26 de dezembro de 2024

Araucárias ameaçadas de extinção supostamente envenenadas em SC vivem até 500 anos

Derrubada da espécie depende de autorização ambiental no estado. Dono do local onde exemplares estavam foi multado em R$ 7,5 mil. Araucárias em risco de extinção são encontradas perfuradas e debilitadas em SC
As árvores encontradas debilitadas e com sinais de envenenamento por ação humana em uma propriedade em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, na segunda-feira (4), pertencem a uma espécie ameaçada de extinção. As araucárias também são conhecidas como pinheiros-do-paraná, e podem viver por até 500 anos.
Encontradas com perfurações nos caules, as nove árvores podem ter sido contaminadas com substância química. O dono do local foi multado em R$ 7,5 mil e a propriedade foi interditada.
Segundo a Polícia Militar Ambiental (PMA), que encontrou os exemplares na fazenda de 192,57 m², a suspeita é de que o objetivo fosse provocar a morte das araucárias. A derrubada da espécie depende de autorização ambiental emitida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA).
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Araucárias em risco de extinção perfuradas levantam suspeita de envenenamento em SC
Marcelo Callegari Scipioni, professor do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explicou que as araucárias são nativas do Brasil e estão presentes na Mata Atlântica. Elas são da espécie Angustifólia.
Por conta do avanço do processo de urbanização e a redução das fronteiras agrícolas, o pesquisador destacou que houve uma diminuição significativa das áreas naturais onde a espécie é encontrada.
“Essa é uma espécie de interesse ecológico, por dominar a paisagem e fornecer sua semente de alimento e abrigo para a fauna e flora. Então, essa expansão desordenada de ocupação do território tornou essa espécie ameaçada de extinção no aspecto de pressão, de uso da madeira da espécie também”, afirmou.
Outro fator que contribui para a vulnerabilidade da araucária é a mudança climática, segundo o especialista. Scipioni ressalta que a araucária se desenvolve em climas frios e, com o aumento das temperaturas, a árvore tem perdido espaço para outras espécies tropicais.
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Araucárias em risco de extinção perfuradas e debilitadas levantam suspeita de envenenamento em SC
PMA/Divulgação
Suspeita de envenenamento
O possível envenenamento das árvores foi descoberto pela PMA na segunda. Durante a fiscalização na propriedade, os agentes com formação em engenharia florestal perceberam que os furos nas árvores foram feitos possivelmente com o uso de ferramentas. Os buracos eram circulares e com tamanhos semelhantes.
“Os furos, com a inoculação de substância química fizeram com que essa vegetação secasse e, posteriormente, chegasse a total desativação biológica”, disse a PMA em nota.
Além disso, os pinheiros da propriedade estavam debilitados, apesar de as árvores da fazenda ao lado apresentarem boa vitalidade, segundo a polícia. O terreno é usado para a plantação de mandioca, segundo a PMA.
O local onde as árvores estavam foi interditado. Os policiais também emitiram uma Notícia de Infração Penal Ambiental (NIPA) e encaminharam o documento ao Ministério Público, que vai investigar o caso.
O g1 procurou a Polícia Civil para saber se o caso será investigado. Até a última atualização do texto não houve retorno. O MP disse, na quarta-feira, que o caso ainda não havia chegado ao órgão.
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