22 de outubro de 2024

Além da tristeza

A perda de um ente querido, separações, o diagnóstico de uma doença grave, a demissão no trabalho, ou algum momento difícil são experiências que inevitavelmente nos trazem sentimentos de tristeza. Essa é uma resposta natural à frustração ou a qualquer evento estressante. Com o tempo, essa tristeza tende a ser elaborada, permitindo que a vida prossiga. No entanto, para algumas pessoas, tais situações podem desencadear um estado depressivo onde a sensação de tristeza é profunda, duradoura e intensa, afetando a relação com a família, o trabalho e os amigos.
A depressão é uma doença grave que, apesar de muito conhecida, nem sempre é fácil identifica-la para quem está próximo. Muitas vezes, os sintomas são confundidos com reações comuns do dia a dia. Afinal, quem não fica triste? Além disso, a pessoa pode não deixar transparecer seus reais sentimentos, mas internamente pode ter motivos suficientes para não querer continuar vivendo.
Embora a tristeza seja o sintoma mais associado à depressão, não é o único. Irritação, impaciência, falta de energia para realizar até mesmo as tarefas básicas, insônia ou sonolência excessiva, e dificuldade de concentração são comuns.
Os pensamentos negativos e o sentimento de culpa são características marcantes. Quando algo dá errado, é comum atribuir a si mesmo a culpa, desencadeando um estado de desanimo, isolamento e sentimento de inutilidade. E mesmo quando algo dá certo, atribui ao outro ou ao acaso, denotando uma incapacidade de reconhecer positivamente suas próprias ações.
Ao contrário do que muitos pensam, a depressão não surge imediatamente após um evento traumático. Ela pode se desenvolver de forma insidiosa e silenciosa, através de eventos estressantes da vida, mágoas mal resolvidas e lutos não elaborados. Esses fatores minam a autoestima, reduzem o autocuidado, o tempo de lazer e enfraquecem os vínculos sociais. Assim, quando a pessoa percebe que a vida perdeu o sentido, pode não saber identificar exatamente quando os sintomas começaram.
A forma como cada um enfrenta a depressão é única, assim como a intensidade dos sintomas e suas causas, pois cada existência passa por situações singulares. Esses fatores influenciam as formas de tratamento, incluindo a medicação, que varia de pessoa para pessoa. O autoconhecimento é um aliado importante no processo de cura psíquica, pois possibilita descobertas de recursos internos mais saudáveis para lidar com as dificuldades, inerente ao dia a dia.
Encarar a crise depressiva é uma oportunidade de reavaliar o funcionamento das próprias emoções, reconstituindo o modo de ser. O apoio de familiares e amigos, além de ajuda especializada, é fundamental nesse processo de superação que não é fácil, mas representa uma oportunidade de ressignificar a vida e sair mais fortes. Ninguém está imune a frustrações e perdas, mas a maneira como reagimos faz a diferença. Créditos: Joselene Alvim- psicóloga

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