19 de outubro de 2024

Ave ‘choró-boi’ faz rara aparição no litoral de SP; FOTO

Registro foi feito por um engenheiro agrônomo durante um passeio para observar pássaros na região do Guaraú, em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Ave foi flagrada em Peruíbe (SP)
Luiz Carlos Balbino
O registro raro da ave choró-boi (Taraba major) foi feito por um engenheiro agrônomo em Peruíbe, no litoral de São Paulo. O animal é encontrado em diversas regiões brasileiras, inclusive ao norte do país, mas é considerado incomum na Baixada Santista. Segundo especialista ouvido pelo g1, a presença inesperada é um sinal de desmatamento.
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O registro foi feito por Luiz Carlos Balbino, de 64 anos, no dia 11 de outubro. Ele e a esposa, que vivem em Brasília, contrataram o serviço da Mochileiros Pousada e Observação de Aves com o objetivo de fotografar diferentes espécies na cidade.
Eles saíram da pousada rumo a diversas áreas do Guaraú, guiados pela observadora Elen Dias, quando a companheira de Luiz notou um pássaro diferente. Tratava-se de uma fêmea do choró-boi.
“Na realidade, havíamos contratado a Elen Dias e o Fábio Barata para nos guiar e fotografar aves da região”, disse. “Saímos naquela manhã para procurar algumas aves que ocorrem na Mata Atlântica, como a Saíra-sapucaia, e nos deparamos com essa fêmea de choró-boi em uma área de mangue”, contou ao g1.
A observadora de aves e guia Elen Dias disse à equipe de reportagem que a esposa de Luiz foi a responsável por levantar a suspeita em relação à espécie. A profissional alertou o casal sobre a ave ser desconhecida na região e, logo, fez a confirmação em sites especializados. “Eu ainda percebi que era um bicho meio perdido”, afirmou Elen.
“Nós ficamos muito felizes e ao mesmo tempo tristes, porque se o bicho está aparecendo é por conta de que seu habitat está sendo degradado”, disse.
A fêmea da espécie tem a plumagem marrom avermelhada, diferentemente dos machos que apresentam pelos negros. Nos dois sexos, destaca-se o vermelho intenso dos olhos da ave.
Raridade
Em consulta a especialistas, como o ornitólogo Bruno Lima, o g1 apurou que a presença da espécie na Baixada Santista não é comum. Ela é normalmente avistada em áreas de Caatinga.
No site Wikiaves, que monitora registros fotográficos de aves de diversas espécies, há somente a imagem de Luiz na cidade de Peruíbe. Tampouco há registros da espécie nas demais cidades da região. De acordo com Bruno Lima, a aparição não é um bom sinal.
“Nem sempre que aparecem espécies novas para um local é motivo de comemoração”, afirmou.
Segundo ele, esta é mais uma espécie que está se aproveitando dos desmatamentos, como o tapicuru (Phimosus infuscatus) e o casaca-de-couro-da-lama (Furnarius figulus), para se espalhar em direção a outras regiões.
O g1 contatou a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo (Semil) para confirmar se existe uma plataforma que registra as aparições de aves no estado, mas a pasta informou que não pode responder a demanda.
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