3 de março de 2025

Alegoria da Terceiro Milênio relembra eletrochoque para ‘cura gay’


Escola levou para o Anhembi alerta sobre violência contra a comunidade LGBTQIAPN+. Alegoria da Estrela do Terceiro Milênio representa procedimentos violentos para ‘cura gay’
Uma das alegorias da Estrela do Terceiro Milênio, durante o segundo dia de desfiles das escolas de samba de São Paulo, relembrou o uso do eletrochoque como tentativa violenta para a “cura” da homossexualidade. A escola se apresentou na madrugada deste domingo (2).
ACOMPANHE OS DESFILES AO VIVO
A Terceiro Milênio levou para o Anhembi o samba-enredo “Muito Além do Arco-Íris – Tire o Preconceito do Caminho que Nós Vamos Passar com Amor”, um grito de alerta contra a discriminação enfrentada pela comunidade LGBTQIAPN+.
O segundo quadripé da escola, chamado “Eletrochoque”, fez referência à prática de eletrocutar homossexuais em manicômios, onde eram internados. No Brasil, há registros desse procedimento durante o século 20.
Danny Cowlt foi quem performou na alegoria. A drag queen comentou que se emocionou ao receber o convite para representar uma parte dolorosa da história da comunidade LGBTQIAPN+.
“A família descobrir que você é homossexual significava que você seria tratado como alguém que precisava de tratamento psiquiátrico. Naquela época, a psiquiatria recorria ao eletrochoque”, disse.
A homossexualidade era considerada uma doença no Brasil até 1985. A Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou a medida somente cinco anos depois.
LEIA TAMBÉM
Bateria com mais de 200 ‘Milton Cunhas’ da Terceiro Milênio faz paradinha com leques; VÍDEO
Rainha de bateria da Tucuruvi, Carla Prata aparece com máscara especial para representar onça
Sabrina Sato mostra fantasia futurista no Anhembi com combinação sexy de correntes
‘Eletrochoque’, da Terceiro Milênio, relembra terapia para ‘cura gay’
TV Globo
Veja a letra do samba-enredo
Pecado é a sua hipocrisia
Que em nome de Deus, me silencia
Se o ódio condena quem sou
Punhal do pudor sangra a poesia
Veja… a maldade dessa gente
Perseguindo o diferente desde os tempos de Cabral
Eu respeito a sua crença
Mas não chame de doença, sentimento natural
Não há mal que seja eterno
Que vá pro inferno a sua moral
Abri minhas asas, mostrei meu valor
Erguendo a bandeira do amor
A paz ganha voz, orgulho às ruas
Depois do arco-íris, o brilho da lua
A luz da ancestralidade é a coragem
Que ensina a viver minha verdade
Quero um colo pra me acolher
Um banho de axé pro meu caminho benzer
Resisto… para existir!
Eu sou a arte que inspira a vida
Pra ver essa avenida colorida
Respeite o que é de direito
Saia da frente com seu preconceito
Na liberdade de um novo amanhecer
Pra sempre florescer!
Brilha minha Estrela, faz valer a pena
Nasci pra vencer cada alma pequena
Vai à luta, Grajaú! Manifesto, pé na porta!
Toda forma de amar importa!
VÍDEOS: Carnaval em São Paulo

Mais Notícias