A seca prolongada, no entanto, fez os focos de incêndio atingirem o maior nível em 17 anos. Desmatamento na Amazônica cai 19% em 2024; mas os focos de incêndio disparam
A Amazônia encerrou 2024 com números contrastantes. No Cerrado, a notícia é boa.
As marcas do desmatamento às vezes ficam escondidas, mas não escapam dos satélites. Em 2024, o sistema Deter, do Inpe, que faz alertas de desmatamento em tempo real, registrou queda na área devastada no Cerrado. Foram 5.858 km² – 25% a menos que no ano anterior, quando a destruição atingiu o pico da série histórica, iniciada em 2018. Em 2024, foi implementado um plano de prevenção.
“Grande parte do desmatamento que ocorre no Cerrado é um desmatamento legal. A medida que essa implementação foi feita e o arranjo político, que foi feito com os governadores, com os prefeitos para trabalhar essa questão de maior fiscalização, esse resultado começou a aparecer. E agora, esse ano, o desmatamento no Cerrado já caiu significativamente com relação aos anos anteriores”, afirma Cláudio de Almeida, pesquisador do Inpe.
Desmatamento no Cerrado
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Os satélites também identificaram uma redução no desmatamento da Amazônia em 2024. A área de floresta derrubada atingiu o pico em 2022. Naquele ano, foram mais de 10 mil km² desmatados. Em 2023, houve uma queda de 50% e, em 2024, uma nova queda, agora de 19% – 4 mil km² de floresta foram destruídos. O número é o mais baixo desde 2017. Mas, colocado em perspectiva, ainda é muito grande: é como se, apenas em 2024, o Brasil tivesse perdido uma área de floresta do tamanho do município de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul.
Desmatamento Amazônia
Jornal Nacional/ Reprodução
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima afirma que a queda no ritmo de desmatamento é resultado da fiscalização, da destinação de áreas para proteção da floresta e do esforço de ministérios e órgãos do governo, agora com a participação do setor financeiro.
“Há dois anos, a gente vem aprimorando as normas de acesso de crédito rural, onde quem desmata ilegalmente está cada vez mais tendo menos acesso a crédito porque o sistema de controle financeiro nacional está cada vez mais forte, mais preciso, e vedando acesso a crédito rural para quem desmata ilegalmente”, afirma André Lima, secretário de Controle de Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente.
Se por um lado o desmatamento caiu, os incêndios aumentaram na Amazônia. Os satélites usados pelo Inpe também registram os focos de incêndio. Em 2024, foram mais de 140 mil, o maior número dos últimos 17 anos. A maior parte do fogo ocorreu em áreas já desmatadas.
Suely Araújo, do Observatório do Clima, alerta que as mudanças climáticas aumentam o desafio do governo federal, governadores e prefeitos.
“Nós temos uma vegetação mais ressecada, isso advém, sim, das mudanças climáticas. Nós tivemos um período grande com redução hídrica, o El Niño demorou para sair, demorou para ir embora, e esse tipo de evento provavelmente vai ocorrer outras vezes. Então, os governos têm que se preparar para atuar com mais eficácia em relação aos incêndios florestais”, afirma Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima.
Área desmatada na Amazônia é a menor em 7 anos
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O governo federal afirma que a seca que atinge a região amazônica nos últimos dois anos é a maior responsável pelo aumento do número de incêndios. O Ministério do Meio Ambiente disse que está reforçando as ações com estados e municípios.
“Nós aprovamos uma nova lei muito importante, a lei de manejo integrado do fogo, e vai permitir criar um sistema de prevenção, preparação e controle dos incêndios, porque não se apaga fogo de cima para baixo. Se apaga fogo com comunidades resilientes ao fogo. Então, as prefeituras têm que estar preparadas, os estados têm que estar preparados, os produtores rurais têm que ter preparação, prevenção, e o governo federal atua nas áreas federais e também apoia quando os estados pedem e não dão conta”, diz André Lima, secretário de Controle de Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente.
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