15 de janeiro de 2025

Autonomia de estados, Polícia Viária: veja nova versão da PEC da Segurança Pública após debates com governadores

Autonomia dos estados na segurança pública, grande preocupação dos governadores, foi ressaltada por meio de uma modificação no texto. O governo apresentou nesta quarta-feira (15) a versão mais atualizada da proposta de emenda à Constituição conhecida como PEC da Segurança. O texto traz mudanças na versão original após debates com governadores, que pediram alterações.
Ainda na tarde desta quarta, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski — um dos principais fiadores da PEC — vai apresentar o texto a governadores em reunião em Brasília.
A autonomia dos estados na segurança pública, grande preocupação dos governadores, foi ressaltada por meio de uma modificação no texto.
O governo argumenta que a PEC é necessária para aumentar a participação da União na segurança do país, combater o crime organizado e integrar as polícias do país.
A partir da PEC da Segurança Pública, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) passará a fazer o policiamento ostensivo em rodovias, ferrovias e hidrovias federais. A sugestão é que ela passe a ser chamada de Polícia Viária Federal — e não Polícia Ostensiva Federal, como vinha sendo discutido.
PEC da Segurança: parágrafo prevê autonomia dos estados; Klava analisa
A nova versão da PEC já foi enviada à Casa Civil da Presidência da República. Confira os principais pontos discutidos e as mudanças sugeridas:
Autonomia dos estados e municípios garantida
Uma das principais preocupações dos governadores era a preservação da autonomia estadual e municipal na gestão da segurança pública. A nova redação do Artigo 21 da PEC esclarece que as novas atribuições concedidas à União não excluem as competências dos demais entes federados.
Além disso, foi retirada a expressão “observância obrigatória” do Inciso XXVII do mesmo artigo, reforçando que as polícias militares, civis, penais e os corpos de bombeiros continuam subordinados aos governadores dos estados e do Distrito Federal.
Conselho Nacional com participação ampliada
O texto atualizado acolheu a sugestão dos governadores para incluir representantes da sociedade civil no Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. Esse conselho será responsável por auxiliar na formulação da Política Nacional de Segurança Pública, que abrange o sistema penitenciário.
Apesar disso, a proposta de uma representação paritária no conselho — defendida pelo Conselho Nacional dos Secretários de Segurança Pública (Consesp) — será debatida posteriormente por meio de lei ordinária.
Fundos nacionais e recursos incondicionais
A nova PEC também constitucionaliza os fundos nacionais de segurança pública (FNSP) e penitenciário (Funpen). Atendendo aos pedidos dos governadores, os dois fundos permanecerão distintos e os recursos serão compartilhados entre todos os entes federativos, sem possibilidade de contingenciamento.
Essa medida visa assegurar maior previsibilidade e autonomia financeira para os estados e municípios na gestão de políticas de segurança pública.
Revisão das competências das forças federais
A PEC reforça o papel das forças policiais existentes e redefine atribuições específicas. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) passará a se chamar Polícia Viária Federal e ficará responsável pelo policiamento ostensivo em rodovias, ferrovias e hidrovias federais.
No entanto, o texto deixa claro que a PRF não poderá assumir funções investigativas, que permanecem exclusivas da Polícia Federal e das polícias civis. Além disso, a Polícia Federal terá garantida a atuação em crimes ambientais, milícias e organizações criminosas de alcance interestadual ou internacional.
De acordo com a proposta do ministério, a nova polícia apenas “passará a fazer o policiamento ostensivo em rodovias, ferrovias e hidrovias federais”.
“Para dirimir dúvidas sobre a ampliação das competências PRF, o ministro inseriu no anteprojeto que a corporação, “no desempenho de suas atribuições, não exercerá funções próprias das polícias judiciárias nem procederá à apuração de infrações penais, cuja competência é exclusiva da Polícia Federal e das Polícias Civis”, justificou o ministério.
A princípio, no texto original, a proposta era que a PRF se transformasse na Polícia Ostensiva Federal, mas acabou se adotando o nome Polícia Viária Federal.
Fortalecimento de corregedorias e ouvidorias
Outro destaque é a criação de órgãos de correição autônomos, responsáveis por investigar condutas funcionais de profissionais de segurança pública e defesa social. A proposta também prevê ouvidorias públicas independentes nos três níveis federativos, destinadas a receber denúncias, elogios e sugestões.
Próximos passos
A nova redação da PEC segue agora para análise na Casa Civil antes de ser enviada ao Congresso Nacional. O objetivo, segundo o ministro Lewandowski, é garantir um modelo de segurança pública mais eficiente e descentralizado, atendendo às demandas de estados e municípios, enquanto mantém a coordenação da União.
Com essas mudanças, o governo busca construir um consenso entre as partes e aprovar uma proposta que atenda às complexas demandas da segurança pública no Brasil.

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