Relação ecológica de protocooperação não é obrigatória para o sobrevivência dos animais. Saiba mais sobre essa e outras curiosidades no Dia Mundial da Anta. Vídeo mostra interação entre anta e gavião-carrapateiro na natureza
Na natureza, há muitos tipos de relações ecológicas: harmônicas, desarmônicas, neutras; entre indivíduos da mesma espécie e entre animais de espécies diferentes. Uma delas envolve o maior mamífero terrestre da América do Sul e um dos falcões mais conhecidos do Brasil: a anta e o gavião-carrapateiro.
No Dia Mundial da Anta, celebrado neste sábado (27), o Terra da Gente traz detalhes sobre essa e outras curiosidades relacionadas ao mamífero.
Ao ouvir a vocalização do gavião-carrapateiro nas proximidades, a anta emite um ruído específico que faz com que a ave encontre o mamífero. Nesse encontro, ele garante carrapatos para se alimentar e ela se alivia temporariamente da coceira causada por eles.
Relação de protocooperação entre anta e gavião-carrapateiro
Hiago Ermenegildo
Segundo Hiago Ermenegildo, biólogo do Instituto Manacá – ONG que atua na conservação da biodiversidade da Mata Atlântica – trata-se de um caso de protocooperação interespecífica, ou seja, de relação harmônica entre espécies diferentes que não é obrigatória para a sobrevivência de ambas.
“Essa interação é bem conhecida, já era observada pelos indígenas, inclusive tem algumas lendas dessa relação do carrapateiro com a anta. E o carrapateiro tem esse nome não por acaso, mas porque ele tira parasitas dela e de outros animais”, diz Luciano Lima, biólogo e consultor do Terra da Gente.
Esses animais podem ser vacas, cavalos e até capivaras. Segundo ele, muitos deles até viram “de barriga pra cima” pra permitir que o gavião-carrapateiro consiga acessar outras partes do corpo e, assim, retire os carrapatos.
Gavião-carrapateiro se alimentando de parasitas de uma anta
kennedy-borges / iNaturalist
“Na região neotropical, desde o México até a Argentina e Chile, a gente sabe que pelo menos mais de 30 espécies de aves fazem essa relação de ‘simbiose de limpeza’ com algum tipo de mamífero”, completa Luciano.
Outros sons da anta
A anta emite outros sons, a depender da situação em que se encontra. Um deles envolve a mãe e o filhote e há quem chame o barulho de assovio, de clique e até mesmo de soluço.
“É um som bem baixo, que geralmente a mãe e o filhote utilizam para se encontrarem. Ela usa esse ruído que lembra um soluço para o filhote saber que ela está por perto, e o filhote também faz para a mãe. É assim que eles se comunicam com mais frequência”, diz Hiago.
Outro comportamento observado pelo biólogo foi a emissão de uma vocalização diferente quando um macho se sentiu ameaçado por outro macho da espécie, que se aproximava demais dele. Segundo Hiago Ermenegildo, o som é forte e foi suficiente para o outro indivíduo se afastar.
Anta (Tapirus terrestris)
Alan Dahl / iNaturalist
Curiosidades sobre a anta
A anta é “parente” do cavalo e do rinoceronte, já que todos são ungulados, ou seja, são animais que têm cascos nos dedos;
O olfato é o sentido mais aguçado dela, por isso em muitos registros ela aparece mexendo a “trombina” para todo lado;
Conhecida como jardineira da floresta, a anta é um animal herbívoro que se alimenta principalmente de folhas e frutos. Por ser um animal de grande porte, se alimenta de frutos grandes que muitos animais menores não conseguem dispersar;
A gestação da anta é de 13 meses (período maior que um ano) para ela gerar um único filhote, que nasce pesando de 5 a 6 kg;
Ele é amamentado até os seis meses de idade e permanece com a mãe por cerca de um ano, um ano e meio. Por conta desse ciclo longo, a anta tem uma baixa capacidade de recuperação nas populações;
Os filhotes nascem com muitas pintas, que funcionam como camuflagem. Isso aparece em outras espécies, como a onça parda e o veado.
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