23 de setembro de 2024

Avanço de casos de dengue aumenta significativamente o registro de doenças raras provocadas pela infecção

Em pouco mais de três meses, o país registrou mais de 3 milhões de casos. Já é o pior ano da série histórica, que começou em 2000. Avanço de casos de dengue aumenta significativamente o registro de doenças raras provocadas pela infecção
Nas últimas semanas, o país vem acompanhando um avanço alarmante dos casos de dengue. E esse aumento traz um registro significativo de doenças raras provocadas pela infecção.
Cada agente de saúde visita até 30 casas por dia em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. E, mesmo assim, está difícil controlar o mosquito na cidade.
Um quarteirão só e casos de dengue em todas as casas. Tem família em que duas ou mais pessoas ficaram doentes ao mesmo tempo. A cidade tem 140 mil moradores e, segundo a prefeitura, mais de 10% da população procurou uma unidade de saúde com sintomas da doença.
Em pouco mais de três meses, o país registrou mais de 3,1 milhões de casos. Já é o pior ano da série histórica, que começou em 2000. Quase 1,3 mil pessoas morreram.
Segundo os médicos, quanto mais casos, maior o risco de desenvolver complicações raras pela doença, como encefalite, hepatite, síndrome de Guillain Barré – que é quando o próprio sistema imunológico ataca parte do sistema nervoso – e miocardite, uma inflamação no músculo do coração.
Álcool, cravo e óleo de citronela: os repelentes caseiros funcionam contra a dengue?
O técnico em análises clínicas Carlos Antônio Santos quase infartou por causa da miocardite.
“Fiquei três dias no CTI. Fiz o cateterismo, estou tomando os remédios até hoje e vou ter que fazer acompanhamento com cardiologista agora por muito tempo”, conta.
O médico infectologista Estevão Urbano alerta que toda pessoa com sintomas deve procurar atendimento para evitar o risco das complicações raras.
“Ser avaliado por um profissional de saúde, tomar as medidas cabíveis para cada situação clínica e, com isso, reduzir sobremaneira suas chances de evolução para as formas graves e as complicações atípicas e tardias relacionadas a dengue”, diz ele.
Alexandre Naime, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirma que o controle da doença ainda deve demorar.
“Nós vamos ter uma situação nas próximas semanas ainda de um grande número de óbitos que vão ser confirmados, então vamos ter esse platô e talvez nas semanas subsequentes, porque estamos no outono para chegada do inverno, com a diminuição do número de casos, talvez daqui a um mês dois meses, aí sim, a gente vai ver a diminuição também no número de óbitos”, afirma.
LEIA TAMBÉM
Dengue: é possível saber quando a doença terá trégua nos casos?
Wolbachia: bactéria inibe transmissão da dengue e outras doenças ao contaminar Aedes aegypti
Veja os perigos da automedicação em casos de suspeita de dengue

Mais Notícias