José Aprígio da Silva, do Podemos, estava a caminho da prefeitura quando o carro foi atingido por seis tiros de fuzil. Ele ficou mais de uma semana na UTI. Ataque contra o então prefeito de Taboão da Serra foi forjado, diz MP e Polícia Civil de SP
A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo afirmaram nesta segunda-feira (17) que o ataque a tiros contra o então prefeito de Taboão da Serra, na campanha eleitoral de 2024, foi forjado. O objetivo era alavancar a candidatura dele.
José Aprígio da Silva, do Podemos, estava a caminho da prefeitura quando o carro foi atingido por seis tiros de fuzil. Um deles acertou o ombro do então prefeito de Taboão da Serra. Aprígio ficou mais de uma semana na UTI. Recebeu alta na véspera do segundo turno da eleição municipal de 2024 e não se reelegeu.
Depois de quatro meses de investigação, a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo afirmaram que o grupo político do então prefeito planejou a simulação de um atentado para influenciar os eleitores. Segundo os investigadores, um dos atiradores, que está preso desde 2024, fez um acordo de delação premiada e disse que ele e mais três pessoas receberam R$ 500 mil pela tarefa.
O carro oficial usado por José Aprígio no dia do ataque era blindado. Segundo a polícia, os suspeitos de planejar o atentado sabiam disso e imaginavam que esse nível de proteção fosse capaz de suportar tiros de fuzil. Só perceberam o erro quando souberam que o ex-prefeito tinha ficado gravemente ferido.
“Não há qualquer elemento que aponte que houve um atentado ou de uma organização criminosa, conforme noticiado, ou de um grupo político rival. Há elementos, sim, que foi do próprio grupo político que queria com essa maneira alavancar a candidatura que estava em baixa naquele momento. São pessoas próximas ao prefeito. São pessoas que diariamente conviviam com o prefeito”, afirma Juliano Carvalho Atoji, promotor do Gaeco.
O delator disse que o ataque foi orquestrado pelo próprio prefeito. A polícia ainda investiga se José Aprígio sabia da farsa.
“Não há ainda como eu afirmar categoricamente que ele estava participando disso”, diz o delegado Helio Bressan.
Ataque a tiros contra o então prefeito de Taboão da Serra foi forjado para alavancar candidatura, diz polícia e MP
Reprodução/TV Globo
Nesta segunda-feira (17), os investigadores prenderam um suspeito de intermediar a contratação dos atiradores. Os policiais também cumpriram onze mandados de busca e apreensão. Entre os alvos, endereços ligados ao ex-prefeito e a três ex-secretários municipais suspeitos de planejar o ataque. Um deles, o ex-secretário de Manutenção Valdemar Aprígio, irmão do então prefeito, foi preso em flagrante porque guardava armas sem documentação. Na casa de José Aprígio, a polícia encontrou R$ 304 mil.
O advogado diz que o dinheiro está declarado e que o ex-prefeito é inocente.
“Nós temos que deixar claro aqui que ele é a vítima. Ele ficou muito surpreso com a informação de que foi algo forjado. Se o crime existiu de forma a ser forjada, ele sofreu um tiro de um armamento pesado, então a vida dele naquele momento foi comprometida”, diz Allan Mohamed, advogado de José Aprígio.
Ataque a tiros contra o então prefeito de Taboão da Serra foi forjado para alavancar candidatura, diz polícia e MP
Reprodução/TV Globo
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa de Valdemar Aprígio e não tivemos reposta do partido Podemos.
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