Julgamento foi reagendado para 12 de março. Já houve quatro adiamentos, dois deles após desentendimentos entre defesa e acusação no plenário. Confusão em festa sertaneja termina com dois mortos e um baleado em Piracicaba
Divulgação
A Justiça de Piracicaba (SP) remarcou para 12 de março de 2025 o júri popular do policial militar Leandro Henrique Pereira, acusado de matar duas pessoas e deixar outras três feridas ao realizar disparos dentro de um show sertanejo, em novembro de 2022.
O caso aconteceu em um evento no Parque Unileste e os tiros disparados mataram Leonardo Victor Cardoso, de 25 anos, e Heloíse Magalhães Capatto, de 23 anos. Além disso, ficaram feridas pelos tiros outras três pessoas de 20, 21 e 27 anos.
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O julgamento já teve quatro adiamentos. Dois deles aconteceram devido a desentendimentos entre defesa e acusação no plenário.
O PM é acusado de dois homicídios com quatro qualificadoras e por três tentativas de homicídio. O tribunal do júri deve ouvir na sessão as três vítimas que sobreviveram aos disparos, além de testemunhas de acusação e defesa.
Jovem atingido de raspão por tiro em festa de Piracicaba
Reprodução/EPTV
Outros policiais
Além do policial acusado de fazer os disparos, o MP-SP também denunciou por prevaricação um amigo dele e sua esposa, que também são policiais e estavam no local, por não realizarem suas funções e o prenderem. O amigo ainda foi denunciado por auxiliá-lo na fuga do evento, mas fez um acordo judicial e teve seu caso arquivado.
Já a esposa de Pereira foi absolvida em agosto, mas o Ministério Público entrou com recurso da decisão. Anteriormente na ação, o crime pelo qual ela era acusada já tinha sido considerado de menor potencial ofensivo pelo magistrado.
Intervenção em briga e ‘empurra-empurra’
De acordo com a denúncia do MP, os disparos foram realizados após Leonardo, uma das vítimas, intervir em uma briga entre o PM de 25 anos, um amigo seu e uma terceira pessoa.
Já a Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) concluiu que o motivo dos disparos foi um desentendimento após um empurra-empurra no show. Ao finalizar a investigação, a corporação pediu a prisão preventiva do policial militar que efetuou os tiros.
Por ser integrante de uma força de segurança pública, a Polícia Militar, o acusado tinha porte de arma em qualquer lugar de todo território nacional.
Vídeo mostra momento de disparos que mataram dois durante show em Piracicaba
Correria e desespero
Imagens publicadas em redes sociais mostram o momento dos tiros e quando começa a confusão e correria no evento (veja no vídeo acima).
Nas imagens é possível ver os dois artistas no palco, cantando o refrão de uma música. Em seguida ouvem-se os barulhos dos tiros. Em um dos vídeos, uma pessoa que estava no local identifica o som “É tiro, é tiro”. Em seguida começa uma confusão e a imagem é encerrada.
Vítimas
As vítimas que morreram baleadas são dois jovens:
Heloise Magalhães Capatto, de 23 anos, era estudante de Odontologia. Seu corpo foi sepultado no dia 20 de novembro. A Unicamp emitiu nota lamentando a morte e decretando luto oficial na instituição.
Heloise Magalhães, estudante de odontologia da Unicamp, morreu após ser baleada em festa sertaneja em Piracicaba (SP)
Reprodução
A outra vítima foi Leonardo Victor Cardozo, de 26 anos. Ele foi sepultado também em 20 de novembro, em Piracicaba.
Leonardo Victor Cardozo, de 26 anos, que morreu após ser baleado em confusão em festa sertaneja em Piracicaba (SP)
Reprodução/EPTV
Empresa organizadora do evento, Burn19 Produções, emitiu uma nota sobre o caso na época. “A organização do evento presta toda a solidariedade às vítimas e familiares que foram afetados por esse terrível ocorrido e se coloca à disposição das autoridades para a realização das diligências necessárias, bem como colaborar com os trâmites da investigação em andamento”, comunicou.
A empresa também informou que a festa contava com documentos legais e alvará para acontecer, e que no local do evento tinham seguranças particulares e que havia revista pessoal, além de atendimento ambulatorial.
O que diz a defesa
Em abril, um dos advogados do réu informou ao g1 que um parecer feito por peritos particulares que a defesa anexou ao processo aponta que Pereira não foi autor de todos os disparos, “com base em trajetórias e confrontos balísticos”.
Também sustentou que o policial atirou apenas contra Leonardo, que estaria tentando tirar a arma dele. Foi, ainda, apresentada a tese de que havia um outro atirador no local, que não foi identificado pelas investigações.
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