5 de janeiro de 2025

Águas do DF: Lago Paranoá perde área e volume por causa do assoreamento, diz estudo

Região central do espelho d’água ainda não foi atingida pelo processo. Acúmulo de sedimentos tem ocorrido principalmente em próximas aos locais onde córregos desaguam. Lago Paranoá já perdeu 4,06 % de área e 9,25% do volume total por causa do assoreamento
Entre 1960 e 2018, o Lago Paranoá perdeu aproximadamente 4,06 % de área e 9,25% do volume total, por causa do assoreamento. Os dados são de um estudo feito pelo geógrafo Elton Oliveira, da Universidade Federal do Oeste da Bahia.
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“Se em um copo cabe 100 ml de água e você começa a colocar areia dentro desse copo, você vai perdendo volume de água e vai tendo volume de areia. O assoreamento é esse processo onde o material depositado ocupa o espaço que deveria estar destinado para o volume de água”, explica o geógrafo.
O estudo demonstrou que a região central do Lago Paranoá ainda não foi atingida pelo assoreamento. O acúmulo de sedimentos tem ocorrido principalmente em áreas de remanso, próximas aos locais onde os córregos desaguam — chamados de braços —, e de forma diferente ao longo do espelho d’água.
O braço do córrego Riacho Fundo é o caso mais grave: já perdeu 39% da área original e 43% do volume. As áreas mais afetadas pelo assoreamento no DF são:
Riacho Fundo: perda de 39% de área e o de 43,6% de volume;
Ribeirão do Gama: perda de 16,8% de área e 15,2% em volume;
Córrego Bananal: perda de 11,6% de área e 19% em volume;
Ribeirão do Torto: perda de 9,8% de área e 14,9% em volume.
Imagens de satélite mostram esse processo de perda no braço do córrego Riacho Fundo. Em 1964, o lago ia até próximo ao Zoológico. Com o passar dos anos, o que era coberto de água foi tomado por terra (veja imagens abaixo).
Imagens de satélite mostram bem esse processo de perda no braço do córrego Riacho Fundo
TV Globo/Reprodução
Imagens de satélite mostram bem esse processo de perda no braço do córrego Riacho Fundo
TV Globo/Reprodução
Um processo semelhante ocorreu na outra ponta do Lago Paranoá, perto da Ponte do Bragueto, onde deságua o córrego do Bananal.
Expansão urbana e assoreamento do Lago Paranoá
De acordo com uma investigação do Ministério Público, 76 empreendimentos causam impactos ambientais com lançamento de esgoto não tratado e sedimentos nos rios. O promotor do Meio Ambiente Roberto Carlos Batista explica que o assoreamento dessa área do Lago Paranoá é prejudicial sob o ponto de vista de recursos hídricos.
“A parte norte do lago é super importante porque pega o Parque Nacional. O assoreamento daquela porção do lago vai impactar inevitavelmente no abastecimento hídrico, porque a qualidade e a disponibilidade de água para o abastecimento tem que atender determinados critérios e padrões lançados sobre ele”, explica o promotor.
Além dos impactos ao meio ambiente, o assoreamento também prejudica a prática de atividades esportivas e de turismo no Lago. De acordo com o presidente da Associação Náutica Esportiva e do Turismo de Brasília (Asbranauti), João Carlos Bertolucci, algumas embarcações, por exemplo, têm dificuldade de passar por baixo da Ponte das Garças por falta de profundidade.
“Nas raias norte e sul, onde é a estação de tratamento de esgoto da Caesb, daqui a pouco não tem nem como fazer remo. Nem barco a remo vai entrar, porque hoje embarcação de motor já não vai lá em função de não ter estrutura, mas também porque lá já está com 50 cm. Tem lugar que já está até com 20 cm”, diz João Carlos.
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