28 de dezembro de 2024

Antecipar o Natal é ‘distração enquanto Maduro prende opositores’, diz especialista

Nicolas Maduro antecipou o Natal na Venezuela para o dia 1º de outubro
Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
A antecipação do Natal para o dia 1º de outubro na Venezuela é muito mais do que uma notícia curiosa que pode até parecer nova para quem não acompanha o desenrolar dos fatos no país. Mas, na prática, a medida anunciada por Nicolás Maduro, é puro diversionismo.
O pesquisador de Harvard e professor de relações internacionais Vitelio Brustolin disse ao blog que Maduro está usando isso como “cortina de fumaça para a fraude eleitoral”. Sobretudo, no dia em que a Justiça – controlada pelo regime autoritário – mandou prender o oposicionista Edmundo González.
“É uma distração, enquanto [Maduro] continua a prender opositores” , resumiu o especialista.
Questões práticas traduzem o oportunismo político da medida. “Os caras não estão nem aí para o planejamento do comércio. 1º de outubro é em menos de um mês”, exemplificou.
O anúncio da antecipação foi feito na noite desta segunda-feira (2), em um programa de auditório que o próprio Maduro apresenta semanalmente.
Justiça emite mandado de prisão contra Edmundo González, opositor de Maduro
“Está chegando em setembro e se diz: ‘Setembro já cheira a Natal'”, disse à plateia o líder chavista. “E, por isso, este ano, em homenagem a vocês, em agradecimento a vocês, vou decretar o adiantamento do Natal para 1º de outubro. Começa o Natal em 1º de outubro para todos e todas. Chegou o Natal com paz, felicidade e segurança”, disse o mandatário da Venezuela.
Não é a primeira vez que Nicolás Maduro recorre à antecipação das celebrações natalinas no país. Em 2020, ele adiantou o Natal para 15 de outubro, em meio à pandemia. Na ocasião, a data foi marcada pela liberação de recursos para a compra de brinquedos.
Em 2013, Maduro já havia decretado que as comemorações acontecessem a partir de 1º de novembro, afirmando na época que desejava “felicidade e paz para todo o mundo” e “derrotar a amargura”.
Hugo Chávez havia morrido em março daquele ano, e Maduro venceu uma eleição presidencial cuja lisura foi contestada.

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