24 de setembro de 2024

Aumenta o número de motoristas multados por se recusarem a fazer o teste do bafômetro

A recusa em fazer o teste não é garantia de se livrar do flagrante. O policial pode constatar a embriaguez com o que está vendo. E mesmo quando quem causou um acidente foge, há outros recursos. Aumenta o número de motoristas multados por se recusarem a fazer o teste do bafômetro
Reprodução/TV Globo
Aumentou o número de motoristas brasileiros multados por se recusarem a fazer o teste do bafômetro.
O motorista bêbado de um caminhão desobedeceu a ordem dos policiais para parar, percorreu 25 km, invadiu a contramão da rodovia em Santos. Bateu em nove carros e matou um motociclista. É o último de uma sequência de casos chocantes de motoristas bêbados causando tragédias em São Paulo. Como o que atropelou e matou dois adolescentes no começo de setembro. Ou o que atropelou uma família inteira em agosto. Ou o que precisou ser carregado depois de atropelar um motociclista.
De 2022 para 2023, o número de motoristas autuados dirigindo depois de beber, subiu 42% em São Paulo e seguiu em alta no primeiro semestre de 2024. Mas outro número pode indicar que essa inconsequência de beber e depois dirigir pode ser ainda mais comum do que o número de acidentes e flagrantes está nos mostrando.
É o número de motoristas que, quando são parados pela polícia, se recusam a fazer o bafômetro. Em 2022, em São Paulo, 6 mil motoristas se recusaram a fazer o teste. Em 2023 foram 9 mil. O padrão de alta se repete em diversos estados. Em Mato Grosso, de 2022 para 2023, o aumento foi de 46%. No Espírito Santo, mais que dobrou. Em 2023, nas rodovias federais, já são mais de 22 mil recusas.
m 2022, em São Paulo, 6 mil motoristas se recusaram a fazer o teste do bafômetro
Reprodução/TV Globo
Quem se nega leva uma multa gravíssima, de quase R$ 3 mil, com suspensão da carteira. Já quem é pego com mais de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar vai responder não mais por uma infração, mas por um crime de trânsito e pode ser preso.
“Esses dados são uma imagem real de questões culturais e comportamentais dos nossos motoristas, que cada vez estão ingerindo uma quantidade maior de álcool e, por diversas falhas, quer seja de conscientização ou de fiscalização, eles utilizam essa brecha na lei para não ser enquadrado nas formas legais, porém, ele sabe que cometeu esse crime”, diz Allyson Coimbra, diretor da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego.
Mas a recusa não é garantia de se livrar do flagrante. O policial pode constatar a embriaguez com o que está vendo.
“Sinais como olhos avermelhados, conversa desconexa, enfim, são alguns sinais elencados na resolução do Contran 432 que vai permitir o agente público constatar que ele estava embriagado mesmo recusando o teste do etilômetro”, afirma Allison Prihl, assessor de imprensa da PRF.
Aumenta o número de motoristas multados por se recusarem a fazer o teste do bafômetro
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E mesmo quando quem causou um acidente foge, há outros recursos. O dono do carro de luxo que matou o motorista de aplicativo em São Paulo só se apresentou à polícia três dias depois. Mas a investigação e os depoimentos comprovaram que ele havia bebido antes de causar a tragédia. Ele está preso desde maio.
“A escolha de dirigir bêbado é do condutor, mas as consequências que vêm dessa escolha atingem toda a sociedade. Falta essa consciência de que ele não vai prejudicar apenas a vida dele, mas a vida de todos que estão utilizando a rodovia”, diz o assessor da PRF.
Dono do carro de luxo que matou o motorista de aplicativo em São Paulo está preso desde maio
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