20 de setembro de 2024

Águas de março: Piracicaba tem mês mais seco no Centro e quente e chuvoso na zona rural com mínimas 2ºC acima da média

Pesquisador Fábio Marin da Esalq-USP aponta que o fenômeno El Niño é responsável pelas altas temperaturas no mês de março. Veja explicação para cenário climático. Durante período de altas temperaturas, é preciso evitar exposição direta ao sol e buscar permanecer em locais à sombra e bem ventilado, explica médica do Samu de Piracicaba
Rafael Bitencourt/Arquivo pessoal
Piracicaba (SP) teve um março mais quente e chuvoso do que o esperado para a época na zona rural do município, segundo dados da Estação Convencional da Esalq, o campus da Universidade de São Paulo (USP) na cidade. Com 163,9 milímetros (mm) de precipitação registrados no período, a marca supera em 16% o volume médio de chuvas esperado para o mês, que é de 140,9 mm.
Ainda conforme os dados coletados pelo Posto Meteorológico “Jesus Marden do Santos” da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (LEB-Esalq), Piracicaba as menores temperaturas registradas em março ficaram em torno dos 20,2ºC, quase dois graus acima da média mínima para o mês, de 18,4ºC.
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Com essa marca, de 20,2ºC, a cidade teve a segunda maior temperatura mínima da série histórica do LEB-Esalq desde 1917, quando iniciou as observações climatológicas. De acordo com o professor Fábio Marin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da instituição, o cenário é explicado pela presença do El Niño.
“Tivemos um mês de março ainda dominado por esse fenômeno climático e essas altas temperaturas são muito comuns em anos de El Niño”, disse.
Os termômetros também apontam que, neste ano, as médias e máximas também superaram as temperaturas de referência climatológica para março em, pelo menos, um grau.
Em março de 2024, a média de temperatura máxima registrada foi de 31ºC, enquanto o estimado é 30ºC. A temperatura média estimada é de 24,2ºC. Neste mês, bateu os 25,6ºC.

Com 37,2°C, Piracicaba registra temperatura mais alta para janeiro em mais de um século: ‘falta de chuva e mudança climática’
Rafael Bitencourt/Arquivo pessoal
Menos chuvas na região central
O acumulado de chuvas em março deste ano verificado na região da Rua do Porto em Piracicaba ficou em 22% abaixo da expectativa, segundo dados divulgados pela Rede Telemétrica do Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo (Saisp). Com total de 96,50 milímetros (mm), a marca representa 77% do volume de chuvas esperado para o mês, quando era previsto 124,5 mm.
Essa diferença entre os dados sobre o volume de chuvas registrado pelo Saisp e LEB-Esalq pode ser explicada pela distância entre os pontos de coleta e medição das estações meteorológicas. A primeira capta informações na região central, na Rua do Porto. A segunda, de área afastada, na zona rural, em ponto pertencente ao campus da USP em Piracicaba.
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Gangorra térmica: frio e calor em janeiro
Piracicaba (SP) bateu o recorde de menor temperatura esperada para janeiro desde 1917. A marca foi no dia 22 de janeiro, quando termômetros apontaram máxima de 21,6ºC. Em toda série histórica do LEB-Esalq, a segunda menor temperatura máxima para o mês de janeiro na cidade foi registrada pelo Posto ocorreu em 1965, com 27,5ºC.
No último dia 17 de janeiro de 2024, as temperaturas máximas quase alcançaram os 38ºC em Piracicaba, numa sequência de dias quentes.
Piracicaba marcou temperaturas mínimas de 17ºC no início da tarde desta quarta-feira (31).
Claudia Assencio/g1
Ainda em janeiro de 2024, a cidade registrou a segunda menor temperatura mínima da série histórica de observações do LEB para o mês, com 17,6ºC.
Veja previsão para os próximos dias, abaixo.
O g1 conversou com o professor e pesquisador Fábio Marin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da instituição.
Nesta quinta-feira (25), são previstas temperaturas mínimas de 15ºC em Piracicaba. Nas ruas, pessoas usam agasalhos.
Rafael Bitencourt/g1
De acordo com o especialista, uma massa de ar polar associada à forte nebulosidade explica essa baixa temperatura mesmo no verão. No dia 22 de janeiro, Piracicaba registrou cerca de 22 milímetros de chuva.
Diferente do que é comum acontecer quando as frentes frias que saem do polo sul vão diminuindo quando alcançam o Brasil no verão, esse sistema foi bem maior e veio de diferentes regiões.
“Tivemos um dia chuvoso nesta terça-feira. É um sistema grande que saiu do polo sul e chegou até nós. Apesar de estarmos no verão, esse sistema de frentes frias foi caminhou tão rápido que foi suficiente para baixar as temperaturas. As frentes frias continuam agindo no verão, mas, normalmente, elas têm um efeito menor porque vão se aquecendo devido às radiações solares comuns de janeiro”, explica o pesquisador.
Moradores de Piracicaba tiraram os agasalhos do guarda-roupas na manhã desta quinta-feira (25) em pleno verão.
Rafael Bitencourt
Muito calor
Com média de 37,2ºC, Piracicaba (SP) bateu recorde de temperatura máxima para o mês de janeiro já registrada desde 1917, segundo dados do LEB-Esalq/USP. A marca foi observada no último dia 17 de janeiro.
O professor Fabio Marim aponta que em mais de 106 anos, a cidade nunca registrou um mês de janeiro tão quente e explica os motivos possíveis para a elevação da temperatura. “Misto de baixa ocorrência de chuvas, incomum para o período, e de mudança climática”, aponta. -👉 Leia mais, na reportagem.
Professor Fábio Marin da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo em Piracicaba
Reprodução/Boletim Tempo Campo/Esalq
O professor observa que, apesar de ter bastante radiação solar, o mês de janeiro costuma ser mais fresco que setembro ou outubro, por exemplo, devido à nebulosidade comum ao período do início ano. Como resultado da diminuição de chuvas, se deu a elevação das temperaturas.
“Isso se deve a um misto desse período mais seco, registrado neste janeiro, associado à mudança do clima. Temos tido ondas de calor com mais frequência. Esse é um evento extremo uma vez que verificamos esse pico de calor em um mês que deveria ser chuvoso e, por isso, ter mais nebulosidade. Por isso, as máximas, normalmente aquelas registradas no período da tarde, não costumam ser as maiores em janeiro”, explica o especialista.
Confira, abaixo, relação de temperaturas médias registradas no mês janeiro pelo Posto Meteorológico “Jesus Marden do Santos” da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq). As marcas se referem às temperaturas máximas, acima dos 36ºC.
As maiores temperaturas de janeiro ao longo da série histórica do LEB da Esalq são verificadas a partir de 2015, com dois registros para 2024.
Temperaturas máximas registradas em janeiro
Efeitos na agricultura
Esse cenário de altas temperaturas pode impactar a produção de hortaliças, por ser uma cultura mais sensível ao calor. As plantações podem ter queda na qualidade do alimento.
Em relação à falta de chuvas, os canaviais, pastagens e plantações de milho também podem sofrer impactos desse cenário climático, segundo o professor Marin, da Esalq.
🌡️Previsão
⛈️Veja a previsão do tempo para os próximos dias de acordo com o Climatempo👇
Terça-feira (2)
Mínima de 19ºC e máxima de 31ºC. Sol e aumento de nuvens de manhã.
Quarta -feira (3)
Mínima de 18ºC e máxima de 32ºC. Não chove.
Quinta-feira (4)
Mínima de 17ºC e máxima de 33ºC. Sol com aumento de nuvens durante o dia..
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