27 de dezembro de 2024

Amorim se reúne com Maduro em Caracas e vai falar com a oposição em seguida

Assessor especial do presidente Lula para relações exteriores viajou a Caracas com o objetivo de conferir as condições em que se daria o pleito presidencial. Maduro diz que foi o vencedor, mas oposição rebate e fala em fraude. O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, se reuniu no fim da tarde desta segunda-feira (29) com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Caracas.
Para o meio da noite, está marcada uma reunião com o oposicionista Edmundo Gonzalez.
Maduro e Gonzalez disputaram as eleições presidenciais deste domingo (28). A oposição alega que o pleito ocorreu sem transparência e sem respeito a princípios democráticos. Os oposicionistas também reivindicam que a comissão eleitoral mostre as atas das votações, que ainda não foram apresentadas.
Maduro diz que ganhou o pleito e foi corroborado pela comissão eleitoral, ligada ao governo e controlada por ele, na prática. A oposição, por sua vez, se declara vencedora.
No meio desse turbilhão político, a posição do Brasil ainda é de cautela. O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) divulgou nota dizendo que o Brasil vai aguardar a divulgação das atas da eleição para que o resultado seja confirmado de forma imparcial. Enquanto isso, o Itamaraty vetou que a embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, fosse a um evento em que Maduro se declarou vencedor.
Outros países do continente, como a Argentina, o Chile e o Uruguai, já declararam que não confiam no resultado proclamado por Maduro.
Amorim foi enviado por Lula para verificar em que condições se dariam o pleito venezuelano. Ele foi ministro das Relações Exteriores durante os primeiros mandatos do presidente e tem interlocução com vários líderes mundiais.
Ex-chanceler Celso Amorim é assessor especial da Presidência
AGÊNCIA BRASIL
No início de seu mandato, no ano passado, Lula, que tinha boa interlocução com Maduro, buscou a estratégia de integrá-lo ao continente. Após anos de um governo considerado pouco democrático, Maduro foi sendo alijado da geopolítica sulamericana.
Lula defendia que a melhor maneira de fortalecer a democracia venezuelana era trazer o país vizinho para a comunidade do continente.
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Mas o próprio Maduro, nos meses seguintes, tomou atitudes que mesmo Lula considerou indefensáveis, como ameaçar tomar uma parte do território da Guiana — a região de Essequibo — e proibir que duas oposicionistas participassem da eleição.
Por fim, nos dia que antecederam o pleito, Maduro disse que haveria um banho de sangue caso ele não saísse vencedor. Lula afirmou que ficou assustado com a declaração, e Maduro ironizou declarando que os assustados deveria tomar chá de camomila.
As reiteradas demonstrações de autocracia na véspera da eleição fizeram que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro desistisse de enviar observadores para acompanhar a votação na Venezuela. Essa foi uma demonstração de que o TSE não queria se associar de forma alguma ao processo eleitoral no país vizinho.

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