27 de setembro de 2024

Ao MG1, Duda Salabert promete aumentar salário de professores, defende merenda orgânica e diz que rejeição em pesquisas é por ser mulher trans

Candidata do PDT foi entrevistada ao vivo por Aline Aguiar e Sérgio Marques nesta quarta-feira (25). Duda Salabert (PDT) é entrevistada no MG1
Lucas Franco/TV Globo
Em entrevista ao MG1 desta quarta-feira (25), Duda Salabert, candidata à Prefeitura de Belo Horizonte pelo PDT, disse que quer municipalizar a gestão do Anel Rodoviário e ampliar as áreas de escape e de viadutos na via.
Ela também afirmou que vai rever o contrato com as empresas de ônibus de forma a priorizar os usuários do serviço e garantir que o subsídio só seja pago diante de contrapartidas, como a redução da tarifa e a circulação de coletivos na madrugada.
Duda ainda falou que pretende tornar o salário dos professores de Belo Horizonte o mais alto entre todas as capitais do país.
Os cinco nomes mais bem colocados na pesquisa Datafolha divulgada em 19 de setembro serão entrevistados ao vivo pelos jornalistas Aline Aguiar e Sérgio Marques durante 30 minutos nesta semana. A ordem das entrevistas foi definida por sorteio acompanhado por representantes das candidaturas.
Os outros cinco candidatos da disputa farão entrevistas gravadas, com dois minutos de duração, que serão exibidas no MG1 do próximo sábado (28).
Todas as entrevistas ficarão disponíveis na íntegra no g1.
MG1 entrevista candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte a partir desta segunda-feira
Anel Rodoviário
A primeira pergunta feita pelos entrevistadores abordou a questão do Anel Rodoviário. A candidata criticou gestões anteriores, que, segundo ela, “terceirizam a culpa” sobre os problemas na via para esferas estadual e federal e disse que a proposta é municipalizar a gestão do Anel.
De acordo com ela, a responsabilidade precisa ser da Prefeitura e que, caso eleita, vai ampliar as áreas de escape e as construções de viadutos no Anel Rodoviário.
“Não podemos naturalizar ter, infelizmente, um dos maiores cemitérios a céu aberto do Brasil em Belo Horizonte, que é o Anel Rodoviário”, disse Duda Salabert.
Salabert ainda criticou a proposta do Rodoanel, apresentada pelo governo do estado para desafogar o Anel. Segundo ela, o traçado previsto somente “beneficia as grandes mineradoras” e que é preciso redesenhar esse trajeto.
“Vamos dialogar com o governador e com prefeitos da Região Metropolitana. O Rodoanel é importante, mas vamos fazer um traçado alternativo para de fato trazer melhorias para o trânsito de toda a Região Metropolitana”, completou.
Transporte público
A candidata propõe que o transporte público seja custeado com recursos públicos. Duda Salabert disse que o subsídio para as empresas de ônibus deve ser mantido, desde que sejam cobradas das concessionárias contrapartidas para a melhoria do serviço.
“A prefeitura está dando R$ 1 bilhão para empresários das empresas de ônibus entregarem ônibus de péssima qualidade, passagem cara, não circulando de noite e ainda atrasados”, disse.
Ela afirmou que vai rever o contrato com as empresas de ônibus, que vence em 2028, para que o novo documento “priorize quem usa o transporte público, e não quem lucra”.
Duda disse que, entre as contrapartidas a serem exigidas das empresas, estão a redução da passagem, a circulação de ônibus durante a madrugada e a eletrificação da frota.
“Ou seja, o subsídio vai ser dado desde que tenha contrapartida das empresas de ônibus”, falou.
A candidata do PDT falou, ainda, que vai cobrar que o governo federal tire do papel o Sistema Único de Mobilidade Urbana (SUM), para o pagamento de um subsídio federal.
BH do Futuro
A candidata foi questionada sobre a assinatura do documento BH do Futuro, produzido por organizações não governamentais, que almeja implementar “ônibus de graça, rio limpo e sem enchente, 2 milhões de árvores, Serra do Curral protegida, ninguém sem casa e 400 quilômetros de ciclovias”.
Salabert reconheceu que não é possível implementar todas as políticas em um único mandato, mas que se comprometeu a tornar essas medidas de estado, e não de governo — ou seja, que sejam adotadas de forma permanente, independente de quem ocupe a cadeira de prefeito.
“Temos que voltar a pensar grande, sonhar a BH do Futuro. Qual Belo Horizonte queremos para daqui a 10, 20, 50 anos. Esse compromisso fomenta também alimentar os nossos sonhos”, disse.
Caso eleita, a candidata disse que pretende, de imediato, se comprometer com a política de arborização prevista pelo documento BH do Futuro.
“Deixamos de ser uma cidade jardim para virarmos uma cidade estufa. Precisamos arborizar de novo Belo Horizonte. […] Arborizar é saúde”, defendeu.
Segurança pública
Duda Salabert afirmou que vai melhorar a estrutura da Guarda Municipal, por meio do fornecimento de equipamentos, como viaturas, e também da melhoria das condições de trabalho e carreira dos agentes.
“Nós não podemos deixar quem cuida da cidade estar doente, então, [temos que] cuidar dos nossos guardas municipais”, disse.
A candidata falou ainda que vai fortalecer o diálogo entre a Guarda Municipal, a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Polícia Federal para pensar a segurança da cidade.
Duda afirmou que segurança é um tema importante para ela e destacou que faz parte da Comissão de Segurança Pública na Câmara dos Deputados.
Por fim, ela falou que vai trabalhar também na prevenção da violência.
“Vamos implementar um plano para mapear as áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica do município e, naqueles locais, colocar equipamentos de esporte, lazer e cultura para a juventude”, explicou.
Rejeição
A pesquisa Datafolha de 19 de setembro mostra que 30% não votariam na candidatura de Duda de jeito nenhum no primeiro turno. Ela avalia que a alta rejeição é um fruto do preconceito contra transexuais.
Salabert citou dados sobre a baixa escolaridade, alta incidência de HIV e altos índices de prostituição entre travestis e transexuais do Brasil e de Belo Horizonte.
“O preconceito que há contra mim é imenso, mas estamos superando esse preconceito. Quando Belo Horizonte coloca minha candidatura como uma das mais bem votadas ou uma das mais bem pretendidas no processo eleitoral, está mostrando pro mundo todo que não tolera preconceito”, disse.
Apesar da alta rejeição, Salabert diz que o “afeto” da capital é ainda maior e diz estar confiante de que estará no segundo turno.
Educação
Duda afirmou que, se eleita, vai tornar o salário dos professores de Belo Horizonte o mais alto entre todas as capitais do país. Segundo ela, a estimativa é que, para isso, sejam necessários R$ 200 milhões por ano.
“Faremos de BH uma capital educadora, com escola em tempo integral, com escola com áreas verdes, com infraestrutura adequada para esse mundo moderno, ter aula de educação econômica, aula de educação climática. Uma escola do futuro que a gente quer para BH”, disse a candidata.
A candidata também quer estabelecer metas graduais para alcançar o objetivo de merenda escolar 100% orgânica até o final do mandato. Segundo ela, para isso seria necessário um “valor simbólico”.
“Dinheiro tem, nós somos a quarta capital mas rica do país, o que falta é colocar educação, a merenda dos nossos alunos, escola em tempo integral, em prioridade”.
Saúde
A candidata foi questionada a respeito das propostas dela para “instituir mecanismos técnicos e tecnológicos” para reduzir as filas de espera por cirurgias eletivas e consultas.
Salabert disse que, na prática, pretende trazer “o que há de melhor no mundo” para o atendimento a saúde, como “corujões” e atendimentos de madrugada e valorização de profissionais. A proposta dela é aumentar os salários para manter médicos na rede pública da capital.
“Vamos dialogar com locais onde tiveram políticas exitosas de enfrentamento a cenários parecidos com o de BH e replicar aqui. O que falta para isso é colocar a saúde como prioridade orçamentária”, complementou.
Duda ainda completou que pretende manter o diálogo com servidores para entender quais as urgências e as prioridades que devem ser adotadas e reforçou a valorização da carreira dos profissionais de saúde.
Reportagem em atualização

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