15 de novembro de 2024

Avô relembra desespero ao ver a neta de 5 anos morrer durante atendimento em ambulatório: ‘Agonizando de dor’

Maria Laura foi levada quatro vezes ao ambulatório em um intervalo de dois dias. Parentes suspeitam que menina teve reação alérgica a medicamento; polícia investiga. Menina de 5 anos morre, e família denuncia negligência de ambulatório
Emocionado, Antônio Damião, avô da pequena Maria Laura, de 5 anos, relembrou o desespero de ver a neta morrer durante o atendimento em um ambulatório de Guapó, na Região Metropolitana de Goiânia. A família da menina acredita que ela teve uma reação alérgica a um medicamento e denuncia negligência do hospital.
“Eu vi minha neta morrendo, agonizando de dor e sem conseguir respirar. Eu não podia fazer nada e eles não estavam nem aí, não faziam nada”, desabafou o avô da menina.
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O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. A menina faleceu no dia 21 deste mês. Em um intervalo de dois dias, ela foi levada quatro vezes ao ambulatório, segundo a família. Desesperado, o avô disse que, antes da neta morrer, rezou e pediu para que Maria Laura o acompanhasse na oração. “Ela só perguntou se o papai do céu iria cuidar dela”, conta.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Guapó lamentou a morte de Maria Laura e afirmou que os profissionais do Ambulatório 24 horas seguiram as medidas previstas nos protocolos clínicos para o caso. Informou ainda que está à disposição das autoridades para esclarecer as causas da morte.
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Desespero
O avô contou que pedia aos médicos para que tomassem providências pela menina, que estava piorando. “A pressão dela foi caindo e, quando a ambulância chegou, eles levaram ela sem aparelho nenhum e nem a máscara, e ela morreu”, contou.
Segundo o avô, o atestado de óbito classificou a morte de Maria Laura como natural, mas para a família, não foi assim.
“É uma dor pior do que perder um pai ou uma mãe. Ver minha neta morrer e não poder fazer nada, sem ninguém fazer nada, foi negligência”, finalizou Antônio.
Maria Laura morreu durante um atendimento em um ambulatório, em Guapó, Goiás
Arquivo pessoal/Suelen Sousa
Primeiros atendimentos
Ao g1, a tia da menina, Suelen Sousa, contou que, na tarde de segunda-feira (19), Maria Laura caiu e machucou o pé durante uma brincadeira. “Ela não reclamou de dor na hora, mas à noite vomitou e, por volta das 21h, a mãe dela a levou ao ambulatório para ver o que era”, relatou.
Segundo a tia, neste primeiro atendimento, o médico receitou soro para a menina e, como ela não estava reclamando de dor no pé, a mandou de volta para casa.
“Durante à noite, ela reclamou de muita dor e estava com o pé inchado e roxo. Pela manhã de terça-feira (20), ela voltou no hospital”, disse.
Aplicação da injeção
Família acredita que Maria Laura teve uma reação alérgica ao remédio aplicado no bumbum – Goiás
Arquivo pessoal/Suelen Sousa
Suelen relatou que, no segundo atendimento, a médica receitou ibuprofeno e dipirona por via oral e pediu para que ela voltasse no dia seguinte para realizar um raio-X do pé. Segundo Suelen, a menina retornou na quarta-feira (21), fez o exame, e a profissional constatou que não havia fratura.
“Como ela estava sentindo muita dor, minha irmã pediu um remédio, e a médica aplicou um remédio no bumbum da Maria”, detalhou a tia.
Ao g1, a família afirmou que a equipe do ambulatório não informou qual remédio seria aplicado e que não teve acesso ao prontuário ou à receita. Além disso, disse que Maria Laura nunca teve reação alérgica a medicamentos e que a médica questionou sobre isso antes da aplicação.
“Ela sempre tomou as coisas e nunca deu nada”, afirmou Jéssica Sousa, mãe da menina.
Suspeita de reação alérgica
Maria Laura morreu durante um atendimento em um ambulatório, em Guapó, Goiás
Arquivo pessoal/Suelen Sousa
Segundo a família, após a aplicação do medicamento no glúteo, a médica deu alta a Maria Laura. “Ela voltou para casa e foi tudo muito rápido. Meia hora depois, ela começou a apresentar erupções no corpo e a perna ficou roxa. Então, minha irmã [mãe da menina] correu de volta ao ambulatório”, relatou Suelen.
Suelen contou que, ao chegar à unidade, Maria Laura foi internada, e as equipes colocaram um aparelho de oxigênio para ajudá-la a respirar. Segundo a tia, os médicos solicitaram a transferência da menina para um hospital em Goiânia, e nesse momento, o avô chegou para acompanhá-la.
“Quando cheguei, minha neta estava na maca tomando soro e com a máscara de oxigênio. Eu falava que ela estava com falta de ar e eles não faziam nada. Ela reclamando de dor e eu sem poder fazer nada. Eu precisava segurar a máscara para o oxigênio não vazar” relatou Antônio.
O g1 questionou a Secretaria de Saúde de Guapó, por mensagens e ligações, sobre qual medicamento foi administrado no glúteo da menina, mas a orientação foi para que falassem com a diretora do ambulatório. Quando questionada, a responsável reafirmou a nota enviada anteriormente e sugeriu que a Polícia Civil fosse consultada.
Investigação
O delegado André Veloso, responsável pela investigação, informou ao g1 que solicitou todas as documentações referentes ao atendimento médico prestado a Maria Laura. Ele também intimou os profissionais que tiveram contato com a criança e, em breve, ouvirá a família da menina.
O delegado acrescentou que foram solicitados exames complementares para determinar a causa da morte da menina. Segundo Veloso, o laudo deve ficar pronto em até 45 dias.
“Está sendo investigado se houve algum tipo de omissão de socorro ou negligência hospitalar”, disse Veloso.
Íntegra da nota da Secretaria Municipal de Saúde
A Secretaria de Saúde lamenta informar o óbito registrado em 21/08/2024 da criança M.L.O.S cinco anos. A criança foi recebida no Ambulatório 24 horas em estado grave, momento em que os profissionais adotaram medidas previstas nos protocolos clínicos para o caso, buscando salvar a vida da criança. Registra-se que toda a equipe agiu sensibilizada, empenhada e comprometida a solucionar o caso.
Por fim a equipe médica, assistencial e de direção do Ambulatório 24 horas encontram – se à disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários a elucidar as causas do óbito, causa essa que será investigada pelo IML. A secretaria de saúde se solidariza com a família nessa momento de dor ressaltando o atendimento imediato para casos graves como esse sempre de acordo com o alto grau de responsabilidade da instituição.
Íntegra da nota da PCGO
Em luto, todos os servidores da Delegacia de Guapó, com os corações profundamente entristecidos, tomaram conhecimento, na noite de ontem, do falecimento da criança M.L.O.S., de apenas 5 anos de idade.
Ressaltamos que, imediatamente, foi confeccionado um Registro de Atendimento Integrado (RAI) N 37409277, sendo logo em seguida solicitadas as perícias médicas legais para apurar a morte de M.L.O.S.
Além disso, a Delegacia de Polícia Civil de Guapó solicitou todas as documentações referentes ao atendimento médico oferecido à criança. Em ato contínuo, estão sendo realizadas diligências para intimar os profissionais que tiveram contato com a criança e todos os familiares.
Visa-se verificar se o atendimento foi de acordo com o previsto pelo Protocolo do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Conselho Federal de Medicina.
A Prefeitura Municipal de Guapó, a Secretaria de Saúde de Guapó e todos os servidores estão colaborando para que, o mais breve possível, tudo seja esclarecido e possamos chegar a uma conclusão e esclarecer o caso perante a sociedade.
Por fim, não temos palavras para expressar nosso pesar e tristeza. Que vocês, familiares e amigos, encontrem paz, conforto e o amor de que precisam nos próximos dias.
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