9 de outubro de 2024

Apenas 14% das cidades do centro-oeste paulista terão prefeitas mulheres a partir de 2025; cientista política fala em cenário ‘preocupante’

Número de mulheres eleitas nas prefeituras da região é 75% maior em relação às eleições passadas, mas o percentual ainda é baixo. Câmara de Bauru tem 8 novos vereadores entre 21 eleitos e 12 são da coligação da prefeita
Apesar de serem maioria e representarem 51,8% da população do centro-oeste paulista, apenas 14 mulheres foram eleitas prefeitas de municípios da região nas eleições municipais de 2024. O número corresponde a 14% dos cargos das 100 cidades da área de cobertura da TV TEM de Bauru (SP) e Marília (SP).
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Apesar do índice ainda baixo, a população escolheu 75% mais mulheres para o cargo de chefe do Executivo em comparação com as eleições de 2020, quando esse número foi de apenas 8%, ou seja, oito cidades.
Além disso, dessas 14 eleitas neste ano, quatro são mulheres que já ocupavam o cargo e foram reeleitas, enquanto outras oito são as primeiras mulheres a ocupar o cargo nos respectivos municípios. Confira:
Assis: Telma Spera (PL) – Primeira mulher eleita;
Avaí: Hellen Rodrigues (PSD) – Reeleição;
Bauru: Suellen Rosim (PSD) – Reeleição;
Borborema: Sheila Maria (PL) – Primeira mulher eleita;
Cafelândia: Tais Contieri (PODEMOS) – Reeleição;
Duartina: Suzy Simão (PSDB) – Primeira mulher eleita;
Guaiçara: Flávia do Baiano (PSB) – Primeira mulher eleita;
Guaimbê: Márcia Achilles (PSD) – Reeleição;
Iacanga: Fátima Pinheiro (REPUBLICANOS) – Primeira mulher eleita;
Itapuí: Clélia (PSD) – Primeira mulher eleita;
João Ramalho: Dirce Valejo (PSDB) – Primeira mulher eleita;
Ribeirão do Sul: Eliana (CIDADANIA);
Tarumã: Adriana Roncada (PSD) – Primeira mulher eleita;
Ubirajara: Leila do Walmir (MDB) – Primeira mulher eleita.
Representatividade no Legislativo
Em Bauru e Marília, a representatividade feminina nas Câmaras também é baixa. Em contrapartida, as duas candidatas a vereadoras mais votadas nas duas maiores cidades do centro-oeste paulista são mulheres.
Em Bauru, a já vereadora Estela Almagro (PT) obteve 7.586 votos válidos. A integrante do Legislativo ultrapassou em mais de mil votos o segundo candidato mais votado, o também vereador Junior Rodrigues (PSD), que obteve 6.433 votos.
Estela Almagro foi a vereadora mais votada e a única mulher eleita em Bauru (SP)
Gabriel Pelosi/TV TEM
A partir de 2025, Bauru contará com 21 vereadores. O aumento do número de cadeiras foi aprovado no final de 2022, com o projeto de emenda à Lei Orgânica do município, que adicionou quatro cadeiras ao Legislativo.
Estela foi a única mulher eleita para o Legislativo na cidade, já que Chiara Ranieri (UNIÃO BRASIL), que compunha o núcleo feminino da Câmara de Bauru até este mandato, concorreu ao Executivo, sendo a segunda mais votada, com 31.075 votos, atrás de Suéllen Rosim (PSD), que recebeu 94.341 votos.
Esta será a primeira vez em Bauru que uma mulher negra, Estela Almagro (PT), mais votada na Câmara, dará posse a uma prefeita também mulher e negra, Suéllen Rosim (PSD), e a outros vereadores.
Suéllen Rosim, mulher e negra, será empossada por Estela Almagrao, também mulher e negra
Reprodução/TV TEM
Em Marília, a vereadora mais votada foi Fabiana Camarinha (PODEMOS), com 4.281 votos.
Ao contrário de Bauru, o número de mulheres na Câmara de Marília dobrou se comparado ao da legislatura atual, com as reeleições de Vania Ramos (REPUBLICANOS) e Professora Daniela (PL), além da eleição da Delegada Rossana Camacho (PSD) e de Fabiana.
Fabiana Camarinha foi a candidata mais votada em Marília (SP)
Reprodução/TV TEM
O que significa a baixa representatividade?
Em entrevista à TV TEM, a cientista política Teresa Kerbauy destacou que o cenário de pouca representatividade feminina no centro-oeste paulista e no Brasil de modo geral é preocupante, já que os partidos são obrigados a garantir que 30% das suas candidaturas sejam de mulheres.
“Essa baixa representatividade, tanto em Bauru quanto na região, é um pouco assustadora, no sentido de que existem cotas para candidatas mulheres. As explicações são várias. Acho que um pouco tem a ver com o Fundo Eleitoral não ser aplicado no financiamento de campanha das mulheres; isso, em geral, os partidos não fazem. E tem um processo na Câmara Federal para inocentar esses partidos”, explica.
A cientista aponta que, apesar da obrigatoriedade de financiamento pelo Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral para apoiar campanhas de mulheres, os partidos frequentemente não cumprem essa obrigação.
“Os partidos que não tiveram essas cotas e nem o financiamento apropriado nas últimas eleições têm um processo na Câmara Federal, que, em geral, acaba inocentando esses partidos”, explica.
Teresa também explica que, mesmo presentes nos partidos, muitas vezes as mulheres são apenas candidatas, mas não fazem parte do diretório.
“Em geral, são mulheres que são escolhidas pelo partido, mas, na realidade, elas não fazem parte do diretório, elas não fazem parte da vida diária do partido. Então, isso também pode refletir na baixa aprovação ou na baixa eleição de mulheres, não só em Bauru, mas na região”, disse à TV TEM.
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