Idealizado pela professora Elsa Helena, o projeto guarda objetos que trazem panoramas históricos e sociais do município no final do século XX. ‘Arca do Futuro’: peça é aberta após 25 anos lacrada em Piraju
Reprodução
Imagina encontrar objetos do passado com grande valor histórico, sem que esses materiais tivessem sido tocados por mais de duas décadas? Parece até enredo de filme, mas foi a partir desta iniciativa que surgiu a “Arca do Futuro” em Piraju (SP).
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A ideia surgiu do desejo de uma professora de história aposentada de contribuir de alguma forma com o município. A mente por trás da criação da arca é a professora Else Helena Aquino Degelo Piraju, de 75 anos.
“Eu achava que eu não poderia passar pela história sem fazer nada. E como eu moro numa cidadezinha muito pequena, eu pensei: o que eu vou fazer aqui nessa pequena cidade, em comparação com as grandes metrópoles?”, contou.
Em 2000, cidade de Piraju tinha cerca de 27 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a população estimada para 2024, conforme o IBGE, é de 30.261 moradores.
A professora relembra que uma iniciativa semelhante à da arca já havia sido realizada com sucesso em sala de aula, na época em que lecionava. “Farei uma arca que conte a história viva da cidade! Eu estava em 1999, falei com o prefeito (da época), que concordou com a ideia.”
Cápsula com dados, documentos e artigos históricos foi lacrada há 25 anos em Piraju
Arquivo Pessoal/Elsa Helena
Processo de criação
Para coletar material da época, a professora Else Helena contou com a ajuda de escolas da cidade. “Para cada escola, dei um tema de desenvolvimento, de entrevista, fazer uma pesquisa em alguma área agrícola, saúde… ver como estava a cidade. Os alunos escreveram mensagens, e assim foi feito.”
“O prefeito deixou lá uma mensagem, videocassete, tinha uma moça daqui, que trabalhava na TV, que também deixou uma mensagem, um diretor de teatro famoso, pessoas que tinham feito alguma coisa por Piraju, que se sobressaíram”, comentou.
Fotografias, lembranças, revistas, recortes, objetos e tudo o que os moradores conseguiram separar, foram guardados dentro da arca. “Resolvemos, então, fechar a Arca no dia do aniversário da cidade, 20 de janeiro”, afirmou Else Helena.
Mário Dino, diretor do Departamento de Cultura de Piraju, contou sobre a importância da arca. “Houve-se uma preocupação de saber. O que estaria diferente hoje em relação a 25 anos atrás”.
“As pessoas que depositaram suas cartas, suas referências, suas contribuições naquela época, hoje estão extremamente curiosas de como vão encontrar o estado desses documentos e se efetivamente o que foi colocado lá é o que está acontecendo na vida dessas pessoas e na vida da própria cidade”, afirmou Mário.
A arca, criada com chumbo e exposta numa caixa de vidro, em frente a Prefeitura de Piraju, contém uma placa mencionando a percursora da tradição
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A tradição continuará para os próximos 75 anos
Dona Else Helena queria fazer uma arca diferente, que guardasse a história da cidade e que, de tempos em tempos, fosse aberta. “Eu criei a arca para ser aberta daqui a 25 anos. Depois, a gente refaz esse mesmo trabalho, junta na arca, por mais 25 anos. Será um período de 100 anos, em que a gente refaz a história viva da cidade”, afirmou.
“Em cidade pequena, a história não é aquela coisa que corre muito… o desenvolvimento da história vai devagar, vai lento”.
“A arca virou um monumento histórico, os moradores passam, olham e ficam na expectativa de que, no dia 20 de janeiro, ela seria aberta. Tanto a expectativa como a influência da Arca para o progresso da cidade é grande”, descreveu o diretor do Departamento de Cultura.
Duas professoras da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, doutora em Arqueologia e em História, respectivamente, estarão presentes na abertura da arca. “Elas vão lidar com esse material, pegar com luvas e máscaras, e ver como está, como vai dar para aproveitar.”
‘Arca do Futuro’ será aberta na segunda-feira (20), a partir das 10h, após o ato cívico no pátio da Prefeitura, às 09h, com a presença de autoridades locais e moradores, além das especialistas em história e da idealizada do projeto.
A previsão, segundo a professora Else Helena, é que a arca seja fechada novamente no dia 9 de julho de 2025, após os atuais moradores ajudarem a coletar informações importantes que aconteceram nos últimos meses, para ser aberta no dia 20 de janeiro de 2050.
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