22 de setembro de 2024

Após remissão de câncer raro, gerente de vendas de Ribeirão Preto diz que passou a focar nas coisas simples

Leonardo Simões e Silva foi diagnosticado com histiocitose das células de Langerhans em agosto de 2022. Tumor acomete 1 a cada 1 milhão de pessoas no mundo. Leonardo Simões e Silva, de Ribeirão Preto (SP), foi diagnosticado com câncer raro nos gânglios em 2022
Arquivo pessoal
Em dezembro de 2022, o gerente de vendas Leonardo Simões e Silva recebeu a notícia que aguardou por quatro meses: estava, finalmente, em remissão após ser diagnosticado com histiocitose das células de Langerhans (HCL) em agosto daquele ano.
“O meu PETscan [exame de diagnóstico por imagem capaz de detectar tumores pelo corpo], que deu zerado, foi em dezembro”.
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Do diagnóstico até a remissão, Leonardo diz que procurou se manter forte para que a doença não pudesse derrubá-lo.
E se antes de descobrir o tumor o gerente de vendas já apreciava as pequenas conquistas, depois passou a intensificar o olhar em tudo que podia sentir prazer e felicidade.
“Hoje vejo a vida de forma um pouco mais simples. A gente complica muito no dia a dia, acho que é natural, mas busco viver bem cada momento. Penso em conquistas? Claro. Tenho minhas ambições pessoais e profissionais, mas hoje tenho planos que não dependem tanto das outras pessoas e foco um pouco mais nas coisas que eu posso controlar”.
Leonardo Simões comemorou a remissão de câncer raro em uma festa em Ribeirão Preto (SP) um mês após o fim do tratamento
Arquivo pessoal
O HCL é um tipo extremamente raro de câncer que atinge células do sangue e acomete um a cada um milhão de adultos no mundo.
No caso de Leonardo, a doença se manifestou nos gânglios e ele procurou por atendimento médico após achar que estava com dor de garganta.
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Antes de ser diagnosticado com histiocitose de células de Langerhans, Leonardo revela que passava tempo demais se dedicando ao trabalho. Com a doença, aprendeu a desacelerar.
“Eu era muito workaholic, sempre fui muito ligado no trabalho. Hoje, não que eu não dê importância ao trabalho, mas entendo que isso é uma parte da minha vida e não a minha vida”.
Leonardo Simões e Silva, de Ribeirão Preto (SP), foi diagnosticado com Histiocitose das células de Langerhans (HCL) em 2022
Arquivo pessoal
A HCL também possibilitou ao gerente de vendas aproveitar mais as pequenas coisas. Desde 2019, ele desenvolveu o hábito de fotografar lugares e intensificou o gosto pelos registros nos últimos anos.
O nascer do sol está entre as imagens mais frequentes na galeria de fotos do celular dele.
“Sempre gostei de ver o sol nascer. Alguns dos meus amigos falam ‘você é louco, acorda muito cedo’, mas eu gosto, é uma coisa que me dá prazer. Então é fazer coisas que dão prazer com mais frequência, é viver um dia de cada vez, mas não esperar muito, exigir com consciência. Não preciso viver louco, como se tivesse que viver tudo em um dia. É ser grato pelas pequenas coisas do dia que são daquele dia. Viver cada dia de cada vez”.
Leonardo Simões e Silva, de Ribeirão Preto (SP), desenvolveu o hábito de registrar o nascer do sol
Arquivo pessoal/Leonardo Simões e Silva
Angústia e pensamento positivo
Leonardo descobriu a doença uma semana depois que completou 32 anos. Era um sábado, quando o gerente de vendas acordou com uma dor forte no pescoço e notou algo errado durante o café da manhã, quando teve dificuldade para engolir.
Ele foi até o hospital porque achava que estava com dor de garganta, e após exames que identificaram um tumor, precisou ser internado no mesmo dia.
Ele só foi liberado uma semana depois e aí teve de lidar com outro ponto: avisar sobre a doença para amigos e familiares.
“Acho que todo mundo chega em algum momento da vida que pensa sobre isso e fala ‘nossa, como vou lidar, vou ficar em choque’. Naquele momento que recebi a notícia que realmente tinha um tumor, só pensava em como conversar com as pessoas que eram próximas a mim, como podia dar essa notícia de uma forma mais tranquila. Me apoiei muito na questão de que sempre fui muito positivo. Desde que descobri o diagnóstico, pensei ‘vou encontrar a cura'”.
Apesar do pensamento positivo, Leonardo confessa que, por alguns dias, sentiu angústia ao pensar na doença.
“Claro que tiveram momentos de angústia, especialmente à noite, de madrugada, quando eu sentia dor, quando estava muito quieto. Mas em nenhum momento eu pensei ‘poxa, vou falecer disso’. Acho que o que mudou na minha vida foi a maneira como enxergo algumas situações no sentido de aproveitar mais. Mas não aproveitar mais no sentido de ‘como se fosse o último dia’. Aproveitar com consciência, aproveitar coisas simples”.
Hoje em remissão, o gerente de vendas comemora e diz que o processo que passou serviu para entender e aprender a se questionar.
“Eu já fazia terapia antes do câncer e durante o processo eu falava muito de usar isso de forma que realmente fosse construtivo, que pudesse ajudar outras pessoas. Por mais que tivesse as angústias, eu me questionava. Não ‘porquê comigo’, mas para que? Qual o motivo de eu estar passando por aquilo. E aí nesses questionamentos, encontrei que tinha um propósito, que em algum momento ia ser desafiado ou pudesse ajudar outras pessoas”.
Quando voltou a pedalar após a remissão do câncer, Leonardo Simões e Silva, de Ribeirão Preto (SP), passou a registrar momentos únicos
Arquivo pessoal/Leonardo Simões e Silva
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