto de um posto de gasolina, mas, na hora do desespero, eu não sabia onde era [o posto] e elas [estudantes] se ofereceram a levar ele [o filho] de volta à escola”.
Quando a autônoma chegou na escola, o filho não havia retornado, pois, segundo as adolescentes, estava a aproximadamente um quilômetro de distância da unidade escolar. Ela aproveitou para perguntar aos funcionários da unidade de ensino o que ocorreu, mas ouviu que a situação, infelizmente, acontece.
As adolescentes não estudam na mesma sala do filho de Paula, que está no 1° ano do Ensino Médio. Apesar disso, conseguiram o contato no colar de girassol que o adolescente usava. Segundo ela, ninguém da escola se preocupou com a saúde do menino.
“Meu sentimento é de indignação. Como pode tratar essas crianças com necessidades especiais como uma escória da sociedade? Como acontecia em tempos atrás? […] Eles tornam as crianças invisíveis, tão invisíveis a ponto do meu filho sair da escola sozinho, sem ninguém ver”, disse.
Posteriormente, a diretora disse à mãe que as filmagens mostram o adolescente recolhendo os materiais, colocando a mochila nas costas e deixando a sala junto com os demais alunos após o sinal tocar – alertando sobre o término da aula.
No entanto, a profissional disse que as imagens só serão fornecidas judicialmente e alertou Paula a fazer isso rápido, pois somem após 15 dias.
Paula está indignada que a escola, em Itanhaém (SP), tenha deixado o filho com autismo e cegueira sair sozinho da unidade
Arquivo Pessoal
“Ele foi solto em um período que já estava à noite. Ele perambulou pela rua e sabe Deus qual caminho fez. […] Que segurança eu tenho de mandar meu filho para uma escola agora? Quem me garante que isso não vai acontecer de novo?”, disse ela.
Paula disse que não consegue acreditar que fizeram isso com o filho dela, que vai à escola desde os dois anos e nunca passou por isso — ele é novo nessa unidade. Ela afirmou que o filho não fala, ou seja, não sabe dizer o próprio nome e nem onde mora.
“Foram diversos pensamentos de tudo de ruim que poderia ter acontecido. Como a gente vê nos jornais o que acontece: crianças desaparecidas, que nunca são encontradas. Ele poderia ter sido sequestrado, ter sido abusado. […] A vida dele foi colocada em risco, ele poderia ter sido atropelado”.
O caso, que ocorreu na última segunda-feira (11), foi registrado como abandono de incapaz na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), mas foi encaminhado ao 1° DP, onde será investigado.
Posicionamentos
Em nota, a Secretaria de Educação de Itanhaém informou ter sido notificada e esclareceu que, no momento em que a van chegou para realizar o transporte do aluno, ele já não estava mais na escola, e que o fato foi relatado por escrito pelo motorista escolar e protocolado junto à direção da escola.
A Secretaria Estadual de Educação, por meio da Diretoria de Ensino (DE) de São Vicente, lamentou o ocorrido e informou que designou um supervisor para apurar a conduta da escola no caso. A pasta informou, ainda, que está à disposição da família e autoridades para prestar qualquer esclarecimento.
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