Assassinato de Sidiney de Oliveira Silva, de 44 anos, chocou a região de Formoso do Araguaína e a Ilha do Bananal. Conheça as experiências profissionais da vítima, que atuava na proteção do território. Sidney Silva foi morto a tiros na porta de casa em Formoso do Araguaia
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Brigadista com muito conhecimento, protetor da região da Ilha do Bananal e dos povos indígenas. Essas era algumas das habilidades citadas por quem conheceu de perto o trabalho Sidiney de Oliveira Silva, de 44 anos.
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Ele foi assassinado na porta de casa, em Formoso do Araguaia, no sábado (15). O crime está sendo investigado por quatro delegacias da região sul estado. Até o momento nenhum suspeito foi identificado ou preso.
O que se sabe sobre assassinato de brigadista do Ibama morto a tiros na porta de casa no Tocantins
Sidiney atuava na região como brigadista combatendo incêndios florestais, principalmente os de grandes proporções que costumam atingir a Ilha do Bananal e cidades que ficam nas proximidades.
No ano passado, ele foi selecionado como chefe de esquadrão do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Tinha conhecimento também no manejo do equipamento Sling Dragon, que segundo o órgão, é usado em queimas prescritas a partir de helicópteros.
Para este ano, ele também já havia sido contratado para seguir com os trabalhos pelo Ibama. Mas morreu antes de dar início aos combates do período de estiagem.
Após o anúncio da morte, além do Ibama, outros órgãos divulgaram notas de pesar, lamentaram a morte de Sidiney e até repudiaram a ação criminosa.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) afirmou em nota que o brigadista, que também era conhecido como Nenê, tinha grande conhecimento da região que atuava. Bolivar Xerente, coordenador da unidade da Funai de Palmas (TO), destacou a importância do trabalho de Sidiney, principalmente na proteção dos indígenas.
“Todas as nossas ações de indígenas isolados na região ele era a primeira pessoa que procurávamos. Ele contribuiu muito para a questão ambiental e para os direitos indígenas”, explicou.
Brigadista atuava em defesa da Ilha do Bananal
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O amigo Guilherme Martins, coordenador de Política de Proteção e Localização de Indígenas Isolados da Funai, também lamentou a morte em nota de pesar. “Nenê era um defensor incansável da Ilha do Bananal, este verdadeiro santuário de sociobiodiversidade”.
“A Funai se solidariza com a família e amigos, e aguarda o término das investigações, na espera de que a justiça seja feita nesse e em todos os crimes envolvendo defensores das causas ambientais e dos direitos indígenas”, destacou.
Pelo vasto conhecimento na Ilha do Bananal, Sidiney deu apoio logístico às equipes da Funai em 2019, quando foram avistados indígenas isolados durante um sobrevoo de helicóptero. Ele também era presidente da Associação de Brigadistas da Brigada Federal (Brif) Nordeste.
O Observatório dos Povos Indígenas Isolados (OPI) publicou um texto também lamento a perda do profissional, destacando a importância do trabalho dele para a população da região.
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Investigação e força-tarefa
Sidiney estava na porta de casa, que fica no centro de Formoso, por volta das 7h30, quando foi atingido por dois tiros. Uma ambulância foi chamada, mas ele acabou morrendo no local.
Sidiney foi encontrado já ferido pela irmã, que ouviu o barulho dos tiros. As primeiras informações é que um vizinho relatou à polícia que antes de amanhecer, viu uma motocicleta parada na esquina. Nela estava um homem de jaqueta e capacete observando o local.
Os tiros fatais teriam sido disparados de uma espingarda. O atirador estaria escondido em uma casa abandonada, que fica em frente ao local do assassinato.
Após ser liberado do Instituto Médico Legal de Gurupi, o corpo do brigadista foi velado durante o sábado e enterrado no domingo (16), no cemitério municipal de Formoso do Araguaia. Ele deixou esposa e três filhos.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), as investigações são conduzidas pela 84ª Delegacia de Polícia de Formoso do Araguaia e diante da complexidade do caso, ficou definido nesta terça-feira (18) que a equipe terá apoio da 3ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP – Gurupi), da 8ª Divisão Especializada de Combate ao Crime Organizado (DEIC – Gurupi) e da 7ª Delegacia Regional da Polícia de Gurupi.
Além da força-tarefa formada pela Polícia Civil, a TV Anhanguera apurou que a Polícia Federal está ciente e informou que a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Tocantins (FICCO/TO) – que integra equipes de várias polícias, inclusive a Federal – poderão ajudar a investigar as circunstâncias da morte do brigadista.
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