Trecho, principal ligação terrestre entre Rio de Janeiro e São Paulo, ficou fechado por cerca de 30 minutos para detonação de rochas. G1 esteve no local e conversou com vendedores no momento da interdição. Alan Bruno é ambulante há 11 anos
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“Toda vez que puder, vou vim para poder levar o pão de cada dia para casa”. Este é o relato de Alan Bruno, um dos ambulantes que aproveitou a interdição da pista de subida da Serra das Araras, na Via Dutra, para ganhar dinheiro nesta terça-feira (18).
O trecho, entre Piraí (RJ) e Paracambi (RJ), ficou fechado por cerca de 30 minutos para detonação de rochas. A ação faz parte da construção do novo traçado da rodovia (entenda abaixo).
Alan é morador de São de Meriti (RJ) e trabalha como ambulante há 11 anos. Ele vende de tudo: água, refrigerante e biscoitos.
“A última foi boa. Deu para arrumar um dinheirinho”, contou Alan.
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O ambulante não tem um ponto fixo. Como ele mesmo disse: está onde tem movimento.
“Eu trabalho diferente. Às vezes, estou na Ponte Rio Niterói, às vezes, tô no pedágio, às vezes, na Serra, às vezes, na Dutra, onde tem movimento estou indo”, completou.
Alan não foi o único a vir do Rio de Janeiro para Paracambi. Igor Raposo, também morador de São João de Meriti, aproveitou a carona de um amigo para chegar até o ponto da interdição.
Igor Raposo é de São João de Meriti
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Ambulante desde 2018, Igor trabalha em um pedágio todos os dias.
“Aqui na serra sempre vale a pena. É sempre bom vim para a serra. Muita gente vem para cá trabalhar, para fazer uma grana maneira”, comentou.
Como mora em São João de Meriti para chegar até o pedágio tem dias que Igor vem de carona, outros de ônibus, maneiras não faltam para chegar até os locais com congestionamento.
“Até 2029 [prazo final para a conclusão das obras],a gente está aí!” , brincou.
Casal inova e vende marmitex
José e Angélica optaram por vender marmitex na Serra das Araras
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Água, refrigerante e biscoitos. Essas são as opções que, normalmente, os ambulantes vendem nas estradas. Mas, José Antônio e a esposa Angélica optaram por inovar.
Com o fechamento da pista de subida para a realização da detonação de rochas, eles decidiram arriscar e vender marmitex.
Eles moram em Paracambi, próximo ao ponto da interdição. José já vende outras coisas em congestionamentos na estrada, mas desta vez optou por algo “inédito”.
“Essa é a segunda vez. Eu trabalho com outras coisas: refrigerante, água. Mas, dei preferência por quentinha porque não tem ninguém trabalhando com quentinha. Aí escolhi um jeito melhor para ajudar o pessoal também”, disse José.
Com um carrinho improvisado e caixas de isopor, o casal passou nesta terça-feira e no dia 5 de junho vendendo os marmitex na estrada.
Enquanto José e Angélica saem para vender, as irmãs dele ficaram responsáveis por preparar todas as quentinhas.
“A gente esperava vender mais, mas foi bem rápida a explosão. Vendemos 18 da outra vez”, pontuou.
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O cardápio de desta terça teve três opções: frango assado; costela com batata; salada de carne com macarrão, arroz e feijão. Cada marmitex sai a R$25.
Quem também gostou da ideia da venda de almoço na interdição foi o Cláudio, que aproveitou para se alimentar durante o tempo de espera.
O caminhoneiro do Rio de Janeiro (RJ) estava indo para São Paulo (SP), mas esqueceu da obra e acabou ficando preso no congestionamento.
“Eu me perdi na data. Sabia da interdição, mas esqueci, esqueci mesmo”, lamentou.
De bicicleta ou a pé, o importante é conseguir um dinheiro extra
Jairo José vende água, açaí e biscoito
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São várias as formas como os ambulantes chegam até os pontos de interdição. Jairo José montou uma estrutura em uma bicicleta
aproveita quando tem congestionamento para tirar um dinheiro extra.
“Frequentemente, tem engarrafamento, e a gente aproveita para vender na pista. Eu trabalho fixado. No meu intervalo faço esse extra”, completou Jairo.
Jairo montou uma estrutura na sua bicicleta para carregar água, biscoito e até açaí para ajudar a aliviar no calor.
Embora seja um extra, o ambulante não tem tido o retorno esperado.
“Está tendo mais vendedor que cliente. Os vendedores vêm de Nova Iguaçu e aí é muita gente. Pela hora que fica fechado, acaba não vendendo muito”, explicou Jairo.
Sobre a detonação de rochas
Congestionamento teve cerca de 3 km
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A pista de subida da Serra das Araras ficou fechada por aproximadamente 30 minutos para a explosão de rochas na altura do km 226 nesta terça-feira.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o congestionamento foi de cerca de 3 km. O trecho ficou fechado de 11h30 as 11h59.
O volume rochoso desmontado foi de aproximadamente 1.000 m³. No dia 5 de junho, foram realizadas as primeiras implosões.
Ainda segundo a concessionária, desta vez, não foi necessário interditar a pista de descida (sentido Rio de Janeiro) da Serra das Araras.
A previsão é de que a nova pista de subida seja entregue em 2028. Já a pista de descida deve ficar pronta em 2029.
Serra das Araras
Divulgação/CCR RioSP
Próximas detonações
As próximas explosões de rocha em junho já tem data marcada: dias 24 (segunda-feira) e 27 (quinta-feira). Nas duas datas, a pista de subida da Serra das Araras vai ficar interditada de 11h30 as 13h30.
Segundo a CCR RioSP, concessionária que administra a rodovia, o fechamento vai ocorrer na altura do km 226 no sentido São Paulo.
Detonações serão diárias em julho
De acordo com a CCR RioSP, a previsão é que em julho as detonações sejam diárias, de segunda a quinta-feira.
Por conta disso, a partir do próximo mês, a pista de subida ficará fechada nestes dias por até duas horas, a partir das 11h30, e a pista de descida, das 12h15 às 12h45. A previsão é que as obras ocorram durante os próximos 28 meses
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O projeto prevê a readequação da pista de subida (sentido São Paulo), que será transformada em uma nova pista de descida (sentido Rio de Janeiro), e a construção de uma outra pista de subida.
Segundo a concessionária, em cada pista, o número de faixas vai passar de dois para quatro, sem contar o acostamento. Além disso, serão construídos 24 viadutos e três áreas de escape. Com o novo traçado, a velocidade máxima tanto na pista de subida quanto na de descida passará de 40 para 80 km/h.
De acordo com a empresa, as obras serão realizadas em um trecho de oito quilômetros por sentido, ou seja, 16 quilômetros de extensão, entre o km 225 e o km 233.
Ainda conforme a concessionária, além das melhorias já citadas acima, o novo traçado da Serra das Araras vai contar com:
93 contenções
Oito pontos de ônibus
Três passarelas
Uma via marginal, na pista sentido SP
Novas câmeras de detecção automática de incidentes
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