Corpo de Adonilia Custódio de Souza, de 71 anos, tinha sinais de violência e indícios de abuso sexual. Suspeito, de 15 anos, confessou o crime mas negou ter abusado da vítima. Corpo de Adonilia estava em uma sala de escola abandonada no Aureny
Ana Paula Rehbein/ TV Anhanguera/ Divulgação
O adolescente de 15 anos, suspeito de assassinar a idosa Adonilia Custódio de Souza, disse em depoimento que teve um ataque de fúria após ser supostamente assediado pela vítima, e por isso a atacou com socos. Ele confessou o crime, mas negou ter abusado sexualmente dela.
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Adonilia tinha 71 anos de idade e havia desaparecido na manhã de segunda-feira (19). Cerca de 24h depois, os filhos dela encontraram o corpo em uma escola abandonada na região sul de Palmas. Ela tinha marcas de violência e indícios de possível abuso sexual, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O adolescente disse para a polícia que estava indo para a escola quando a idosa o abordou e o chamou para ir até o local do crime. O suspeito afirmou que não conhecia Adonilia, mas a acompanhou até a escola abandonada pensando que ela lhe ofereceria drogas.
Câmeras de segurança de estabelecimentos próximos ao prédio onde funcionava o Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) registraram suspeito e vítima caminhando em direção à escola abandonada. Segundo o suspeito, chegando ao local, a idosa teria tentado ter relações sexuais com ele, o que o levou a espancá-la em um ataque de raiva.
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Segundo o delegado responsável pela investigação, Israel Andrade, os socos foram suficientes para matar Adonilia. “Não usou nenhum tipo de arma, apenas as mãos para socá-la”, informou.
Conforme o depoimento, após as agressões o adolescente deixou o local com a idosa ainda viva e seguiu para escola. Quando terminou a aula ele passou no local do crime novamente e constatou que Adonilia havia morrido. De lá seguiu para casa normalmente, não falou nada para ninguém e nem acompanhou as notícias relacionadas ao caso.
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Ao delegado, o adolescente disse que não a estuprou e nem teve relação consensual com a vítima. “Essa é a versão dele. A da vítima não sabemos porque infelizmente não resistiu aos ferimentos contundentes e foi a óbito. Nesse caso, os laudos periciais realizados no local e no corpo da vítima serão determinantes para atestar o que de fato ocorreu naquele local”, afirma.
O adolescente justificou ter acessos de raiva frequentes por ter sido abandonado pelo pai quando bebê e nutre um ódio profundo em relação ao pai. “Ele disse que sempre que tem esses acessos de fúria esmurra as paredes, e foi esse mesmo sentimento que teve em relação a essa senhora, foi tomado pela raiva e a espancou”, disse o delegado.
O suspeito foi apreendido e levado até à sede da 1ª DHPP para prestar esclarecimentos. Após os procedimentos legais cabíveis, o adolescente será entregue ao Ministério Público, para adoção das medidas necessárias ao caso.
Idosa encontrada pelos filhos
Ismael e José Nilton, filhos de Adonilia, disseram para a Polícia Militar que a mãe fazia caminhada todos os dias pela manhã perto da escola. Durante as buscas pela idosa, eles entraram nos fundos da escola e avistaram um corpo deitado, sem roupas, e ligaram para a polícia.
Adonilia Custódio era mãe de seis filhos. Em entrevista ao g1, Maria de Jesus, de 37 anos, contou que a mãe era lúcida, aposentada, e catava latinhas por hobby. “Era uma terapia pra ela”, afirma. O crime pegou a família de surpresa, pois a idosa levava uma vida tranquila e não tinha inimizades.
“Só pode ter sido um monstro que fez isso com minha mãe. Ela foi estuprada e espancada. Era querida por todos, pioneira aqui desde o início de Palmas”, lamenta Maria.
Assim que a mãe desapareceu, a família registrou boletim de ocorrência e começou as buscas, também por conta própria.
“Procurando, procurando, sempre nos hospitais porque era nossa esperança porque ela não tinha problema com ninguém. Minha mãe era muito querida pelas pessoas, então como a gente sabia que ela tinha problema de coração, poderia ter passado mal e ido a algum hospital”, contou.
Local do crime serve de ‘motel’
O prédio em que estava o corpo funcionava o Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic), no Jardim Aureny I. Uma equipe da TV Anhanguera esteve no local que se tornou cena do crime e encontrou diversos objetos que indicam a finalidade para qual as salas estão sendo utilizadas.
Além de marcas de sangue, havia peças íntimas femininas, preservativos, chinelos e até um colchão. Também é possível ver muito lixo no espaço que seria um anexo inacabado da escola abandonada.
Sala em obras tinha preservativos, roupas íntimas e muito lixo
Ana Paula Rehbein/ TV Anhanguera
O abandono no prédio seria motivo de reclamações da população do Aureny IV, que teria pedido às autoridades uma solução para evitar a criminalidade na região. Em nota, a Secretaria de Educação (Seduc) afirmou que assinou convênio para construção de uma Escola de Tempo Integral no local. (Veja resposta abaixo)
O que diz a Seduc
A Secretaria de Estado da Educação informa que, no último dia 16, o Governo do Tocantins assinou convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de cerca de R$ 11 milhões, para a construção de uma Escola de Tempo Integral (ETI) no prédio do antigo Centro de Atenção Integral à Criança (Caic), no Jardim Aureny IV. O projeto prevê uma estrutura nova e completa, sem aproveitamento da antiga.
A Seduc ainda informa que a obra está em fase de preparação para licitação, que deverá ser concluída nos próximos meses.
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