26 de dezembro de 2024

Após aumento de prisões de passageiros com cocaína no estômago, aeroporto internacional de SP reativa scanner corporal

Equipamento detecta cápsulas engolidas ainda no terminal. Número de detenções em 2024 já é o mesmo que em todo o ano passado. Scanner no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos
Reprodução
Após o aumento de prisões de passageiros com cocaína no estômago nos últimos anos, o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, reativou este mês um scanner corporal que detecta cápsulas engolidas. As chamadas “mulas” do tráfico são aliciadas pelo crime organizado para embarcarem com a droga no estômago e transportá-las principalmente em voos para Europa.
O equipamento é capaz de identificar se o passageiro selecionado para fiscalização engoliu a droga ainda no terminal. Até então, a confirmação só era possível depois de um exame de imagem no hospital. O scanner foi adquirido pela concessionária GRU Airport, mas é operado pela Polícia Federal.
Oficialmente a concessionária nem a PF confirmam desde quando o aparelho estava desativado e os motivos pelos quais ficou fora de uso. A GloboNews apurou que ele não foi usado nos últimos cinco anos.
Com a reativação e treinamento dos agentes, durante um teste feito na noite de quarta-feira (24), uma passageira de um voo para Paris, na França, foi presa por tráfico internacional de drogas após engolir cápsulas de cocaína e tentar embarcar para o exterior. O flagrante ocorreu quando a mulher foi selecionada pela Polícia Federal para o exame.
Essa foi a primeira prisão do ano desde que os policiais federais voltaram a usar o equipamento de scanner no maior aeroporto do Brasil.
Aumento das prisões de ‘engolidos’
Nos três primeiros meses deste ano, a PF de Guarulhos registrou quase o mesmo número de prisões em todo o ano passado de passageiros que engoliram cápsulas de cocaína e tentaram embarcar pelo aeroporto internacional. No ano passado, foram 41 prisões. Entre janeiro e março deste ano, já foram 39 prisões.
As estatísticas mensais de abril não estão finalizadas, mas um levantamento feito pela GloboNews apontou que até sexta-feira (26), mais cinco pessoas também tinham sido detidas com a droga engolida.
Prisões 2024
jan: 19
fev: 6
março: 14
abril (até dia 26): 5
Segundo o chefe da delegacia da PF no Aeroporto de Guarulhos, delegado Dennis Cali, a modalidade de engolidos se intensificou nos últimos anos pela dificuldade de fiscalização. Ele cita outra estatística: na comparação de 2022 com 2023, é possível ver o aumento do número de passageiros presos, mas não o volume de droga apreendida.
“São muitas pessoas tentando embarcar com pouca quantidade de droga. Enquanto uma pessoa engole 1 quilo, 1,5 quilo de cocaína, na modalidade de droga enviada escondida em malas nós vemos mais de 20 quilos em uma única remessa”.
Prisões e apreensões em geral no aeroporto
2022:
presos: 343
droga apreendida: 2,9 toneladas
2023:
presos: 406
droga apreendida: 3 toneladas
2024:
presos: 113
droga apreendida: 403 kg
Operação com scanner
A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira (29) uma operação com o uso do scanner corporal para abordar mais passageiros e usar o equipamento para suspeitas de droga engolida. Até o meio-dia, nove pessoas tinham sido flagradas pelo scanner e seriam levadas para o Hospital Estadual de Guarulhos escoltados pela Guarda Civil Metropolitana (GCM).
A GCM de Guarulhos dá apoio à ação para fazer a escolta dos suspeitos até o hospital, para onde são levados os passageiros para expelirem as cápsulas. Segundo a PF, quando se trata do acompanhamento de presos que engoliram cocaína, a escolta é o gargalo.
“Quando um policial fica no hospital ele deixa de desempenhar outras funções na delegacia. Os militares da GLO (decreto da lei e da ordem) também não poderiam atuar na escolta porque o hospital está fora do perímetro do decreto. Então o apoio da GCM foi decisivo para conseguirmos deflagrar a operação”, completou o delegado-chefe da PF em Guarulhos.

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