26 de dezembro de 2024

Alunos atingidos por enchentes ou que estudam em escolas que viraram abrigos terão calendário especial para reposição de aulas, diz secretário

São 63 escolas estaduais afetadas pelas cheias em todo o Acre, sendo 29 utilizadas para abrigar a população de locais alagados. Até a quarta-feira (6), mais de 1,4 mil pessoas estavam abrigadas em escolas estaduais. Escolas são usadas como abrigos na capital e interior
José Carminha/Secom
Os alunos atingidos pela cheia de rios e igarapés em todo o estado ou que são de escolas que estão funcionando como abrigos terão um calendário especial para reposição de aulas e conteúdos. A informação foi repassada pelo secretário estadual de Educação, Aberson Carvalho, ao Jornal do Acre 1ª Edição da última quarta-feira (6).
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São 63 escolas estaduais afetadas pelas cheias, sendo 29 que estão sendo utilizadas para abrigar a população de locais alagados. O restante das unidades foi atingido pelas enchentes ou está localizado em áreas isoladas pelas águas.
De acordo com o secretário, são pelo menos cinco municípios onde as aulas foram totalmente suspensas. Na capital, a paralisação é parcial.
“A Secretaria de Educação acompanha com muita preocupação as enchentes em todo o estado desde Assis Brasil a Marechal Thaumaturgo. Em alguns municípios, a gente suspendeu as aulas. Brasiléia, Epitaciolândia, Jordão, Santa Rosa [do Purus], Tarauacá, foram municípios que tiveram aulas suspensas. Em Rio Branco, nós continuamos com as aulas em áreas que não são atingidas pelas águas, e em escolas que não são abrigos”, listou.
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Na capital, essa já é a segunda maior cheia da história, desde que a medição começou a ser feita, em 1971. A maior cota histórica já registrada é de 18,40 metros em 2015. O manancial está acima dos 17 metros há uma semana e na última quarta, alcançou a maior cota do ano, de 17,89 metros. Em todo o estado, nove municípios que registraram alagamentos estão abaixo da cota de transbordo até essa quarta.
As escolas estaduais que estão funcionando como abrigos já receberam mais de 1,4 mil pessoas até essa quarta, de acordo com dados da secretaria.
Carvalho não deu detalhes sobre como funcionará o novo calendário adaptado para o período pós cheia, mas explicou que a secretaria espera a redução do nível de rios e igarapés para definir o planejamento.
“Nas áreas alagadas e nas escolas que estão abrigos, faremos um calendário específico e estaremos fazendo a reposição deste conteúdo e também a reposição de aulas dos dias letivos. Espero que nos próximos dias possamos ter melhorias no resultado da enchente. Caso avance a subida do rio, óbvio que a secretaria irá suspender as aulas para garantir o melhor tráfego para as famílias atingidas”, finalizou.
Sinais de redução
Rio Acre apresentou primeiros sinais de vazante nesta quinta-feira (7) em Rio Branco
Richard Lauriano/Rede Amazônica
O Rio Acre na capital acreana apresenta os primeiros sinais de baixa. Na manhã desta quinta-feira (7), a medição das 6h apresentou a metragem de 17,76 metros, com diminuição de 11 centímetros em comparação à ultima medição de quarta-feira (6) às 18h, segundo a Defesa Civil de Rio Branco. Às 9h, o rio baixou para 17,70 metros.
A primeira vez que o Rio Acre alcançou a marca histórica foi em 29 de fevereiro (veja abaixo a evolução do nível do rio).
Poucos meses separam o ápice de uma seca severa e a chegada de enchentes devastadoras no Acre (leia mais abaixo). Para entender as crises sucessivas que levaram emergência para o estado é preciso considerar ao menos três fatores:
a influência do El Niño
o atraso do “inverno amazônico”, como é conhecida a estação chuvosa na região
o impacto do aquecimento do Oceano Atlântico
O Rio Acre alcançou a maior marca de todos os tempos em 4 de março de 2015. À época, mais de 100 mil pessoas foram atingidas pelo avanço das águas. O governo estadual decretou situação de emergência e estado de calamidade pública, que foram reconhecidos pelo governo federal. O manancial ficou 32 dias acima da cota de alerta, que é de 13,50 metros.
Em 2024, já são 48 bairros e 23 comunidades rurais atingidos pela cheia em Rio Branco, e mais de 4 mil pessoas estão desalojados, segundo a prefeitura da capital, com dados desta quinta (7). Mais de 70 mil pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente, pela cheia do manancial em Rio Branco.
De acordo com a Energisa, companhia responsável pela distribuição de energia elétrica no Acre, já são mais de sete mil imóveis com fornecimento suspenso.
Em todo o estado, pelo menos 28.855 pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização feita pelo governo do estado nesta quinta (7). 19 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes e cinco pessoas já morreram em decorrência da cheia. O número aumentou nesta quarta após um bebê de 1 ano e 8 meses morrer afogado no quintal de casa na Comunidade Tapiri, zona rural de Cruzeiro do Sul.
Somente nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco, no Parque de Exposições e escolas, são 4.115 pessoas desabrigadas, segundo a Defesa Civil Municipal nesta quinta (7):
Parque de Exposições Wildy Viana: 888 famílias – 3.552 pessoas
Escolas da capital: 184 famílias em 10 escolas da capital, um total de 563 pessoas
O trânsito no Centro e no Segundo Distrito da capital sofreram alterações na última segunda-feira (4) e na manhã desta terça pontos de congestionamento foram registrados na capital. A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans) orienta os condutores a evitarem o congestionamento do Centro da cidade.
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Ministros no Acre
Nesta segunda-feira (4), uma comitiva do governo federal chegou ao Acre para dar assistência aos atingidos pela cheia. Vieram, entre outros, o ministro de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em entrevista coletiva, ele disse que as ajudas humanitárias ao estado devem superar os R$ 30 milhões que foram enviados no ano passado, quando o Rio Acre e igarapés transbordaram na capital.
“Temos que considerar depois o restabelecimento, reconstrução de muitos ambientes que estão sendo perdidos e trabalhar a questão da adaptação, que a ministra Marina conduz esse projeto que é muito importante, tem o Fundo Clima que ela vai se referir, tem valores da adaptação climática”, destacou.
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Arte g1
A ministra Marina Silva destacou que eventos como as enchentes são agravadas por alguns fatores: desmatamento, assoreamento de rios e a mudança do clima.
“Por isso estamos trabalhando um plano estruturante, são nove ministérios trabalhando para que a gente possa dar uma resposta junto com os estados mais ponderáveis e os municípios mais ponderáveis. E, obviamente, a principal ação é enfrentar a causa do problema: desmatamento, que aumenta a temperatura da terra, faz com que a haja o assoreamento dos rios e também faz com a gente tenha cada vez mais esses eventos”, confirmou.
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O Governo Federal liberou ainda mais de R$ 20 milhões para as ações de assistência aos atingidos pelas enchentes no Acre, na capital e no interior do estado. As portarias foram publicadas nas edições dos dias 29 de fevereiro e esta segunda-feira (4) no Diário Oficial da União (DOU). Para capital Rio Branco foram destinados mais de R$ 4 milhões.
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Richard Lauriano/Rede Amazônica
Em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE) de sexta-feira (1º), o governo do Acre declarou emergência em saúde pública no estado em razão da cheia dos rios e o volume das chuvas que atingem 19 municípios do estado, desde o dia 21 de fevereiro. O decreto tem vigência de 180 dias.
Localizado em uma zona próxima à linha do Equador, o Acre tem clima equatorial caracterizado por altas temperaturas e umidade. O verão geralmente dura entre os meses de junho a agosto. Já o inverno vai de outubro até março.
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Em abril e maio, há um período de transição das chuvas para a seca e em setembro a transição de volta ao período chuvoso. O ápice da estação pluvial ocorre geralmente entre janeiro e março. Com isso, sobem os níveis dos rios em toda a região amazônica, já que chove muito, principalmente nas nascentes destes mananciais.
Renato Senna, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica (INPA), explicou ao g1 que as características da estação chuvosa são céu encoberto e chuvas contínuas, diferentemente do que se tem observado nas últimas semanas. Além disto, destacou a influência do El Niño na cheia do Rio Acre.
“Quando as pancadas acontecem muito próximas à cabeceira dos rios, o nível sobe muito rápido. Mas, a tendência é também descerem rapidamente se a chuva não for contínua”, avalia.
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Arte/g1
Previsão do tempo
Nesta quarta-feira (6), de acordo com os dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), um sistema meteorológico conhecido como Alta da Bolívia, que atua em altos níveis da atmosfera a 12 Km de altura, ainda predomina sobre o sul da Amazônia e potencializa a formação de áreas de instabilidade na região.
A previsão em todo Acre é de céu nublado a encoberto com chuva a qualquer hora do dia nas cidades do oeste acreano. Já na capital e demais regiões do estado a previsão é de céu nublado com pancadas de chuva e trovoadas entre a tarde e à noite.
VÍDEOS: g1

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