21 de setembro de 2024

Após 50 dias, fugitivos da penitenciária de Mossoró são presos em Marabá (PA)

Além de Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, a polícia também prendeu quatro pessoas que estavam ajudando na fuga. Após 50 dias, PF e PRF recapturam no Pará foragidos da penitenciária federal de Mossoró
A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal recapturaram os dois fugitivos da Penitenciária de Mossoró. Eles estavam em Marabá, no Pará. A fuga inédita de um presídio federal de segurança máxima foi há exatamente 50 dias.
O grupo viajava em três carros. As equipes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal pararam o comboio por volta de 13h, quando os veículos estavam no acesso a uma ponte na BR-222 sobre o Rio Tocantins, em Marabá, no Pará. Na hora, o carro da PF chegou a bater em um dos carros.
A polícia prendeu as seis pessoas do comboio: Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, os dois fugitivos do presídio federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e quatro pessoas que estavam ajudando na fuga.
Comboio onde foram presos os fugitivos de Mossoró
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Rogério e Deibson viajavam em carros diferentes. Os investigadores monitoraram o sinal dos celulares de Rogério e Deibson, que já estavam a mais de 1.600 km de Mossoró.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que os presos tiveram ajuda de uma facção criminosa ao longo da fuga e estavam tentando fugir do país:
“Foram coadjuvados por criminosos externos e tiveram, portanto, auxílio de seus comparsas e das organizações criminosas as quais eles pertenciam. Em um primeiro momento nós soubemos que alguns moradores, infelizmente, foram cooptados pelos criminosos ou pelo crime organizado, facilitando a fuga. Depois, houve realmente a vinda de veículos que os transportaram. Primeiro em uma distância de 34 km, perto da cidade de Maraúna, e de lá procuraram se evadir para o exterior, inclusive com vários outros carros – carros equipados, modernos – e estavam se preparando para sair do país”.
O ministro não informou para qual país os bandidos pretendiam ir.
Rogério Mendonça e Deibson Nascimento são integrantes da facção criminosa Comando Vermelho e estavam na penitenciária de Mossoró desde setembro de 2023. Eles tinham sido transferidos para Mossoró após participarem de uma rebelião em outro presídio de segurança máxima, o de Rio Branco, no Acre. Na rebelião, morreram cinco detentos — três deles, decapitados.
Agentes da PRF com os dois criminosos presos
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Nesta quinta, com o grupo, os policiais apreenderam oito celulares, dinheiro, cartão bancário, documentos e um fuzil.
“Os dois fugitivos estavam em um verdadeiro comboio do crime. Três carros foram apreendidos com vários celulares, com um fuzil, que é uma arma extremamente letal”, contou Lewandowski.
Segundo a investigação da Polícia Federal, os bandidos fugiram do Presídio de Mossoró e ficaram cerca de um mês escondidos na região; a maior parte na cidade de Baraúna, também no Rio Grande do Norte. De lá, possivelmente em 18 de março, percorreram mais 99 km e chegaram ao litoral pela cidade de Fortim, no Ceará.
De Fortim, foram de barco, pelo mar, até se aproximarem da Ilha do Mosqueiro, no Pará, onde chegaram no dia 24 de março, segundo as investigações. De lá, seguiram para Belém, onde ficaram escondidos por alguns dias. Nesta quinta, cedo, saíram de Belém em direção a Marabá, onde foram abordados pela Polícia Federal.
Trajeto realizado pelos fugitivos de Mossoró
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Lewandowski deu entrevista acompanhado do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e do secretário de políticas penais, André Garcia. O diretor da PF afirmou que a equipe avaliou o melhor momento para a abordagem:
“Em parceria com a Polícia Rodoviária Federal fizemos a abordagem com um dos alvos com um fuzil ostensivamente sendo portado no momento da abordagem, mas que, frente à reação e a ação imediata das nossas equipes, não disparou. Enfim, não teve nenhum incidente dessa gravidade e, portanto, concluímos o trabalho com sucesso com a prisão das seis pessoas envolvidas, dentre eles os dois fugitivos”.
Quatros presos ficarão em Marabá e as autoridades vão mandar Rogério Mendonça e Deibson Nascimento de volta para a Penitenciária Federal de Mossoró. Eles ficaram em silêncio no depoimento desta quinta.
O secretário de políticas penais, André Garcia, disse que a segurança do presídio aumentou:
“O sistema penitenciário federal não é mais o mesmo desde a data do evento que ocorreu lá em Mossoró. De lá para cá, trocamos a iluminação, os problemas de iluminação. As câmeras foram adquiridas e estão sendo instaladas à medida em que chegam dos fornecedores. São 10 mil câmeras que foram adquiridas já, recentemente. Parte delas vão trocar e vamos reforçar todo o parque de monitoramento das unidades que compõe o sistema penitenciário federal. Estamos determinados, como disse desde do dia do evento, que esse fato seja um fato irrepetível, que seja um fato que não vai acontecer mais no sistema penitenciário federal, porque o trabalho está sendo feito nesse sentido”, afirma André Garcia.
A Polícia Federal vai investigar a rede de apoio que ajudou na fuga dos bandidos. Ao Jornal Nacional, o diretor-geral da PF disse que agora começa uma nova etapa da investigação:
“Nós temos agora, portanto, que mapear toda essa rede de apoio que foi dada a esses criminosos e também conduzir o flagrante que foi feito também dentro do inquérito policial, com a apreensão de armas, de celulares, enfim, que podem descortinar os passos seguintes que esse grupo criminoso pretendia dar”.
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