9 de janeiro de 2025

Alunos ficam sem aulas após queda de teto e greve de funcionárias em escola estadual no litoral de SP

Mães de alunos relataram a falta de manutenção e limpeza na unidade de ensino. Funcionárias terceirizadas da limpeza entraram em greve por atrasos nos salários e benefícios. Teto de sala de leitura despencou e interdita sala de leitura; lixo se acumula nas salas de aula.
g1 Santos
As aulas na Escola Estadual Dr. Francisco Pereira da Rocha, em Peruíbe, no litoral de São Paulo, foram suspensas nesta quinta (14) e sexta-feira (15) após a queda de parte do forro e devido à greve de funcionárias terceirizadas da limpeza. A medida afeta aproximadamente 800 alunos dos ensinos Fundamental e Médio.
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Imagens obtidas pelo g1 mostram a situação das salas de aula, com lixo espalhado pelo chão. A sala de leitura está interditada e suja desde a queda do forro (veja acima). Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que substituirá a empresa MR7 Impacto Serviços Sociais e já começou o processo de contratação.
A Diretoria de Ensino de São Vicente, que atua na região, informou que busca deslocar funcionários de outras localidades para auxiliar na limpeza da escola, enquanto não é concluída a contratação de nova empresa. Ainda de acordo com entidade, o teto já está em manutenção. (leia mais abaixo)
Conforme apurado pela equipe de reportagem, três funcionárias da MR7 que atuam na unidade cruzaram os braços na segunda-feira (11) por atrasos no pagamento do salário e benefícios. A empresa alegou ter sofrido um golpe e pediu a colaboração do estado para manter o contrato em vigor, o que não vai ocorrer, de acordo com a secretaria.
Uma das profissionais, que preferiu não se identificar, disse que a empresa assumiu o serviço em novembro de 2023 e nunca pagou na data certa.
“O último [salário] que recebemos foi em 16 de fevereiro. Os cartões, vale-refeição e vale-alimentação, toda vez pagam com atraso e não pagam multa”, disse a mulher, que informou ter cerca de R$ 2,3 mil a receber da contratante.
Teto que cedeu preocupa mães de estudantes da unidade de ensino
g1 Santos
Sem itens de higiene pessoal
Ao g1, mães de alunos informaram que, embora a situação tenha piorado com a greve, a higienização da unidade de ensino não é feita adequadamente há meses. Foram citadas lixeiras lotadas nos banheiros e salas de aula que atraem insetos.
Elas também apontaram para a falta de itens de higiene, como sabonete e papel nos banheiros. A equipe de reportagem apurou que alguns estudantes levam álcool em gel de casa para manter as mãos limpas.
De acordo com a técnica de enfermagem Silvia Veríssimo Di Sanches, de 36 anos, que tem filhos de 11 e 12 no colégio, o prédio também tem problemas de manutenção. Ela citou como exemplo o teto que cedeu e, depois de duas semanas, ainda foi arrumado.
“Na reunião em que o pai dos meus filhos participou [em 16 de fevereiro], foi pedido que os alunos levassem seu papel higiênico, pois estava em falta”, relatou.
Lixo espalhado por chão de sala de aula em escola estadual de Peruíbe (SP).
g1 Santos
Empresa alega ter sofrido golpe
Em nota, o diretor operacional da MR7 Impacto, Marcos Oliveira, disse que a empresa sofreu um golpe em agosto de 2023 que resultou na perda de valores “muito expressivos” em capital de giro [recursos financeiros necessários para a empresa se manter operando regularmente], então só foi possível manter os pagamentos em dia até o começo de novembro.
“Em relação à greve, alguns se aproveitam da situação e acabam influenciando outros. Fizemos uma reunião na Diretoria de Ensino e relatamos a situação, onde pedimos apoio para que possamos manter o contrato vivo”, disse ao g1.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), por sua vez, informou que substituirá a empresa por uma nova devido ao descumprimento da prestação de serviços. O processo de contratação já começou, e os trabalhos devem começar na próxima semana.
“Até lá, a Diretoria de Ensino de São Vicente [que atende a região] busca deslocar funcionários de outras localidades para auxiliar na limpeza da escola. A obra para reparos do telhado já está em andamento. A Diretoria de Ensino de São Vicente permanece à disposição da comunidade escolar para esclarecimentos”.
Nesta quinta-feira, o g1 fez um novo contato com a Secretaria da Educação estadual sobre a suspensão das aulas, mas ainda não obteve retorno.
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