Na semana passada, a irmã de Eduardo foi ouvida novamente, assim como o delegado que esteve no local, no dia do crime. Já peritos vão prestar novos depoimentos no próximo dia 17. Caso do menino Eduardo, morto há 10 anos no Alemão, pode ter nova reconstituição
O caso do menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, morto com um tiro de fuzil na cabeça, no Morro do Alemão, em 2015, pode ganhar uma nova reconstituição, mesmo nove anos depois do crime. A reabertura do caso foi possível graças à luta da mãe do menino.
Na semana passada, a irmã de Eduardo foi ouvida novamente, assim como o delegado que esteve no local, no dia do crime. Já peritos vão prestar novos depoimentos no próximo dia 17.
Em abril de 2015, Eduardo foi morto com um tiro de fuzil na cabeça, disparado por um policial militar da UPP do Alemão. O menino, de 10 anos, brincava no celular na porta de casa.
Sete meses depois do crime, o processo contra dois PMs acusados de matar o garoto foi arquivado pela Justiça.
Na época, o inquérito da Polícia Civil concluiu que os policiais agiram em legítima defesa, trocavam tiros com bandidos e balearam Eduardo acidentalmente, apesar de testemunhas terem dito o contrário.
Em setembro do ano passado, o Ministério Público determinou o desarquivamento da investigação, já que foram apresentadas novas provas. A mãe do Eduardo, Terezinha Maria de Jesus, foi a responsável por trazer luz ao caso novamente.
Hoje, ela mora em outro estado. Prefere não revelar onde por questões de segurança, mas conversou com o RJ2.
“Consegui 43 vídeos que me ajudaram muito também nesse desafio do processo e uma testemunha chave que não posso falar nome ,mas ela viu tudo o que aconteceu com meu filho. Na época, ficou com muito medo e era menor. Passaram 8 anos, ela com aquilo na mente. Ela disse que não dormia mais, só pensando, e principalmente, quando via nas reportagens pedindo Justiça pra Eduardo. Ela resolveu me procurar”, acrescenta.
Terezinha conseguiu que o caso tivesse mais visibilidade há dois anos, quando o ator Clayton Nascimento começou a contar a história dela no palco, com a peça “Macacos”. Em uma das apresentações, o advogado João Pedro Accioly ofereceu ajuda e o caso voltou a andar. Nos próximos dias, a peça inicia uma turnê internacional.
RIvaldo (segundo da esquerda para a direita, ao lado do homem de terno) durante as investigações do caso Eduardo no Alemão
Reprodução/TV Globo
Rivaldo era responsável pela DH
Em 2015, a Delegacia de Homicídios da Capital estava à frente da apuração da morte de Eduardo. Esse é mais um crime onde há suspeita de obstrução nas investigações por parte do delegado Rivaldo Barbosa, responsável pela DH na ocasião.
Rivaldo Barbosa está preso na Penitenciária Federal de Brasilia, acusado de participação no assassinato de Marielle Franco.
A Primeira Promotoria de Justiça de Investigação Penal não descarta a possibilidade de fazer uma nova reconstituição do caso, já que surgiram novos relatos. A primeira foi realizada pela Polícia Civil quinze dias após a morte do menino.
Mas, desta vez, o Ministério Público pode usar a tecnologia. Se novas construções não tiverem surgido no local do crime, o MP pretende escanear a área e, com os dados colhidos, fazer uma maquete em 3D pra reproduzir as versões dos policiais, da família e de testemunhas. A análise do confronto dessas versões é considerada fundamental para o esclarecer o que aconteceu naquele dia.
Depois de tantos anos de uma luta solitária, para punir os responsáveis pela morte de Eduardo, Terezinha só quer ter o direito de viver, enfim, o luto do filho:
“Agora, o que mais quero é que a Justiça realmente seja feita pro meu filho, que dessa vez o Tribunal de Justiça, o Ministério Público não falhem. Teve muita falha na investigação da morte do meu filho e dessa vez eu quero que a Justiça seja feita, para eu poder ter o luto, viver o luto do meu filho”,