Marta Brito começou a trabalhar na Maternidade Santa Isabel, em Bauru (SP), no início dos anos 1990. Nesse período, acompanhou milhares de nascimentos, entre eles, o dos próprios netos. Marta, que é carinhosamente conhecida como Martinha pelos colegas, trabalha há mais de 30 anos na maternidade em Bauru
Arquivo pessoal
Aos 70 anos, a técnica de enfermagem Marta Brito vive uma rotina intensa de trabalho e estudo. Ele divide seu tempo diário entre a jornada na Maternidade Santa Isabel em Bauru (SP), seu local de trabalho há mais de 30 anos, e as horas de estudo na Faculdade de Tecnologia do Estado de SP, a Fatec, onde frequenta o curso de Sistema de Gestão Hospitalar.
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Nessas três décadas, ela acompanhou milhares de partos, tantos que já até perdeu as contas. “Eu brinco que metade da população da cidade passou pelos meus braços, foi recepcionada por mim. Não sei quantos foram ao todo, mas foram muitos partos”, afirma.
A técnica de enfermagem iniciou carreira na maternidade que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 1992, aos 38 anos, e passou por vários setores até chegar na central de parto normal, onde atua hoje.
“Me sinto realizada a vir para a maternidade, me traz uma alegria, uma satisfação em poder ser útil nesse momento tão desafiador para essas mulheres, um momento tão belo e difícil, essa travessia entre o trabalho de parto e o nascimento. Transmitir a força que elas precisam, a coragem fazer com que sejam respeitadas as suas vontades e ter uma mão segurando desse processo é que me traz essa realização.”
Nesse período acompanhou partos de gerações de mulheres da mesma família e também passou pela própria evolução do processo de nascimento na maternidade, que atualmente é muito mais humanizado.
A técnica de enfermagem começou a trabalhar na maternidade em Bauru aos 38 anos no começo da década de 1990
Arquivo pessoal
“Houve uma evolução muito grande. Quando eu entrei era mais engessado, era mais rígido. Existia um distanciamento entre funcionários e até do profissional médico com o paciente. Hoje, a gente trabalha juntos na questão da empatia, do acolhimento, de forma humanizada e respeitosa. E vejo o quanto eu evolui também nessa função, o quando eu me desenvolvi.
Marta acompanhou milhares de partos nesses mais de 30 anos como técnica de enfermagem no hospital em Bauru
Arquivo pessoal
Mãe, avó, profissional e estudante
A rotina de Marta começa cedo, às 7h quando ela sai de casa e vai, de ônibus, para aula na Fatec, que começa às 7h15. De faculdade, onde estuda pela manhã, ela segue, também com o transporte coletivo, para a maternidade, onde trabalha das 13h10 até as 19h.
Alguns dias está de volta em casa por volta das 20h30, em outros chega perto das 21h. O segredo para tanta disposição aos 70 anos recém-completados no dia 4 de março?
“O segredo é a determinação. A gente tem a nossa família, constrói nosso lar, tem nossos objetivos, mas manter o cérebro sempre ativo, faz com que a gente evolua e se mantenha jovem. Embora o corpo envelheça, tem toda a ação do mundo em que vivemos, do ambiente, se a gente sempre aprende, mantém os estudos vai estar com a cabeça jovem. E esse é meu segredo de estar sempre ativa. Não quero nunca parar de estudar”, ensina.
“Eu só posso ter gratidão por poder representar tantas mulheres e por estar incentivando tantas que após os 60 anos deixaram de trabalhar, de estudar e muitas vezes deixaram de praticar atividades e às vezes por estarem desmotivadas. Então eu continuo sempre em como uma forma também de motivar essas muitas mulheres”, completa.
Marta também é mãe e avó. Aliás, além de todas as milhares famílias que pode acompanhar no processo de nascimento dos filhos, a técnica de enfermagem também teve o privilégio de vivenciar o parto dos netos e destaca como um dos momentos mais emocionantes da sua jornada de três décadas de trabalho na maternidade.
“Você ouvir uma avó falar ‘você viu o nascimento da minha filha e agora está vendo o nascimento do meu neto’ é maravilhoso, gratificante e emocionante, é o que mais me motiva a estar na maternidade todos os dias. Vivenciar os momentos com todas essas famílias, mas se pudesse destacar apenas um seria o da chegada dos meus netos. Pude vivenciar e estar do lado deles o tempo todo.
Aos 70 anos, Marta divide seu tempo entre o trabalho com técnica de enfermagem e os estudos na Fatec em Bauru
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