25 de dezembro de 2024

Advogados estão entre investigados em operação contra fraude de R$ 20 milhões em benefícios pagos pelo acidente com o césio-137

Acidente radiológico é considerado o maior da história fora de uma usina nuclear. Advogados usaram documentos falsos para conseguir benefícios, segundo Polícia Civil. Duas advogadas são presas suspeitas de fraude em benefício para vítimas do césio-137
Uma operação da Polícia Civil resultou na prisão de pessoas envolvidas em um esquema de fraude relacionado ao pagamento de benefícios destinados às vítimas do acidente com o césio-137. De acordo com o delegado Leonardo Pires, advogados estão entre os investigados.
“Foi desarticulado um grupo criminoso composto por indivíduos, em sua maioria advogados, que captava e ingressava na Justiça pleiteando a isenção do Imposto de Renda recolhido na fonte. Esse pleito na Justiça era fundamentado em diversos documentos falsos”, explicou o delegado.
O g1 não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos até a última atualização desta reportagem.
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Entre os documentos falsificados, estão laudos médicos fraudulentos. Conforme o delegado, o esquema causou um prejuízo estimado em R$ 20 milhões ao Estado.
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) informou que seis advogados são suspeitos de envolvimento no crime. De acordo com o órgão, alguns captavam clientes que trabalharam no período do acidente com o césio-137. Outros eram responsáveis por ajuizar ações judiciais, enquanto parte dos advogados teria emprestado suas senhas de acesso ao sistema para que essas ações fossem protocoladas.
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As investigações apontam que os advogados conduziam processos utilizando esses laudos médicos falsos para obter isenção de Imposto de Renda para os clientes, servidores públicos aposentados, alegando doenças graves supostamente decorrentes da contaminação pelo césio-137. A operação pretende reverter as decisões judiciais que beneficiaram os investigados e recuperar os valores pagos indevidamente.
A PGE, responsável pela defesa do Estado nesses processos, foi o primeiro órgão a identificar as irregularidades. Segundo o delegado, a PGE notou um aumento significativo de ações judiciais com indícios de fraude nos últimos meses, o que motivou a criação de um grupo de trabalho para investigar o caso.
Policiais cumprem mandados em Goiânia, durante Fraude Radioativa, Goiás
Divulgação/PCGO
A PGE, em conjunto com a Polícia Civil, está analisando os processos para identificar todos os casos que utilizaram documentos falsificados. Conforme o delegado, a operação vai oficiar as unidades de saúde que emitiram os laudos médicos apresentados nos processos.
Os investigados responderão por estelionato, associação criminosa, falsificação de documento público e particular, e fraude processual.
Acidente radiológico
O maior acidente radiológico do mundo começou quando, no dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de recicláveis acharam um aparelho de radioterapia abandonado, desmontaram e o venderam a um ferro-velho de Goiânia. Eles não tinham noção de que se tratava do césio-137. Altamente radioativo, o pó de coloração azul, que ficava no equipamento, causou quatro mortes e contaminou, pelo menos, 249 pessoas.
Diante de tantos danos sofridos, as vítimas do maior acidente radiológico do mundo buscaram seus direitos na Justiça. Os diretamente afetados pela radiação recebem cobertura do plano do Instituto de Assistência aos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), além de outros benefícios.
O césio-137 é um material radioativo que emite raios gama, radiação ionizante muito perigosa e que pode penetrar profundamente no corpo. Os raios gama são o tipo mais energético e perigoso de radiação ionizante, que pode retirar elétrons dos átomos de organismos vivos, danificando células e DNA. A quantidade de radiação que a cápsula emite é de 19 gigabecquerels, o equivalente a cerca de dez raios-X por hora
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