20 de setembro de 2024

Após meses encoberto por fumaça, céu de Porto Velho amanhece azul

Pela primeira vez em mais de dois meses, a população da capital conseguiu ver o céu azul. Apesar disso, quantidade de queimadas continuam batendo recordes em Rondônia. Céu de Porto Velho
Lucas Lopes
Ventos que passaram por Porto Velho na noite na quinta-feira (19), ajudaram a afastar a fumaça de queimadas que encobria o céu da cidade. Pela primeira vez em mais de dois meses, a população da capital conseguiu ver o céu azul, relatado no hino de Rondônia:
“Azul, nosso céu é sempre azul
Que Deus o mantenha sem rival
Cristalino muito puro
E o conserve sempre assim”.
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Segundo o meteorologista Luiz Alves, as condições de melhorias na visibilidade e na qualidade do ar em Porto Velho têm contribuição das fortes rajadas de ventos que ocorreram nas últimas 24 horas. O motivo principal foi a formação de um sistema convectivo de escala local, que se propagou desde o sudeste do Amazonas e chegou no norte de Rondônia.
Em Porto Velho não foi registrada precipitação, mas em outras regiões do estado ocorreram chuvas, trovoadas e rajadas de ventos.
A transformação no horizonte parece simbolizar um suspiro coletivo. As queimadas deixaram a paisagem poluída e o ar insalubre e perigoso. Por semanas consecutivas, a capital de Rondônia liderou os piores índices de qualidade do ar no país.
No entanto, a situação ainda é delicada. De acordo com a plataforma suíça de monitoramento do ar, a IQAir, nesta sexta-feira (20) a qualidade do ar em Porto Velho é considerada Insalubre para grupos sensíveis.
Somente no mês de agosto, mais de 40 voos foram afetados pela baixa visibilidade causada pela fumaça em Rondônia. Passageiros prejudicados pelos cancelamentos precisam optar por medidas alternativas, como percorrer mais de 1 mil quilômetros de ônibus para embarcar em outro estado.
Diante do cenário, os portovelhenses agora comemoram algo a possibilidade de enxergar algo simples: o céu.
“Acordei e olhei para cima, admirado com o contraste do azul do céu e as nuvens que, por tanto tempo, foram substituídas por uma névoa inquietante. A natureza apesar de agredida, ainda tem força para se reerguer. A beleza simples do céu azul, que passa despercebido, agora é motivo de comemoração”, afirmou o portovelhense Lucas Lopes.
Céu de Porto Velho
Júlia Mendes
Rondônia em chamas
Apesar do alívio momentâneo, a quantidade de queimadas em Rondônia continua batendo recordes. Nas primeiras duas semanas de setembro, a quantidade de focos de queimadas em Rondônia foi 3 vezes maior do que o total de registros feitos nos seis primeiros meses de 2024.
O estado contabiliza 8.462 focos de incêndio entre janeiro e 19 de setembro: a maior quantidade em cinco anos, de acordo com o “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Entre janeiro e 11 de setembro de 2024, mais de R$ 262 milhões em multas foram aplicadas pelo Batalhão da Polícia Ambiental em Rondônia. Além disso, foram realizadas 970 prisões, sendo 42 por queimadas ilegais.
O Parque Guajará-Mirim, uma das maiores unidades de conservação de Rondônia, está em chamas há mais de dois meses. De acordo com o Painel do Fogo, a área queimada no Parque é de 107 mil hectares, o que corresponde a quase metade de toda a vegetação da unidade de conservação.
A Estação Ecológica Soldado da Borracha também queima há mais de dois meses. A área destruída ainda não foi divulgada. No entanto, de acordo com dados do Painel do Fogo do Sistema de Proteção da Amazônia, incêndios já destruíram 163 mil hectares na região onde a unidade de conservação está localizada.
A fumaça causada por todas essas queimadas afetam diretamente as paisagens de Rondônia. O pôr do Sol “abraçando” o rio Madeira, por exemplo, que fazia parte do dia a dia da população, passou a ser raras ou inexistentes.
Confira o ANTES e DEPOIS de paisagens de Rondônia, com e sem fumaça.
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Confira imagens do céu azul de Porto Velho, nesta sexta-feira (20):
Rede Amazônica – céu de Porto Velho
Gabriel Farias
Porto Velho – CPA
Isa Thalya
Céu de Porto Velho
Isa Thalya
*Estagiário sob supervisão de Jaíne Quele Cruz

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